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A metamorfose de Isabela Figueiredo

"Meti na cabeça a ideia de me retratar nua quando um ex-namorado pintor o combinou comigo. Fantasiei sobre o assunto, na juventude, mas acabou por nunca se concretizar. Queria ver o meu corpo enquanto objeto de desejo." Leia o testemunho da escritora na Máxima que está nas bancas.

Foto: Paulo Sérgio BEJU
20 de novembro de 2023 Isabela Figueiredo

"Estas fotos foram tiradas em junho de 2011, seis meses após a cirurgia bariátrica. Eu já tinha perdido muito peso.

O lugar escolhido pelo Paulo Sérgio BEJu chama-se Levada do Alecrim. Na sua Madre, leito de uma ribeira, existe a Queda da Dona Beija. Foi acima da queda de água que fizemos as fotografias. Lembro-me dessa tarde. Estava sol e calor, mas a água gelava. O odor a ervas e seivas da ilha da Madeira, a pedra aquecida pelo sol, dor, força e esperança, minha e do fotógrafo, em conjura implícita, enchiam o lugar.

Não senti vergonha de me despir frente ao Paulo Sérgio, que conhecia mal. Talvez me tivesse preparado para esse momento ou talvez fosse só a minha velha determinação. Despi-me sem medo. Fui seguindo as suas indicações, como é normal numa sessão desta natureza. Baixa-te. Encosta-te à pedra. Deixa-te flutuar. Levanta a cabeça. Deixei-me ir. O que é que tenho a perder? Sejamos honestos: protegida a alma, o que é que cada um de nós tem a perder?"

Para ler na Máxima 35º anos, nas bancas.

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