Quem lê o diagnóstico de uma doença crónica pode sentir-se num sítio vazio, sem saída nem esperança. Sobretudo um como o da endometriose, doença que só há uns anos foi mais escrutinada por entidades de saúde e vozes da influência nas redes sociais, e que afeta uma boa fatia das mulheres em idade reprodutiva.
Raquel Prates, tal como Vanessa Martins ou Inês Mocho, é uma das figuras públicas a admitir que sofre com a doença. A apresentadora anunciou que vai inclusive remover o útero (colo e trompas) para pôr fim à dolorosa jornada de passar todos os meses pelo mesmo.
"Eu sofro de endometriose e adenomiose, e vou fazer uma histerectomia total com excisão de todas as lesões provocadas pela doença, no próximo dia 17 de fevereiro. Os atrasos e os vários diagnósticos incorretos acarretam lesões para as pacientes e para o sistema nacional de saúde. É urgente que esta situação mude", começou por escrever, na sua conta oficial de Instagram.
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"É imperativo que haja um diagnóstico precoce para que as pacientes recebam o tratamento mais adequado atempadamente, evitando a progressão da doença e outras complicações mais graves. No sentido de ajudar a informar todas as mulheres, e promover a sensibilização da sociedade para a existência desta doença, vou "dar" o rosto e mostrar-vos o meu percurso do antes, e depois da cirurgia com todas as informações que considero essenciais", revelou.
"Tenho a consciência que é uma exposição enorme da minha intimidade. Este é um problema de saúde pública, não é apenas um problema de quem dele padece. Afeta 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva em todo o Mundo. Agradeço, desde já, o vosso apoio e espero que respeitem esta decisão", disse ainda.
Segundo a designação médica, a endometriose consiste na presença de tecido endometrial fora do útero, que na maior parte dos casos causam inflamação e fibrose. A endometriose no ovário é das mais frequentes na prática clínica, mas também pode surgir no útero. Segundo Miguel Brito, ginecologista na CUF, afeta 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva.
Segundo este ginecologista, no site da CUF, os sintomas podem variar, mas os principais são cansaço, hemorragias menstruais abundantes, perda de sangue entre os períodos menstruais, menstruação com sangue escuro, dispepsia (dificuldades na digestão), mal-estar geral, fraqueza, alterações de humor e do trânsito intestinal, e dor nas relações sexuais. Leia a entrevista a Patrícia Lemos sobre este e outros temas relacionados com saúde feminina, aqui.