Estávamos no final de janeiro quando Jacinta Ardern anunciou que abdicava da sua reeleição. A mais jovem chefe de governo de sempre (foi eleita aos 37 anos) anunciou que, aos 42, estava cansada, depois de uma reeleição em 2020 e de cinco anos e meio a chefiar o governo. O casamento e a maternidade somaram-se às suas mais que plausíveis razões.
No mais recente discurso de "passagem de pasta", no parlamento da Nova Zelândia, Ardern deixou uma mensagem de empoderamento feminino e de despedida. "Não só podem estar aqui, como podem liderar, tal como eu", disse a antiga primeira-ministra da Nova Zelândia, ao despedir-se da política. Ardern falou sobre o legado que esperava deixar e terminou o discurso emocionado na língua Maori indígena da Nova Zelândia.
Durante o seu discurso de 35 minutos, Jacinda lembrou como lidou com a pandemia e com um tiroteio durante o seu mandato, aludindo aos episódios mais caricatos que enfrentou na liderança. Acabaou por ser um testemunho emocionado sobre como abraçou o cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia, durante cinco anos, sobre o que isso lhe trouxe como pessoa, bem como o que deu ao país.
Sobretudo, o seu discurso passou empatia e inspiração para jovens líderes futuros. "Pode ser ansioso, sensível, bondoso e usar o seu coração", disse, referindo-se ao papel de um líder, homem ou mulher.
"The future is female". Nos últimos anos, vimos esse slogan por todos os lugares: nas redes sociais, em campanhas publicitárias, em t-shirts, possivelmente até na parede de algum Airbnb. No entanto, agora o statement já não é mais tão certeiro.
Após quase seis anos a enfrentar crises e calamidades de toda a sorte, a primeira-ministra da Nova Zelândia anunciou a renúncia e, diz, não vale a pena especular sobre o real motivo, simplesmente esgotou a energia. A histórica passagem de Jacinda Ardern pela liderança de um país que a amou.