Acórdão sexista gera polémica na Internet
Acórdão que ataca mulher adúltera é acusado de ‘retrógrado e machista’.
Estão marcadas para a próxima sexta-feira duas manifestações, uma no Porto e outra em Lisboa, numa ação de rejeição ao novo acórdão sexista que minimiza a violência doméstica contra uma mulher considerada adúltera e que, segundo a Amnistia Internacional, viola as obrigações internacionais de Portugal.
O caso que gerou polémica está relacionado com uma mulher casada que se envolveu com um homem solteiro. Quando esta tentou terminar a relação, o amante revoltou-se e a mulher acabou por tornar-se um alvo dos dois homens, atitude agora justificada segundo o novo acórdão que chega a citar a Bíblia: "Ora, o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem. Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte. Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte. Ainda não foi há muito tempo que a lei penal [de 1886] punia com uma pena pouco mais que simbólica o homem que, achando a sua mulher em adultério, nesse ato a matasse."
As duas organizadoras das manifestações, Patrícia Martins (do Porto) e Patrícia Vassalo e Silva (de Lisboa), consideram o acórdão "um retrocesso a nível de lei". A manifestação no Porto decorre das 18h às 20h de sexta-feira, na Praça Amor de Perdição, e espera a presença de mais de cem pessoas. A de Lisboa acontece à mesma hora, na Praça da Figueira, organizada pelo coletivo Por Todas Nós - Movimento Feminista e pela Umar.
O objetivo das manifestações é chamar a atenção para uma forma de pensar "retrógada e machista" que, segundo a ativista Elisabete Brasil, da Umar, ainda está muito presente na sociedade portuguesa.