Ciclo de cinema celebra carreira de atriz Jane Birkin

O Batalha Centro de Cinema, no Porto, preparou uma retrospetiva-retrato com alguns dos melhores filmes da icónica atriz, modelo e cantora Jane Birkin. Para ver entre 20 de janeiro e 22 de fevereiro.

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10 de janeiro de 2024 às 12:25 Madalena Haderer

Escassos cinco meses depois da morte de Jane Birkin, o Batalha Centro de Cinema, no Porto, dedica-lhe uma retrospetiva-retrato em sete filmes fulcrais que acompanham e explicam as diferentes etapas da sua vida. Jane, nascida em 1946, foi o ícone da geração do Maio de 68, uma artista multifacetada – com carreira no cinema, na música e na moda – como talvez já não exista nem volte a existir. É, por exemplo, a ela que se deve uma das carteiras mais desejadas de todos os tempos, a famosa Birkin Bag, desenhada para ela pela Hermès. Mas é na sua faceta de atriz que este ciclo de cinema se foca. Chama-se Quem És Tu, Jane B.? e decorre entre 20 de janeiro e 22 de fevereiro.

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Durante décadas, a vibrante e extensa filmografia de Birkin atravessou diversos géneros, entre o cinema popular e o cinema de autor, somando colaborações com cineastas como Jacques Deray, Jacques Doillon, Agnès Varda, Jean-Luc Godard, Jacques Rivette e James Ivory.

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O ciclo começa no dia 20 com a apresentação de La Piscine (1969), filme de Jacques Deray, protagonizado por Alain Delon, Romy Schneider e Maurice Ronet, e que deu a Jane Birkin o seu primeiro grande papel. La Piscine segue as férias do casal Jean-Paul e Marianne, e de Harry, antigo amante de Marianne, que aparece com a sua filha adolescente e tenta reconquistar Marianne. A tensão adensa-se quando Jean-Paul tenta conquistar Penelope (Jane Birkin), filha de Harry.

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A 21 de janeiro, é exibido Wonderwall (1968), de Joe Massot. Com banda sonora de George Harrison (dos Beatles), esta comédia é uma fantasia psicadélica passada na Swinging London dos anos 60. Wonderwall conta a história de Oscar Colins (Jack MacGowran), um professor desligado da realidade que passa a vida sozinho, a estudar no seu apartamento sem graça, e se sente incomodado pela música que vem do apartamento ao lado. Ao espreitar por um buraco na parede descobre a lindíssima modelo Penny Lane (Jane Birkin, pois claro) e fica obcecado com ela e com o seu estilo de vida hippie.

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Segue-se o filme Blow-Up (1966), de Michelangelo Antonioni, apresentado no dia 4 de fevereiro. Esta é uma das primeiras breves participações de Jane Birkin no cinema antes da fama e uma das mais controversas. Neste thriller, um fotógrafo capta, inadvertidamente, uma morte depois de seguir um casal de namorados num parque.

No dia 8 de fevereiro, será possível ver Dust (1985), de Marion Hänsel. Filme vencedor do Leão de Prata, onde Birkin interpreta uma mulher reprimida e emocionalmente abalada numa fazenda remota na África do Sul durante o Apartheid.

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A 11 de fevereiro, será exibido Boxes (2007), escrito, realizado e protagonizado por Jane Birkin. Um filme de inspiração autobiográfica em que a protagonista recorda o passado abrindo caixas cheias de memórias e procura o perdão dos fantasmas que ainda a assombram. Conta com atuações de Geraldine Chaplin, Michel Piccoli, Adèle Exarchopoulos e Lou Doillon, filha de Birkin (com Jacques Doillon).

Também realizado por Birkin, Souvenirs of Serge (2011), apresentado a 17 de fevereiro. É a derradeira declaração de amor a Serge Gainsbourg – 30 anos depois da separação e 20 anos depois da morte de Gainsbourg – construída a partir de uma compilação de filmes em Super 8mm, de férias e outros momentos íntimos passados a dois e em família.

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A retrospetiva encerra com Kung-Fu Master! (1988), de Agnès Varda, no dia 22 de fevereiro. Neste sensível drama, Jane Birkin interpreta Mary-Jane, uma mulher solitária que se apaixona por um jovem adolescente (Mathieu Demy, filho de Varda), colega de turma da sua filha (Charlotte Gainsbourg, filha de Birkin).

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De fora fica o documentário Jane by Charlotte, lançado em 2021 e que passou recentemente na RTP1, em que Charlotte olha para mãe como nunca olhou antes, deixando cair um certo sentimento de reserva que sempre houve entre as duas, expondo-se cada uma delas à outra de uma forma emocional e intimista. Numa oportunidade única de honrar a relação e dizer adeus, e que, infelizmente, escapa à maioria das filhas.

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À falta deste, há uma sessão bónus do filme de animação La Traversée (2021), de Florence Miailhe. Inspirado no trabalho de Birkin enquanto ativista, o filme conta a história de duas crianças que têm de atravessar sozinhas diversos países receosas do controlo de migrantes. A animação foi distinguida com a menção do júri no festival de Annecy em 2021.

Jane Birkin nasceu em Londres, em 14 de dezembro de 1946, mas adoptou França como sua casa em 1969. À Vogue francesa, numa entrevista de 2018, contou que foi o filme La Piscine que lhe permitiu ficar em França, numa altura em que se preparava para voltar para Inglaterra. O seu francês fluente, mas com um carregado sotaque inglês impediram-na de conseguir alguns papéis, mas acabou por ser um grande benefício, com o público francês a achá-la encantadora. "Sem o meu sotaque, teria tido uma carreira muito diferente", acabaria por confessar.

Conheça aqui o programa completo de Quem És Tu, Jane B.?

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