Luma Grothe, a nova musa da beleza. "Queria ser cientista, bailarina e estrela de rock"
Aos 27 anos, a modelo brasileira que já viveu em Portugal cativa pela beleza estonteante e pela atitude assertiva. Ativista e feminista, tem um lado artístico que se evidencia no seu trabalho na moda e na beleza.
Nasceu no Brasil mas tornou-se modelo em Londres, onde aprendeu tudo sobre o fascinante mundo das passerelles. Aos 27 anos, Luma Grothe é um dos nomes mais requisitadas da sua geração, no Brasil e na Europa, e até já viveu na Ericeira, onde tem uma casa que em tempos dividiu com Nick Youngquest, agora ex-namorado, e também modelo. Desde 2015 que Luma é rosto da Paco Rabanne, quando fez a campanha de estreia do perfume Olympéa. Com a chegada do novo Olympéa Blossom, a modelo brasileira fala à Máxima sobre Beleza, sonhos, feminismo e ambições profissionais.
Se tivesse que definir-se em três palavras, que palavras escolheria?

Honesta, criativa e agradável.
Quando era pequena, como imaginava que iría ser quando crescesse?
Quando era pequena, pensava que iria ser cientista, bailarina e estrela de rock, tudo ao mesmo tempo! Queria trabalhar na NASA ou viver no Hawai. Nunca me imaginei em Paris, a envolver-me em projetos à volta do femininismo, a trabalhar como modelo e a ter aulas de representação.

Mas ainda que não seja nada do que tenha pensado, tenho muito orgulho em tudo o que se tem passado na minha vida e na mulher que me tornei.

Lembra-se do momento em que tudo mudou?

Não tenho a certeza de ter havido um momento concreto... quando era pequena, sonhava com o impossível, queria fazer tudo! Com o decorrer do tempo, a vida levou-me por um determinado caminho e eu deixei-me ir. Sempre fui uma criança feliz que seguiu a sua intuição.
Que conselho gostaria de ter recebido, no início da sua carreira como modelo?
Quando era criança, teria gostado que me tivessem dito que para ser modelo não basta apenas ter um rosto bonito; temos uma voz e devemos fazê-la ouvir-se. Se realmente queremos servir de exemplo para os outros, devemos fazer com o que a nossa voz seja ouvida, o aspeto exterior não é a única coisa que importa. Também teria gostado que alguém me tivesse explicado o poder enorme por trás dos nossos pensamentos e de como manifestar o que queremos através deles.

Onde se vê nos próximos cinco anos?
Nos próximos cinco anos, vou continuar a fazer aquilo que me apaixona, que é basicamente o que estou a fazer agora – porque me faz muito feliz. Tenho uma vida muito equilibrada, neste momento, sinto-me muito conectada comigo própria e com aqueles que me rodeiam, estou a criar obras de arte... Na verdade, tenho um sonho para os próximos cinco anos: terminar uma série de curtas-metragens feministas. Comecei a estudar escrita de guiões, interpretação e realização. Adoro escrever curtas-metragens. Quero ser uma inspiração na luta pela igualdade.
Começou a frequentar aulas de representação, o que está a aprender sobre si?

A representação ensinou-me a viver cada instante com sinceridade, a estar presente em cada momento e a ouvir os outros. Na vida do dia a dia, muitas vezes não nos escutamos uns aos outros, apenas pensamos no que vamos dizer a seguir. Representar faz-nos estar presentes e ajuda-nos a tornarmo-nos em pessoas melhor. A representação ensinou-me muito sobre mim própria, descobri partes de mim que nem sabia que existiam…

Que parte de si própria descobriu com a representação?

Sou muito mais sensível do que pensava. Sempre pensei que era um espírito livre, divertido e que seria capaz de deixar tudo rapidamente para trás… Não me importava que alguém me partisse o coração! Mas não é nada assim. Dei-me conta que sou muito, muito sensível… Sou muito humana neste sentido.
O que faz quando tem um dia menos positivo?
Quando tenho um dia mau, acendo uma vela e tomo um banho, porque a água, e sobretudo o som da água, ajuda-me a pensar. Respiro fundo e conecto-me... Muita gente não entende mas conecto-me com a deusa que tenho no meu interior. A deusa que temos dentro de nós é aquela que sabe sempre que tudo estará bem quando procuramos respostas no nosso interior. Todos temos um deus ou uma deusa dentro de nós!
A sua relação com Paco Rabanne começa em 2015, com o lançamento de Olympéa. Como foi esta viagem?
Na verdade, começou em 2014! Às vezes, até me emociono ao pensar nisso pois era muito jovem e extremamente tímida. Paco Rabanne representa um fase muito importante no meu caminho em direção à feminilidade. Ser rosto do perfume Olympéa permitiu-me encontrar esta deusa dentro de mim e ajudou-me a converter-me numa mulher muito poderosa, segura de mim própria, que se conhece e que tem muito claro o que quer para si própria... Foi uma viagem incrível que realmente condicionou a mulher na qual me tornei.

Como vê a mulher Paco Rabanne e o que têm em comum?
A mulher Paco Rabanne é uma mulher sempre à frente do seu tempo. Nos anos 60, Paco Rabanne vestia as mulheres de guerreiras e deusas porque era isso mesmo que elas eram. Paco Rabanne viu isso antes que a sociedade pudesse entendê-lo, antes que o mundo compreendesse como somos belas e fortes. Hoje posso afirmar que temos muito em comum porque definitivamente converti-me na mulher Paco Rabanne, uma mulher avançada no seu tempo.
Como descreveria a mulher Olympéa Blossom?
A mulher Olympéa Blossom é uma mulher generosa, muito segura de si própria e que se sente feliz e confortável com a pessoa que é. É o tipo de mulher com a qual queremos estar porque tem uma energia contagiante!
Lembra-se do momento em que sentiu estar a tornar-se numa mulher?
Creio que houve muitos momentos em que senti isso mas o primeiro de todos foi o dia em que decidi abandonar a minha cidade natal e partir à descoberta do mundo. Tinha 15 anos e pedi aos meus pais que assinassem uma carta de emancipação porque queria ser modelo e viajar pelo planeta. Precisei de muita coragem e muita força para dar esse passo mas sem dúvida que nesse momento, foi quando floresci como mulher.

Quais as mulheres que mais a inspiraram e que a ajudaram a florescer?
As minhas irmãs e a minha mãe. Estiveram sempre ao meu lado e deram-me o amor que eu necessitei para seguir em frente. Fora do meu círculo familiar, Jane Fonda é a mulher que mais me inspira. Sou fã dela! O trabalho dela inspira-me, assim como o seu ativismo, a sua arte… é um modelo a seguir.
Ligar-se a outras mulheres é uma parte importante da sua vida?
Sim, é muito importante. Adoro a conexão que estabelecemos com outras mulheres, somos como que uma irmandade. Gosto de ouvir histórias sobre mulheres e de partilhar ideias sobre empoderamento.
Juntas, as mulheres são muito mais fortes. Já sabemos que uma mulher sozinha é capaz de fazer muitas mudanças mas… Centenas de mulheres juntas? Juntas, conectadas, somos imparáveis.
Manifestou-se muito claramente no que diz respeito ao seu ativismo e feminismo e usa a sua influência para fazer chegar uma mensagem de empoderamento a mulheres de todo o mundo. Que importância tem para si?
O ativismo feminista é a minha missão de vida! É algo pessoal, mas creio que é importante contar a minha história: cresci no seio de uma família muito patriarcal, na qual os homens sempre tiveram a última palavra, apesar das mulheres da família serem extremamente inteligentes, liam muito, estudavam, pesquisavam... O facto de não nos termos conseguido fazer-nos ouvir teve muitas implicações ao longo da nossa vida.
Na minha opinião, o mundo deve ser um pouco mais equitativo e justo para as mulheres. Temos muito poder e muita capacidade de resiliência. Se tivermos mais igualdade na sociedade, veremos mais mulheres no Governo e a ocuparem cargos importantes.
Trabalhar como modelo teve influência no seu ativismo?
Totalmente! No trabalho, tento que não haja um ambiente competitivo entre as mulheres. Trago muito este tema para "cima da mesa" e asseguro-me que nos empoderamos umas às outras. Creio que já vamos muito tarde, em comparação com os homens. Sabemos que os cargos importantes nas empresas são ocupados principalmente por homens; por isso, não devemos perder tempo a competir entre nós. Devemos estar unidas.

A nova fragrância Olympéa Blossom tem um quê de chipre floral, e é a primeira da gama Olympéa com toques de rosa turca e notas orientais. O que acha deste aroma?
Adoro este perfume novo, é muito agradável. As notas orientais deixam um toque sensual na pele, quase como se estivesse ao sol. Adoro esta sensação alegre e fresca da rosa, uso-o muito.
Qual a sua relação com o seu perfume? Onde, quando e como o aplica?
Uso perfume sempre! Até quando vou dormir. Aplico junto ao peito, antes de me deitar e faz-me sentir feliz. Respirar um aroma agradável ajuda-me a ter sonhos agradáveis! As pessoas recordam-se de nós através do perfume que usamos, tenho muitas memórias vinculadas a perfumes, por isso uso muito.
Tem algum segredo de beleza que queira partilhar?
Ultimamente tenho-me dado conta que o melhor cuidado de beleza que devemos ter é cuidarmos de nós, de dentro para fora. Beber un shot de gengibre ou de curcuma, por exemplo, ou tomar alimentos que tenham propriedades anti-inflamatórias, ajudam à regeneração da pele e do corpo. Seguirmos um regime de alimentação cuidado é a melhor forma de cuidarmos de nós próprios.
