Controversa e de opiniões fortes. Liz Truss: quem é a nova primeira-ministra britânica?
Mas também assertiva e astuta. A nova líder do Partido Conservador Britânico é a terceira mulher a liderar o Governo, depois de Margaret Thatcher (1979 e 1990) ter sido a primeira e Theresa May (2016 a 2019) a segunda.

O britânico Rishi Sunak era o único rival na última ronda de votações para eleger o lugar antes ocupado por Boris Johnson, e Liz Truss não lhe deu hipótese: ganhou com vantagem e as sondagens já anunciavam que assim seria. Filha de um professor de Matemática e de uma mãe enfermeira e professora, Elizabeth Mary Truss, 47 anos, nasceu em 1975, em Oxford, Inglaterra, no seio de uma família apoiante do Partido Trabalhista. Passou a sua infância entre Oxford e o Norte de Inglaterra, e foi na sua cidade natal que estudou Filosofia, Política e Economia, à medida que o seu interesse pela política despertava: primeiro, juntou-se aos Liberais-Democratas durante os tempos de estudante, antes de ingressar no Partido Conservador, em 1996. Depois, seguiu-se-lhe um currículo inédito para muitos, que agora culmina num cargo de poder histórico.

Liz Truss torna-se, assim, a terceira mulher a chefiar o governo britânico: a pioneira no cargo foi Margaret Thatcher, para sempre conhecida como a "dama de ferro", entre 1979 e 1990, a líder que por mais tempo permaneceu no poder durante o século XX, e Theresa May, que cumpriu o mandato entre 2016 e 2019.
Antes de chegar ao governo, Truss trabalhou como contabilista na empresa Shell and Cable & Wireless, onde terá conhecido o marido, o contabilista Hugh O’Leary, com quem tem duas filhas. Em 2012 conquistou o primeiro cargo governamental no Ministério da Educação (David Cameron era primeiro-ministro) e entre 2014 e 2016 foi Ministra do Ambiente. Entre 2016 e 2017 foi Ministra da Justiça, e Ministra-chefe do Tesouro entre 2017 e 2019, com Theresa May. Finalmente, foi Ministra do Comércio Internacional (2019-2021) e dos Negócios Estrangeiros com Boris Johnson.
Embora tenha apoiado o agora ex-primeiro-ministro na polémica "party-gate", Truss defende uma política económica oposta à de Johnson, que antes passa por aliviar os impostos em prol do crescimento económico, uma medida que a imprensa britânica já baptizou de "trussonomics". Tais medidas totalizam um custo de cerca de 30 mil milhões de libras. Embora tenha sido contra o Brexit, agora mostra-se a favor e até fez disso uma parte importante da sua campanha. O ambiente é um dos domínios que defende: pretende atingir a neutralidade carbónica em 2050. No campo humanitário, pretende criar melhores condições para a imigração, aumentando o número de funcionários dos serviços de fronteiras terrestre e marítima.

A família vê-a com uma mulher assertiva e com capacidade de liderança. "Ela é uma pessoa de opiniões fortes em termos daquilo que quer", disse o seu irmão Francis em 2017, numa entrevista resgatada pela BBC Radio 4. "Quando ia a um restaurante, com 14 anos, sabia o que queria e ou que não queria", e sempre que jogavam Monopólio, "ela tinha de ganhar", afirmou. "Lembro-me da sua determinação, que me impressionava muito", concordou um colega que frequentava uma pós-graduação em Matemática quando Truss era estudante universitária. No geral, é descrita como uma mulher de pulso firme, embora também não fuja às críticas sobre a sua possível ambiguidade na Política: já foi anti e agora pro-Brexit, também chegou a marchar contra Thatcher quando era criança (numa entrevista, revelou que se lembra de gritar "Maggie, Maggie, Maggie — out, out, out!"/Maggie, Maggie, Maggie, fora, fora, fora!" e agora há quem lhe chame de "Thatcher 2.0", ou a "última conservadora verdadeira."
A cerimónia oficial que formaliza a chegada ao cargo será liderada pela rainha Isabel II e que vai decorrer no castelo de Balmoral, na Escócia, a 6 de setembro.

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Feminista, anti-woke, crítica das políticas da identidade de género e contra a ideia de que existe racismo sistémico no Reino Unido, apesar de ser a primeira mulher negra a deter o cargo. É combativa, aguerrida e não tem medo de ser controversa. Keir Starmer, o primeiro-ministro Trabalhista, poderá contar com debates animados.