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Maria Callas. Uma vida de paixão e tragédia - as histórias dos desgostos amorosos

No ano em que se assinala o centenário do nascimento da soprano Maria Callas, não faltam acontecimentos para celebrar o seu legado. O romance biográfico "Maria Callas - a Voz da Paixão" relembra a diva, mas também a mulher frágil e dedicada.

Foto: Getty Images
20 de setembro de 2023 Maria João Martins

Era uma mulher enamorada a Maria Callas que, em março de 1958, chegou a Lisboa, toda ela glamour, para protagonizar "La Traviata", no Teatro Nacional de São Carlos. Menos de um ano antes conhecera o armador grego Aristoteles Onassis e o seu mundo foi abalado pela desmesura de sentimentos que eram novos para ela. 

Maria Callas, protagonizou a ópera
Maria Callas, protagonizou a ópera "La Traviata" no Teatro Nacional de São Carlos, em 1958. Foto: Getty Images

Aos 34 anos, a soprano mais idolatrada e famosa do mundo estava exausta, sentia que a voz lhe faltava, mas nem o público, nem o seu marido e empresário, Meneghini, lhe permitem o luxo de um repouso. No limite das forças físicas e emocionais, Callas deixa-se seduzir. Em breve, com uma paixão digna de Tosca e Madame Butterfly, entregar-se-á a Onassis de forma total e avassaladora. Esta é a história real, mas de contornos quase operáticos, que a escritora alemã Michelle Marly (autora do bestseller Mademoiselle Chanel e o Perfume do Amor) nos conta no romance, agora publicado em Portugal, Maria Callas - a Voz da Paixão (edição Planeta). 

Maria Callas,
Maria Callas, "A voz da paixão" por Michelle Marly. Foto: DR

Os dois conheceram-se numa festa em Veneza, dada por Elsa Maxwell, a muito poderosa colunista de Hollywood, e, como escreve a autora, Maria Callas surpreendeu-se com o efeito nela produzido pelo armador grego, aos 40 anos, um dos homens mais ricos do mundo: "Ao vê-lo ao longe, rodeado de homens e mulheres que o queriam conhecer, constatou que as fotos não lhe faziam justiça. O homem de negócios da Ásia Menor, excecionalmente bem sucedido, era mais baixo, mas muito mais atraente do que havia imaginado. Além de que envergava o smoking com a elegância do próprio Cary Grant em pessoa." Onassis começou a cortejá-la nessa mesma noite, mas havia um problema. Ou melhor, dois. Ele era casado com Athina Livanos, de quem tinha dois filhos, Alexandre e Cristina, e ela com Giovanni Battista Meneghini, muito mais velho, que geria a sua carreira e fortuna com muito poucas explicações à artista.

Nessa noite de Veneza, Callas era precedida por uma lenda de diva difícil e caprichosa, mas estava no auge do seu fulgor. Esta foi a época em que, no Teatro alla Scala, de Milão, interpretou La Traviata, dirigida pelo cineasta Luchino Visconti, numa interpretação ainda hoje considerada um marco na História da ópera, mas também em que gravou em disco interpretações notáveis de Madama Butterfly, Aida e Rigoletto. No final do verão de 1956, interpretou, em Berlim, Lucia di Lammermoor, conduzida pelo maestro Herbert von Karajan. Em plena glória, Maria, que fizera um duríssimo tratamento de emagrecimento, transformou-se também num ícone de estilo. Em breve, tornou-se uma das mulheres mais fotografadas do mundo, título que disputava apenas às maiores estrelas de Hollywood ou a figuras do jet-set internacional como Jackie Kennedy

No auge da fama, Maria Callas, tornou-se um ícone para o mundo da moda.
No auge da fama, Maria Callas, tornou-se um ícone para o mundo da moda. Foto: Getty Images

Na intimidade, a maior diva que a ópera conheceu era, no entanto, uma mulher frágil, frequentemente insegura e sentimentalmente inexperiente. Sob o choque de se descobrir usada pelo marido e agente, apaixona-se por Onassis. Divorcia-se e embora ele também se divorcie de Athina, não chegam a casar. Dedicada quase em exclusivo ao amor da sua vida, Callas canta cada vez menos e parece ser feliz com isso, até ao dia em que irrompe na vida de Onassis a viúva mais famosa do mundo - Jackie Kennedy em pessoa. Afinal, não passaria ele de um caçador de troféus imponentes, como Meneghini dissera a Callas, no momento em que ela lhe anunciou estar apaixonada pelo milionário grego?

Ao longo do romance, Michelle Marly vai intercalando os momentos de nascimento da paixão com os da perda, devastadora para a diva: "Durante dois dias inteiros estivera fora de si de puro desgosto e ensopara com as suas lágrimas um carregamento inteiro de caixas de lenços de papel. Depois de todas aquelas semanas a ansiar por Aristo e a manter a esperança de um reencontro, as palavras dele ao telefone tinham-lhe causado uma dor quase insuportável." A ideia da rival causava-lhe uma agonia profunda: "Só de pensar em Jackie Kennedy, Maria saltava indefinidamente do ódio para a tristeza, do esgotamento para o vazio."

Jackie e Onassis não foram felizes para sempre. A convivência conjugal pouco durou, mas a morte do primogénito do milionário, Alexandre, num desastre de avião, ditou a morte prematura de Aristoteles, em 1975. Foi o derradeiro, e o mais inapelável abandono. Callas deixou-se mergulhar numa espiral de desespero, que a tornaria uma reclusa no seu apartamento de Paris. Um ataque cardíaco fulminou-a a 16 de setembro de 1977. Tinha apenas 53 anos mas há muito que se tornara uma lenda

A 16 de setembro de 1977, Maria Callas, morre aos 53 anos, com um ataque cardíaco fulminante.
A 16 de setembro de 1977, Maria Callas, morre aos 53 anos, com um ataque cardíaco fulminante. Foto: Sally Lazic

 

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