A escritora sul-coreana de 53 anos, autora de obras como A Vegetariana, Lições de Grego, Atos Humanos e O Livro Branco, nasceu em 1970 em Gwangju, e é a 18.ª mulher a receber o Nobel da Literatura. É a primeira vez que um autor ou autora nascido da Coreia do Sul recebe este prémio. A sua obra é publicada em Portugal pela Dom Quixote, que editou os quatro livros já referidos e que, ainda este ano, publicará o mais recente romance da autora – Despedidas Impossíveis, que no ano passado conquistou, em França, o Prémio Médicis. Os seus livros são conhecidos pela empatia para com as vidas mais vulneráveis e o uso de uma prosa carregada de metáforas.
Em 2016, Han Kang recebeu o International Booker Prize com o livro A Vegetariana, que foi a primeira obra da autora a ser traduzida para inglês e também a primeira a ser publicada em Portugal. O livro conta a história de uma mulher que tem um sonho terrível e decide tornar-se vegetariana. Esse seu ato de renúncia à carne desencadeou reações extremadas da parte da sua família – tão extremadas que mudam a vida de todos, inclusivamente dela própria, que acaba internada numa instituição para doentes mentais. A violência do sonho aliada à violência do real faz com que a protagonista, além de querer ser vegetariana, queira tornar-se puramente vegetal e transformar-se numa árvore. Talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.
Além do Nobel, do Booker e do Médicis, Han Kang foi distinguida com o Prémio Manhae na Coreia do Sul e o Prémio Malaparte em Itália por Atos Humanos e foi ainda finalista, novamente, do Prémio Man Booker Internacional de 2018 por O Livro Branco.
Despedidas Impossíveis, o mais recente livro da autora, conta a história de Gyeong-ha, que viaja para Jeju a pedido da sua amiga In-seon, que está hospitalizada, para salvar um papagaio que diz ter sido deixado sozinho em sua casa e precisa de ser alimentado. Quando Gyeong-ha chega a casa da amiga In-seon, depois de enfrentar uma tempestade de neve na ilha, é confrontada com o passado da família de In-seon e especialmente o de sua mãe, Jeong-sim, que passou décadas a tentar encontrar o irmão desaparecido após o massacre de 1948.
Durante a conferência de imprensa em que o nome de Han Kang foi anunciado, Mats Malm, o secretário permanente da Academia Sueca, explicou que o júri decidiu atribuir-lhe o Nobel da Literatura "pela sua intensa prosa poética, que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana".