Isabel II e Harry: uma relação nem sempre clara, que o neto revela agora como era
William e Kate são os principais alvos de Na Sombra, o livro de Harry que ontem chegou às livrarias de dezenas de países. Mas existem muitos outros, dentro e fora da família real, e nem a avó escapa às suas acusações.

"Disse-lhe em voz baixa que esperava que estivesse feliz, que estivesse com o avô. Disse-lhe que admirava ela ter cumprido as suas funções até ao fim. O jubileu, a sessão de boas-vindas a um novo primeiro-ministro." Assim narra Harry, duque de Sussex, o momento em que se despediu de sua avó paterna, a rainha Isabel II, após a morte desta, a 8 de setembro último. O desaparecimento da soberana com o mais longo reinado da História do Reino Unido e os acontecimentos familiares que envolveram o seu funeral marcam o epílogo de Na Sombra, o livro em que o segundo filho do rei Carlos III se propõe contar ao mundo as dificuldades da sua existência no seio da dinastia Windsor.


Embora já fossem conhecidas algumas das farpas que Harry lança a vários membros vivos e mortos da família real (sendo William e Kate os mais visados), não deixa de surpreender que também a rainha Isabel II não deixe de ser atacada, ainda que de forma algo velada e discreta, quatro meses após o seu desaparecimento. Em causa está, antes de mais, a ambiguidade com que, em várias situações, Isabel II terá lidado com Meghan. Ou em que terá pecado mais por omissão do que por ação.
O primeiro caso ocorre ainda durante os preparativos de casamento. A rainha recebe os noivos com bonomia e mostra a sua coleção de tiaras, disponibilizando-se a emprestar uma delas para que Meghan a usasse no grande dia. Tomada a decisão, as semanas que se seguem serão marcadas por uma sucessão de entraves colocados por Angela, uma das camareiras mais antigas de Isabel II. Harry escreve a propósito: "Era evidente que estava a colocar entraves, mas por que razão? Não fazíamos a mínima ideia. Pensei em recorrer à avó, mas isso poderia desencadear um conflito aberto e não sabia que partido a avó tomaria."
Outra situação terá ocorrido num dos regressos dos duques de Sussex a Inglaterra. Harry telefona previamente à avó a perguntar se estaria livre para lanchar com eles. Esta não só se mostrou encantada com a ideia como os convida a pernoitar em Sandringham, onde ela estava. Mas tal não se veio a verificar e a rainha invocou compromissos súbitos. O neto, decepcionado, fica com a sensação de que a avó estaria a ser instrumentalizada por terceiros.


Outra situação descrita no livro está relacionada com as gaffes cometidas por Meghan durante uma viagem em que acompanhou a rainha: "Meg regressou radiante da viagem. Criámos laços, disse-me. Eu e a rainha criámos mesmo laços! (...) Os jornais, porém, classificaram a viagem como um rotundo desastre. Retrataram Meg como uma pessoa mandona, emproada, desconhecedora do protocolo real porque cometeu o erro inconcebível de entrar num carro antes da avó. (...) Durante dias saíram notícias sobre a infração de Meg, a sua falta de classe em geral - a ousadia de não usar chapéu na presença da avó. O Palácio tinha instruído especificamente Meg a não usar chapéu." E conclui: "O Palácio fará um telefonema. Esclarecerá o problema. Não o fez."


Claro que Harry é prudente o bastante para não ir mais longe e trata de esclarecer que defende a monarquia com todas as suas forças: "As minhas emoções são complicadas a este respeito mas a minha posição final não o é. Apoiarei para sempre a minha rainha, a minha comandante suprema das Forças Armadas, a minha avó. Mesmo depois dela partir. O meu problema nunca foi com a monarquia, nem com o conceito de monarquia. Tem sido com a imprensa e com a relação doentia que se tem desenvolvido entre esta e o Palácio. Amo a minha Pátria e amo a minha família e sempre as amarei." Afinal, esclarece, "de acordo com o último estudo a que tive acesso, a monarquia custa ao contribuinte médio o preço de uma cerveja por ano." Não fosse o leitor pensar que mais lhes valia ter uma República.


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