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Gaspar Varela e Inês Pires Tavares: "Eu conheci-o no dia do aniversário dele... Oh Meu Deus, não vou dizer que idade ele tinha!"

Fomos voyeurs, imortalizámos o amor alheio. Depois da pandemia, num mundo assumidamente individualista, que lugar têm as ambições pessoais numa relação amorosa? Quatro casais contam-nos as suas histórias de amor no século XXI.

Foto: Andy Dyo
15 de dezembro de 2023 às 07:00 Tiago Manaia

Factos. No dia 18 de outubro de 2023, a proteção civil lançou um alerta laranja (o segundo mais grave numa escala de três) para oito zonas de Portugal. Ventos fortes, chuvas torrenciais e risco de cheias. Por momentos a sessão que juntava os protagonistas deste editorial esteve para ser anulada. As ruas da capital encheram-se de água, andaimes que cobriam as fachadas das obras ameaçaram soltar-se, algumas árvores voaram. Foi nesta energia que conhecemos os protagonistas destas imagens. É costume evocar-se a bonança depois de uma tempestade, só que Lisboa parece não querer parar. Mais elétrica e engarrafada que nunca, promete continuar a crescer no tamanho das linhas de metro que agora se constroem e deixam as ruas com alcatrão aberto. A tempestade parece ter ativado a procura de boémia na fauna do centro da cidade, como se a vontade de novos encontros, antes de um possível mergulho no inverno, gritasse aos lisboetas e seus aliados internacionais que depois da tempestade… há uma possibilidade de amor.

Foto: Andy Dyo

Gaspar Varela e Inês Pires Tavares

Há gargalhadas antes de começarmos a falar. Gaspar conta piadas, olha para o relógio. Depois de conversar connosco terá de correr para uma casa de fados em Alfama onde vai fazer uma perninha. Inês quer contar-nos como se conheceram. "Se calhar é melhor ser eu", ri Gaspar. Mas a atriz diz-se capaz de fintar a timidez, um traço de personalidade seu muitas vezes paralisante.

Foto: Andy Dyo

– "Eu conheci-o no dia do aniversário dele... Oh Meu Deus, não vou dizer que idade ele tinha (risos)... Eu tinha 17 anos e o Gaspar fazia 15, foi em setembro de 2018, no primeiro dia de aulas na EPI." Gaspar acabara de entrar no primeiro ano da escola em Produção Musical, Inês estava no terceiro ano de Interpretação para ser atriz. "Eu era bicho do mato. Tinha muita vergonha, muito medo de qualquer tipo de relação amorosa. E os rapazes, para mim, eram um problema, porque eu até podia mostrar interesse, mas ficava do meu lado. Era tipo, agora vou congelar, não fales comigo, não me toques, não faças perguntas, eu não quero responder."

A longa amizade só se transformou em namoro há ano e meio. As carreiras profissionais de ambos foram dando sinais de promessa, os projetos multiplicaram-se. 

Gaspar atravessou mundo quando foi escolhido, em 2019, como guitarrista principal de Madame X, a digressão de Madonna com sonoridades inspiradas em Lisboa. Criou depois o projeto musical Expresso Transatlântico com o irmão Sebastião e o amigo Rafael Matos, o primeiro álbum Ressaca Bailada chegou há um mês às plataformas digitais. Tem também andado na estrada com Ana Moura. 

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Quatro casais, quatro histórias de amor

Inês, para além de ser atriz canta, tem uma voz poderosa e emotiva, deu que falar quando participou no concurso Got Talent. Entrou no inesquecível filme franco-português L’enfant e tem feito séries e telenovelas na SIC. 

Ao longo da sessão, a dificuldade de arranjar casa em Lisboa para que possam ter uma vida em comum, é evocada pelo jovem casal. Afetados também pela crise de habitação e a especulação imobiliária de rendas absurdas que se apoderou das principais cidades do País. "Neste momento é impossível", diz Gaspar, "estamos em Portugal isto não anda para a frente, ou pelo menos não para nós". A instabilidade das profissões de ambos é evocada, "já temos a nossa independência, e é uma frustração, porque estamos sempre a trabalhar, sempre a querer fazer coisas e sempre a querer superar-nos. E no fim o que é que isso nos traz?" pergunta Inês.

Foto: Andy Dyo

Gaspar é idealista, há força no seu olhar. Ainda que a crise habitacional pareça instigar individualidade, evoca a necessidade de contrariar o momento com gestos de união: "Se o pessoal não está junto agora, então quando?"

Perguntamos, "o que faria por amor?"  – "Eu sou lisboeta e não estou pronto para sair de Lisboa, mas... Por amor, se isto não mudar dentro de dois anos, posso considerar o facto de ter de ir viver para o Montijo... Mas é só considerar." Inês ri sem parar, cresceu na Margem Sul. "Não acredito que ele acabou de dizer isto."

Créditos

Realização de Ruben de Sá Osório

Fotografia de Andy Dyo

Maquilhagem e Cabelos: Beatriz Texugo

Estúdio: Playground

*Artigo originalmente publicado na revista que celebra os 35º anos da Máxima.

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