Afinal também devemos fazer uma lista de ingratidão? Este psiquiatra diz que sim
Ao que parece, passar os pensamentos menos "bonitos" para o papel tem as suas vantagens, explicam os especialistas.

Por vezes, olharmos os problemas de um ponto de vista "feliz" nem sempre é algo bom e produtivo. A sério. Sentirmo-nos gratos por tudo o que alcançámos até à data é importante, mas ser-se positivo nem sempre é a solução. É o que diz Jodie Cariss, terapeuta, ao site da revista Vogue. "As listas de ingratidão estão relacionadas com a teoria psiquiatra suíça de Carl Jung sobre tornar o nosso inconsciente, consciente. Trata-se de trazer para a luz toda a dor, sofrimento ou raiva que normalmente enterramos. Daí, essas emoções podem ser observadas, validadas e libertadas", explicou Cariss.
Como o nome indica, as listas de ingratidão são exatamente o oposto das de gratidão, onde o positivismo é praticamente obrigatório. Invés, a ideia aqui é escrevermos sobre problemas cotidianos, sobre temas que nos aborreceram ou ainda aborrecem. Enfim, todas as emoções e coisas ditas negativas que suprimimos diariamente. "Somos sempre encorajados a sentirmo-nos gratos, bondosos e altruístas – todos traços valiosos – mas isso deixa pouco espaço para sentimentos naturais de raiva, angústia, frustração e ciúmes que todos experienciamos. É preciso processar estas emoções difíceis", argumentou a terapeuta. As listas "libertam-nos da culpa à medida que escolhemos assumir as nossas emoções. Face a elas, somos frequentemente vítimas, juízes e carrascos ao mesmo tempo", afirmou Gérar Tixier, psiquiatra, em entrevista ao site da revista Madame Fígaro. "Condenamo-nos por falhas ou erros, e por vezes castigamo-nos até à autodestruição."
O método é simples. Após escrever a lista, deve lê-la e dividi-la em duas partes – as coisas que pode controlar e as que não pode. O nosso foco deve estar principalmente na primeira metade, no que podemos efetivamente mudar, e fazer "as pazes" com os restantes pontos. "Escrever tira a energia a estes sentimentos", explicou Cariss. Tixier recomenda ainda uma terceira parte, na qual poderá apontar as questões que surgiram das suas queixas e tormentos. De um modo similar, devemos concentrarmo-nos nas questões boas, ou seja, aquelas que advêm dos nossos comportamento e ações e que, por consequência, temos poder sobre.
Um segundo método possível, de acordo com Anne-Laure Buffet, também terapeuta, é passar para o papel todos os pensamentos e ordená-los em duas colunas: uma para o que sente e outra para as ações que a incomodam. Embora os problemas não desapareçam (a não ser que saiba magia), é crucial identificá-los e arranjar métodos para lidar com eles. É uma autoaceitação radical, como Carris disse à Vogue. "Quanto menos fingirmos que as emoções não estão lá, menos poder têm sobre as nossas vidas."

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