Bebés e doenças nas creches. "Em Portugal ainda há um uso exagerado de antibióticos e xaropes para a tosse"
Tipo de infeções mais comuns nos primeiros três anos de vida, medidas para minimizar o risco de contágio e o que não fazer quando os nossos mais novos estão doentes. Mariana Capela, pediatra no Hospital Lusíadas Porto, conversa com Máxima.

Nos primeiros três anos de vida os bebés estão especialmente suscetíveis a infeções víricas, com destaque para as doenças causadas por vírus respiratórios. Paralelamente, é também durante esta faixa etária que as crianças começam a frequentar a creche, o que, para alguns pais, pode ser sinónimo de algum desconforto. Afinal, quem quer ver o seu filho doente?
Além dos vírus respiratórios, "são também comuns as gastroenterites", começa por clarificar Mariana Capela, pediatra no Hospital Lusíadas Porto, em conversa com a Máxima, reforçando ainda que nenhuma das enfermindades frequentes são graves, e que a severidade irá sempre depender de vários fatores, como a saúde e idade da criança e da bactéria em si."
Quando os mais novos ficam doentes, ainda são muitas as pessoas a cair no erro de recorrer de imediato a uma medicação mais forte, mesmo quando não é necessário, nota esta médica. "Em Portugal ainda temos um uso exagerado de antibióticos e xaropes para a tosse. A maioria das infeções víricas apenas precisa de medidas de alívio de sintomas e de tempo para resolver", revela. Este é um dos grandes mitos que a comunidade médica tenta combater. "Penso que é necessário investir numa maior literacia em saúde, para dar aos pais ferramentas adequadas nas situações de doença dos filhos."


Outra questão igualmente controversa prende-se com o modo como lidamos com enfermidades contagiosas, como a varicela. Trata-se de uma visão cada vez mais em desuso, mas durante vários anos houve quem acreditasse que mandar as crianças para a escola, sabendo que havia alguém doente, seria uma forma rápida de melhorarem o sistema imunitário. Uma prática com que Mariana Capela discorda veementemente. "Não podemos prevenir em absoluto os episódios de doença. O mesmo não significa que devam ser procuradas! Por esse motivo existe uma lista de doenças de evicção escolar obrigatória, entre as quais se encontra a varicela."
Não podendo ser evitadas, como minimizar o risco de infeções na creche? "As regras de higiene respiratória e a lavagem das mãos são medidas simples, mas eficazes, que devemos tentar que as crianças e os funcionários das escolas cumpram", explica. "As crianças mais velhas terão habitualmente mais defesas, mas não estão livres do contágio!"

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