Hunger Games: comer ou não comer, eis a questão
Fasting, jejum intermitente ou jejum prolongado: são estes alguns dos nomes que designam a dieta do momento, que mais não pede que se feche a boca. Mas será (mesmo) esse o melhor remédio para emagrecer?

Passámos a vida a ouvir que se deve comer de três em três horas e que a sensação de fome não era benéfica para quem pretendesse emagrecer. Fizemos lanches com maçãs e bolachinhas, iogurtes e barritas. Depois, passámos aos sumos verdes, que posteriormente ganharam novas cores. Excluímos o glúten dos pratos e, sem dó nem piedade, demos um chuto aos lacticínios. Agora, tudo indica que o segredo está em fechar a boca. Ou, tecnicamente, jejuar.Como funciona o jejum?A palavra não é nova e o método muito menos. Na maioria das religiões, da católica à muçulmana, passando pela budista, a abstinência é uma forma de penitência interior que, possivelmente, leva a estados meditativos. Mas quando o assunto é saúde e o objetivo é emagrecer, é essencial que haja um plano bem definido. Mariana Abecasis, nutricionista, considera que é fulcral avaliar caso a caso e ter sempre em atenção quer a parte física quer a psicológica e emocional da pessoa que se quer submeter a este tipo de dieta.
São dois os principais métodos de jejum: o 5/2, que consiste em comer livremente cinco dias da semana e fazer uma forte restrição calórica nos restantes dois dias (500 calorias diárias para mulher e 600 para os homens); e o jejum prolongado diário de 12 a 16 horas. "Se estivermos a falar de um jejum noturno de 12 horas, parece-me perfeitamente razoável e equilibrado. É como voltar às origens! Jantar cedo quando o sol se põe, deitar cedo e, ao acordar, recomeçar um novo dia, juntamente com a alimentação." No caso de se escolher este método, Mariana considera os horários das 20h às 8h ou das 21h às 9h uma boa opção. "Não há qualquer necessidade de fazermos grandes refeições noturnas, nem de comer a meio da noite! Nesse sentido concordo com os jejuns [noturnos] e considero-os perfeitamente equilibrados nutricionalmente." Contudo, ressalta, não é o que vê acontecer: "Vejo pessoas que praticam o jejum de 12 a 16 horas, mas que passam grande parte do dia ativo sem comer, para depois concentrarem tudo entre a tarde e a noite, acabando por fazer grandes refeições à noite, geralmente com escolhas alimentares menos corretas, porque se sentem descompensadas pelo dia de jejum." E acrescenta: "Sou adepta de que com ou sem jejum, as nossas escolhas alimentares devem assentar em alimentos mais ricos nutricionalmente, mas não mais ricos em calorias ‘vazias’. O nosso corpo não foi feito para estarmos continuamente a comer, e vivemos numa sociedade de abundância e de excessos que apela ao consumo contante. Nesse sentido, parar e voltar às origens é um bom exercício!", sublinha.

O que acontece ao nosso corpo (e mente) quando jejuamos?Converse com alguém que já se tenha submetido ao jejum e o feedback é quase sempre o mesmo: clarividência de pensamento e fome que desaparece ao fim do choque das primeiras horas. Sónia Carvalho, 45 anos, faz jejum uma vez por ano, por ocasião de um retiro de yoga que inclui a desintoxicação do organismo. "As primeiras horas são as mais difíceis. A falta do café, dos açúcares mais simples que nos chegam através do pão, por exemplo." Mas depois da tempestade, vem a bonança: "Além da barriga mais-do-que-lisa e de um considerável aumento da energia, o melhor do jejum é o que se passa na mente. O pensamento torna-se mais claro e limpo. É uma experiência que roça o espiritual." No que diz respeito ao corpo, Mariana Abecasis explica: "Quando comemos libertamos a hormona insulina, que tem um efeito anabólico, ou seja, faz com que os nutrientes (não utilizados) sejam armazenados sob a forma de gordura no nosso corpo para serem usados mais tarde, num período de carência - reserva natural no nosso corpo. Por outro lado, quando em jejum, é libertada a hormona glucagon/glucagina, que tem um efeito contrário à insulina e ‘vai buscar nutrientes às nossas reservas’, disponibilizando-as ao nosso organismo para serem usadas como fonte de energia." Deste modo, a hormona do jejum tem um efeito positivo no organismo, favorecendo a perda de gordura corporal. O senão é que horas prolongadas de jejum produzem igualmente umas substâncias — os corpos cetónicos — que em excesso são prejudicais ao nosso organismo.
Equilíbrio: a chave do sucesso
"O nosso organismo é muito complexo e está feito quer para passar por períodos de jejum quer para ser compensado com momentos de fornecimento alimentar." A garantia é dada pela nutricionista que, contudo, sublinha: "Exageros e extremismos podem ter um impacto negativo na saúde e podem levar igualmente a um consumo exagerado de alimentos após o jejum, geralmente de maior densidade calórica e com uma maior carga de açúcares simples e de hidratos de carbono de absorção rápida, para compensar a carência." Mariana Abecassis, que se considera uma "nutricionista mais clássica", recomenda que se consegue um melhor equilíbrio comendo várias vezes ao dia, pouco de cada vez. E isto reflete-se também em termos energéticos, de humor, e ainda num maior controlo nas porções e escolhas alimentares. Além de tudo, esta é uma dieta pouco recomendada a pessoas com determinadas patologias e/ou estados de saúde, tais como diabetes, resistência à insulina e ainda alguns problemas gástricos. Do ponto de vista psicológico, este tipo de alimentação (ou não alimentação) tem tudo para gerar descompensações emocionais, podendo potenciar ataques de compulsão e descontrolo alimentar. É igualmente desaconselhado a grávidas e crianças. Ainda que cada caso seja um caso, a nutricionista defende que "o mais importante é que haja um aporte calórico total balanceado e adaptado às necessidades de cada um" e termina a sublinhar a importância de se fazerem escolhas alimentares saudáveis. É, mais uma vez e como em tudo na vida, o poder do equilíbrio a falar mais alto.

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