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Como a tomada do poder dos talibãs pode trazer severas medidas para as mulheres

As mulheres afegãs temem que os talibãs tragam de volta restrições severas, tais como a proibição do trabalho e a punição de quem quebra as regras com apedrejamento.

Foto: Getty Images
17 de agosto de 2021 às 18:33 Rita Silva Avelar

O Afeganistão está a viver um momento que está a preocupar as organizações de apoio comunitário um pouco por todo o mundo, assim como todos os que, provavelmente, viram as trágicas imagens que se seguiram às notícias de que os talibãs tomaram de novo conta do país, 20 anos após terem sido afastados do poder. E embora toda a população seja afetada por esta mudança, as mulheres e as crianças são, muito possivelmente, as principais a sofrer com as duras restrições dos responsáveis por instaurar o Emirado Islâmico no Afeganistão, como já sucedeu no passado.

As mulheres afegãs estão aterrorizadas com a possibilidade de represálias e da possível perda dos seus direitos e liberdades. Algumas saíram para comprar burcas para cobrir os seus rostos, antecipando o regresso das regras estritas dos talibãs. E as mulheres que se tornaram ativistas e políticas também falaram do seu medo de serem perseguidas e castigadas, à semelhança do que aconteceu no passado. 

Os talibãs tomaram o controlo de Cabul, a capital do país, no último domingo, 15 de agosto, duas décadas após terem sido expulsos do poder pelas forças lideradas pelos EUA. O grupo responsável por instaurar o Emirado Islâmico no Afeganistão assumiu o controlo do país no final dos anos 90, após ter tomado posse de grandes extensões de terras afegãs.

Ainda não é claro quais as regras ou leis que os talibãs podem pôr em prática para as mulheres. Mas recordamos algumas das medidas severas que foram aplicadas da última vez que estiveram no poder, de acordo com um relatório de 2001 do departamento de Estado dos EUA, divulgado pelo Business Insider.

As mulheres tinham de estar tapadas da cabeça aos pés. Não eram autorizadas a trabalhar, excepto em circunstâncias muito limitadas. As mulheres eram proibidas de frequentar escolas, e os seus cuidados de saúde eram restritos. As mulheres não eram autorizadas a sair de casa, a menos que fossem acompanhadas por familiares do sexo masculino. Só podiam utilizar autocarros especiais e só podiam apanhar táxis quando acompanhadas por familiares do sexo masculino.

Não podiam estar na rua com homens que não fossem seus familiares, e as janelas das casas tinham de ser pintadas para impedir que as mulheres fossem vistas através das mesmas. Se violassem estas regras, as mulheres eram punidas com métodos como espancamento e morte por apedrejamento. Ao longo dos anos em que os talibãs estiveram no poder, as mulheres também foram sujeitas a situações de violação, rapto e casamentos forçados.

Numa declaração transmitida pela televisão afegã, citada pela agência de notícias Associated Press (AP), os talibãs "não querem que as mulheres sejam vítimas". Foi declarada "uma amnistia geral para todos" e "por isso, todos devem regressar à normalidade, em confiança", foi ainda dito. Embora se saiba que, no passado, esta estratégia de "apaziguamento" não tenha passado disso mesmo, levando a duras medidas repressivas. 

Em comunicado no Instagram, a Unicef Portugal escreve: "Não iremos abandonar o país, por todas as crianças e suas famílias. Com 11 escritórios a operar em todo o país, a UNICEF tem a capacidade de prestar assistência humanitária. Estamos presentes no Afeganistão há 65 anos e, ao longo das décadas, construímos uma relação de confiança com as comunidades locais, negociámos com todas as partes em conflito o acesso aos que precisam de assistência humanitária. Somos um parceiro importante na distribuição de artigos vitais em circunstâncias difíceis."

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