Foi num minúsculo laboratório em Talavera de la Reina, Espanha, que nasceu a Mi Rebotica, uma pequena marca de cosmética "de verdade", começou por dizer Estibalíz Lancha, farmacêutica e fundadora da marca, em entrevista à Máxima. A ideia surgiu "da necessidade de poder ajudar os meus pacientes, ainda na minha antiga farmácia. Estava cansada de atender clientes que voltavam, dizendo que o cosmético vendido não tinha surtido os resultados esperados. Como tal, comecei eu mesma a criar fórmulas para os meus pacientes, adaptando cada uma às suas necessidades", diz. "De um dia para o outro, precisava de um espaço onde pudesse oferecer artigos com formulação magistral".


Mas o que são ao certo, estes produtos, baseados nesta formulação? Tratam-se de produtos cujas fórmulas são preparadas por farmacêuticos que seguem uma receita de acordo com a doença diagnosticada. Diferenciam-se não só pela sua qualidade - elevada concentração em princípios ativos e pobre em excipientes (substâncias que existem nos medicamentos) - mas também pela sua eficácia real. Num alinhar de forças entre ciência e perícia, era essencial que Estibalíz acertasse nas doses exatas dos ingredientes, pois só assim conseguiria criar remédios que respondessem às preocupações de quem a procurava. "É um processo exaustivo, uma vez que requer muito tempo de investigação para que se descubra a combinação perfeita entre princípios ativos e aditivos, bem como a realização de testes. Não queremos criar algo que não funcione, pois o nosso objetivo é resolver problemas", afirma.

No fundo, é um resgate da tradição farmacêutica, perdida no tempo, dado que "nem todos sabemos que antigamente existiam salas nas farmácias onde o médico e o farmacêutico se reuniam para fazer um diagnóstico específico", conta a empresária, e que até o próprio conceito de botica - o estabelecimento onde se preparam e vendem remédios - foi esquecido em alguns países.


Há dez anos no mercado, a marca vegan e amiga do ambiente expande agora os seus horizontes a esta ponta da Península Ibérica. E com sete linhas de cuidado disponíveis, de geriátrica a bem-estar, concorre ao título de "paraíso na Terra" no que toca a produtos faciais, corporais e capilares, vendendo inclusive velas para a casa. Os frascos e embalagens, pensados ao promenor, são outro ponto que distingue a Mi Rebotica num mar de marcas de beleza. Os rótulos vintage captam logo o olhar. As encomendas são preparadas à mão, entregues em caixas com elementos botânicos e perfumadas com aroma a morango.




Contudo, a jornada até ao sucesso não foi fácil, nem simples. "A criação de um cosmético é um grande desafio. Não só devido aos regulamentos, mas também porque o processo de produção de cosmética sustentável está a tornar-se cada vez mais complicado". Para a marca, uma das maiores dificuldades foi a criação da linha despigmentante, a par da paleta de maquilhagem. "Queríamos que a própria embalagem fosse sustentável e reciclável, daí fazê-la em cartão, e queríamos que pigmentasse bem e fosse adequada a todos os tipos de pele", recorda.

Por fim, seria inadmissível não mencionar a peripécia que foi criar o icónico champô com extrato de cebola, um best-seller. A ideia pouco usual veio da filha de Estibalíz, que viu nas redes sociais influencers a juntar o alimento ao champô, afirmando que a mistura fazia o cabelo crescer mais depressa. Uma vez provada a teoria, o único problema foi retirar o cheio forte, mas a ciência saiu vencedora.



