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Quem é Kemi Badenoch, a nova líder do partido Conservador britânico?

Feminista, anti-woke, crítica das políticas da identidade de género e contra a ideia de que existe racismo sistémico no Reino Unido, apesar de ser a primeira mulher negra a deter o cargo. É combativa, aguerrida e não tem medo de ser controversa. Keir Starmer, o primeiro-ministro Trabalhista, poderá contar com debates animados.

Foto: Getty Images
08 de novembro de 2024 às 16:21 Madalena Haderer

No meio do som e da fúria das eleições presidenciais norte-americanas, chegou, quase sem se dar por ela, a nova líder dos Conservadores britânicos, Kemi Badenoch. Foi nomeada no passado dia 2, é a quarta mulher a assumir a liderança do partido – depois de Margaret Thatcher, Theresa May e Liz Truss – e a primeira mulher negra a deter o cargo. Substitui o líder anterior e ex-primeiro-ministro Rishi Sunak.

Kemi tem 44 anos, nasceu em Wimbledon e foi criada na Nigéria e nos Estados Unidos da América, onde a mãe, professora de Fisiologia, deu aulas. Kemi nasceu em Inglaterra porque, quando estava grávida, a mãe viajou da Nigéria para o Reino Unido para que a filha tivesse direito à cidadania britânica à nascença – algo que foi abolido em 1981, mas, como a atual líder conservadora nasceu em Janeiro de 1980, ainda teve direito a esse benefício – e regressou à Nigéria pouco depois. Já Kemi só voltaria ao Reino Unido aos 16 anos. Badenoch é o apelido do marido, um nome gaélico, de origem escocesa. Kemi é um diminutivo de Ulokemi e o seu apelido de família é Adegoke, o que faz dela a senhora Adegoke Badenoch. Kemi conheceu Hamish Badenoch, que tem uma carreira profissional no setor da banca, em 2009, no Clube Conservador de Dulwich e West Norwood, casaram em 2012 e têm três filhos: duas raparigas e um rapaz.

Foto: Getty Images

Kemi Badenoch estudou Engenharia de Sistemas Informáticos e começou o seu percurso laboral no sector das tecnologias de informação. Mais tarde, estudou Direito e trabalhou como analista de sistemas no setor financeiro. Aderiu ao Partido Conservador em 2005 e foi eleita deputada em 2017. Em 2019, Boris Johnson deu-lhe o seu primeiro cargo ministerial – subsecretária de Estado Parlamentar para as Crianças e as Famílias. Depois disso foi secretária do Tesouro no Ministério das Finanças, ministra da Igualdade, ministra do Governo Local, Fé e Comunidades, secretária de Estado para o Comércio Internacional, ministra das Mulheres e da Igualdade, presidente da Câmara de Comércio, e secretária de Estado para Negócios e Comércio. 

Não obstante o seu percurso nas pastas relacionadas com mulheres, crianças e igualdade, Badenoch tem ideais neoliberais – quem se lembra de Margaret Thatcher a acabar com o pacote de leite grátis que as crianças pobres recebiam na escola? – e uma postura anti-woke que agrada, particularmente, à ala direita do seu partido. É a primeira mulher negra a liderar um partido político no Reino Unido, mas abomina a política de identidade e, por isso, aproveita qualquer oportunidade para desvalorizar esse facto, para desconsolo da comunidade nigeriana, que a via como porta-estandarte. Na verdade, ainda durante o governo de Boris Johnson, Badenoch causou controvérsia entre o setor progressista do seu partido – e enfureceu os Trabalhistas – ao desafiar a ideia de que existe um racismo institucional generalizado no Reino Unido. De acordo com a BBC, Kemi terá dito numa entrevista à LBC, que o único preconceito que sofreu foi às mãos da Esquerda.

O seu estilo direto, confrontacional e combativo faz com que, no Parlamento, seja admirada por uns e pouco apreciada por outros. Alguns colegas dizem que ela é capaz de arranjar uma discussão mesmo que esteja sozinha na sala, e nem é preciso pôr lá um espelho. Kemi não tem medo de dar a sua opinião em questões controversas e não apenas no que toca ao racismo. A nova líder dos Conservadores define-se como uma feminista crítica da identidade de género – uma lista encabeçada por J.K. Rowling, a famosa autora dos livros Harry Potter –, e como tal, opôs-se ao direito de autoidentificação de género. Como ministra com a pasta das Mulheres e Igualdade, liderou a decisão do governo britânico de bloquear a reforma da Lei de Reconhecimento de Género na Escócia. Em resposta ao relatório Cass, sobre os serviços de identidade de género no NHS, o congénere britânico do Serviço Nacional de Saúde, afirmou que esses serviços foram "sequestrados por ideólogos," com os críticos "silenciados," resultando em danos para as crianças. Também se manifestou contra casas de banho de género neutro.

Durante a sua candidatura à liderança do partido Conservador, argumentou que o aumento das regulamentações governamentais e dos gastos públicos paralisaram o crescimento económico e polarizaram o país. Isto apesar de os Conservadores terem passado os últimos 14 anos no poder.

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