Inchaço e desconforto abdominal? Alimentos a evitar e a privilegiar
Conversámos com Isabel Pedroso Silva, nutricionista e especialista em saúde intestinal, sobre uma questão que atinge tantas de nós, manifestada comummente na forma de obstipação, sensação de "balão" na barriga e flatulência.

"Não me consigo livrar da sensação de barriga inchada. Será normal?" A verdade é que todos já devemos ter sentido algum desconforto a nível abdominal ou intestinal a dada altura, mas saiba que em casos recorrentes, tal não deve ser normalizado.
"Há quem acredite que é normal sofrer com prisão de ventre - não é, mesmo que a pessoa tenha vivido assim durante vários anos", começa por desmistificar Isabel Pedroso Silva, nutricionista especializada em microbiota e saúde intestinal e comportamento alimentar, e criadora da escola Ouve o Teu Corpo, à conversa com a Máxima.

"80% das pessoas que chegam até nós têm algum tipo de desconforto gastrointestinal, desde uma obstipação crónica até a pequenas crises de diarreia, não conseguindo, muitas vezes, perder peso, uma vez que existe um desequilíbrio da microbiota intestinal".

Os sinais de um intestino debilitado são diversos, e nem sempre são de identificação rápida. Entre eles, destacam-se a distensão abdominal, a obstipação, diarreia e flatulência, bastante comuns, mas também podem existir alterações de peso e no padrão de sono, problemas de pele como a acne, fadiga constante, candidíase, alergias e intolerâncias alimentares ou unhas e cabelos quebradiços.

"Inclusive, problemas de má absorção poderão estar na causa dos chamados sugar cravings, os desejos alimentares, particularmente por açúcar." Assim, é importante estarmos atentos a estes avisos que o corpo nos dá, uma vez que podem estar relacionados a condições mais ou menos graves, como infeções gastroentéricas, doenças hepáticas e neurológicas ou obesidade.
Por isso, para uma pessoa que sofre com inchaço abdominal e desconforto abdominal, que para além de pesarem a nível físico, também abalam a autoestima, torna-se impreterível fazer mudanças na sua rotina diária e a nível alimentar, realça. "Desta forma, estamos a trabalhar em todos os pilares para uma boa saúde intestinal, desde as rotinas de sono ao movimento", pilares que a especialista explica no seu curso Guia da Saúde Intestinal.



Alimentos a evitar e privilegiar
Pela relação direta destes problemas com a saúde mental, através do eixo microbiota-intestino-cérebro, mais do que nos concentramos numa dieta alimentar específica, Isabel Pedroso Silva recomenda que o foco esteja nos rituais que realizamos diariamente, como a ingestão de água suficiente e uma rotina de refeições adequada e consistente, composta por mais alimentos frescos em detrimento dos ultraprocessados - "o famoso conselho: descasque mais, desembale menos", refere.
"Dou destaque aos alimentos da dieta mediterrânica: rica em fibras e composta por frutas, hortícolas, azeite, cereais integrais e oleaginosas, e que melhora significativamente os níveis de saúde de qualquer pessoa." Além disso, uma boa saúde intestinal é mais sobre inclusão do que exclusão, alerta a nutricionista. "Não é necessário cortar grupos alimentares, com o risco de fomentar medos e contribuir para défices nutricionais."
A par de uma mastigação apropriada, pausada e consciente, também é essencial a criação de bons hábitos de sono, bem como de momentos de mindfulness ao longo do dia, de modo a sabermos gerir os níveis de stress e ansiedade. Tudo formas de contribuir para o equilíbrio da microbiota. Mas, afinal, o que é e porque é tão importante?
"O nosso trato gastrointestinal é habitado por várias espécies de bactérias que compõem a flora intestinal", explica. "Ela cumpre importantes tarefas metabólicas e imunológicas, e o comprometimento da sua composição pode alterar a homeostase (propriedade de determinados seres vivos de manterem em equilíbrio todas as suas funções) e, consequentemente, afetar a imunidade e contribuir para o aparecimento de condições de saúde e outros sintomas, como a síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn e colite ulcerosa, bem como distúrbios de saúde mental, como a depressão", além das já mencionadas.
O curso online Guia da Saúde Intestinal conta com conhecimentos e técnicas para uma melhor compreensão do funcionamento do intestino, seus problemas e respetivas soluções (disponível para compra apenas durante os meses de verão).
