Quer ter uns bons dentes? Não lhes faça isto
Lava os dentes com uma pasta de carvão ativado ou consome bebidas energéticas regularmente? São duas inimigas no que toca à longevidade da dentição. Descubra mais.
Dentes direitos, visíveis, com a quantidade exata de gengiva e, acima de tudo, brancos, muito brancos, como se fosse porcelana a brilhar, tal como os galãs dos desenhos animados. Foram feitos estudos que mostram que o aspeto dos dentes - e a sua cor - muda a perceção que temos de uma pessoa, condicionando até oportunidades de trabalho. A onda de dentes perfeitos que vemos na televisão e redes sociais tem sido generalizada com a popularização dos veneers, ou facetas, em português.
Este procedimento estético consiste em limar os dentes o suficiente para ser possível aplicar uma nova capa em resina fotopolimerizável ou porcelana, fabricados com qualquer formato, cor e tamanho. Com a devida manutenção e cuidado, as facetas dentárias podem durar até 20 anos. Já é raro ver celebridades com os dentes abaixo de perfeitos, pela dissimulação deste procedimento. Relembremos os dentes ligeiramente tortos de Miley Cyrus, Scarlett Johansson ou Victoria Beckham que lhes conferiam uma certa inocência adolescente ou o ar de estrela prestes a rebentar como Cristiano Ronaldo. Até a pequena falha entre os dentes do meio de Zac Efron foi aniquilada por veneers.
A personalidade e carisma que a imperfeição confere foi substituída por peças de porcelana perfeitas, causando estranheza em qualquer filme de época. Um dentista enumerou à Allure quantos dos presentes nos Globos de Ouro tinham os seus dentes naturais. De acordo com a sua contagem, apenas 20% mantinham a sua dentadura original.
Os dentes são compostos por três camadas. Mais profundamente surge o nervo, seguido da dentina, com uma cor amarelada, e, por fim, o esmalte. A espessura e cor de cada um destes componentes é da responsabilidade da genética e, por exemplo, alguém que tenha um esmalte mais grosso e dentina mais clara irá ter um sorriso mais luminoso, ao contrário de alguém com uma dentina mais escura e esmalte mais fino que resulta num sorriso mais amarelado.
A cor naturalmente amarelada pode ser agravada pelo processo de envelhecimento natural; o consumo de tabaco, café, chá, refrigerantes, vinho tinto e frutas pigmentadas, como os frutos vermelhos (se mancha a roupa irá naturalmente manchar os dentes) e alimentos acídicos; acumulação de placa bacteriana e tártaro; ingestão de fluor a mais aquando da formação dos dentes; certos tratamentos com antibióticos tetracíclicos na infância ou por mães grávidas, afetando a formação dentária do bebé; lesão nos dentes e, naturalmente, falta de higiene oral. No entanto, a cor dos dentes não determina necessariamente a higiene oral (ou falta dela).
Os imensos tratamentos publicitados como meio de atingir o sorriso mais branco estão, simplesmente, a remover as manchas acumuladas ao longo dos anos, revelando o tom dos dentes original. Esse tom determinado à nascença é irreversível e os dentistas alertam até para o perigo dos branqueamentos fazerem mais mal que bem.
Online, sugestões como a utilização de casca de limão ou laranja e até vinagre podem causar sensibilidade dentária e afetar a higiene oral pelo seu teor acídico, especialmente se algum dos dentes estiver rachado ou se ranger os dentes. Algumas pastas de dentes, como é o caso das de carvão ativado ou com cristais, podem-se até tornar contraproducentes. O seu caráter abrasivo pode danificar o esmalte dos dentes, resultando, em última instância, numa dentina mais exposta. Relembro que a dentina é o que confere o tom amarelo aos dentes. Sugestões de como branquear em casa que envolvam carvão, bicarbonato de sódio ou sal, bem como o branqueamento excessivo dos dentes, podem ter o mesmo efeito, por também enfraquecerem o esmalte a longo prazo. Não se recomendam.
A resposta para o porquê de os dentes estarem amarelos é, então, simples. Os dentes são amarelos, todos são, e o tom de branco atingido pela porcelana não é atingível por dentes naturais. A solução não será colocar veneers, mas sim compreender a inatingibilidade e aceitar o tom amarelado que os nossos pais nos deram.