Como reduzir o stress em 8 semanas
O Museu do Oriente ensina a reduzir o stress através de um curso online de mindfulness.
"Alexandra a sentir-se entusiasmada." "Tiago com Catarina no Hawai." "Maria adicionou duas novas fotos – álbum Família em Festa." "António está agora em direto." Existe nas redes sociais uma espécie de acordo implícito de otimismo que fomenta a partilha de sucessos e likes e desencoraja o lamento dos ‘grus-mal-dispostos’ subtilmente ‘convidados’ a ir espalhar pessimismo para outro lado. A verdade é que a pressão do smile é tão forte que mesmo no gabinete de psicoterapia há quem se sinta envergonhado por não estar nos seus melhores dias. "Desculpe por estar a ser tão negativo", comentou um paciente ao especialista americano Tory Rodriguez, durante uma sessão de psicoterapia que tem precisamente como objetivo expressar todas as emoções, segundo explica o psicoterapeuta no Scientific American Mind, num artigo a que deu o título Emoções Negativas são Chave para o Bem-Estar.
Como assim? O bem-estar é definido por um sentimento de satisfação com a vida que está associado à presença de emoções positivas e ausência de emoções negativas. E há estudos sobre o otimismo que nos motivam a ser autênticos Indiana Jones em busca do cálice sagrado: uma atitude otimista aumenta a produtividade, diminui a pressão arterial, reforça o sistema imunitário e até pode prevenir gripes, de acordo com a literatura. Nas prateleiras das livrarias, as capas em destaque realçam títulos como "aprenda a ser feliz" ou "dicas para pensar positivo". Tudo parece estar a favor de uma cultura cor-de-rosa e esquecemo-nos de que esta nem é válida para todos nem sequer é válida ao extremo. Catarina Rivero, psicóloga clínica, tem uma pós-graduação em Psicologia Positiva e é autora do livro Positiva-Mente. Diz-nos que, positivas ou negativas, "todas as emoções fazem parte do nosso reportório emocional e muitas vezes as emoções negativas podem ser adaptativas (como será o exemplo de uma situação de luto)".
Catarina reconhece que "algumas pessoas podem entrar em negação das emoções negativas ou mesmo em evitamento. Todavia, as situações têm de ser vividas". A psicóloga clínica fala da importância de encarar todas as emoções, fazendo parte do caminho para identificar "as estratégias para lidar consigo próprio e com a realidade envolvente. É a partir destes processos que se poderá ter um maior equilíbrio emocional e relacional", conta.
Equilíbrio emocional. E assim começa a lista de pro-emoções negativas. Fernando António Magalhães, psicólogo clínico e psicoterapeuta, no Porto, chama-nos a atenção para mais um ‘detalhe’: "O estar negativo favorece um pensamento analítico, importante em muitas situações." Em contexto de trabalho, por exemplo, investigadores referem que os pessimistas tendem a sobrestimar a possibilidade de fracasso. O que faz com que muitas vezes trabalhem mais e estejam mais bem preparados. Numa comunidade de idosos, um grupo de investigadores (entre eles, Seligman, um dos pioneiros da psicologiapositiva) verificou que os pessimistas eram menos propensos a sofrer de depressão após experienciar um momento negativo (como a perda de um amigo) do que os otimistas. Talvez porque estariam mentalmente mais preparados para a situação, avança-se como possibilidade.
Alegria sim, mas não a qualquer custo, alertam investigadores como Adler: "Lembre-se que uma das principais razões pelas quais temos emoções é porque, em primeiro lugar, elas ajudam-nos a avaliar as experiências." Fernando António Magalhães acrescenta mais uma pista útil: por exemplo, "a tristeza pode indicar necessidades psicológicas que não estão a ser satisfeitas ou alertar para coisas que precisam de ser alteradas, como relaxar do stress ou melhorar o apoio social". Os maus sentimentos surgem assim como indícios e alertas úteis. E têm vantagens associadas: "A tristeza leva-nos a evitar ações que conduzam a futuras perdas; chorar cria empatia e outros tipos de comportamento de conforto que ajudam a fortalecer laços entre as pessoas", destacam investigadores da Associação de Psicologia Japonesa, em artigo científico.
Não há pretensões de fazer odes ou prestar homenagem aos pensamentos negativos. O que se pretende – ou o que pretendem especialistas como Christopher Peterson, da Universidade de Michigan, EUA – é encontrar os pontos positivos e negativos em cada perspetiva, e por isso distinguem também o otimismo realista, que espera o melhor enquanto permanece sintonizado com potenciais ameaças, do otimismo irrealista que ignora tais ameaças.
Moral da história: os pensamentos negativos existem. E não vale a pena escondê-los porque… a verdade vem sempre ao de cima: na sequência dos estudos que sugerem que o evitar de emoções negativas conduz ao overeating emocional, um grupo de investigadores de uma Universidade de Sydney pediu a um grupo de participantes que suprimissem um pensamento indesejado, ao contrário do outro grupo que não recebeu qualquer indicação nesse sentido. Aqueles que tentaram abafar o pensamento negativo… acabaram por sonhar mais com o tema.
O psicólogo clínico Fernando António Magalhães reforça a ideia: "A aceitação da ansiedade é crucial! Em geral, nós queremos lutar ou evitar as emoções negativas, mas curiosamente, quando desistimos da ideia de controlar a emoção, é que ficamos com maior ‘controlo’ da emoção. Está a aceitar emoções negativas quando não estiver a lutar, batalhar, esmagar, tentar contrariar, pressionar ou a atacar essas emoções. Quanto mais conseguir deixar a ansiedade chegar, por exemplo pela prática do mindfulness, mais ela vai desaparecer. A aceitação e pacificação têm muito poder. Quanto menos atenção prestar às emoções negativas, menos poder elas vão ter."
O mau faz parte do bom
"Numa situação de equilíbrio emocional, conseguimos apreciar o bom e especial, mas também conseguimos viver os momentos de tristeza sem desmoronar", conta a psicóloga Catarina Rivero. "Pode haver alturas em que as emoções negativas se mantêm dominantes e durante um período longo. Pode ser tempo de recorrer à psicoterapia de forma a melhor compreender e ativar recursos internos no sentido de recuperar um equilíbrio e mais bem-estar."
Como gerir emoções?
O psicólogo Fernando António Magalhães explica que gerir emoções implica passar pelas seguintes fases:
Como aceitar emoções como a ansiedade?
Como aceitar emoções como a ansiedade?