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Beleza / Wellness

É oficial: somos (mesmo) o que comemos

A Máxima falou com as autoras de Food Pharmacy — Comer Bem é o Melhor Remédio acerca de bactérias boas, más e de como um intestino saudável pode ser a solução para muitos problemas físicos e psicológicos.

03 de abril de 2018 às 16:27 Pureza Fleming

Todos os dias somos inundados com novas dietas e manias, cada qual com a sua promessa, numa esquizofrenia alimentar que começa a perder credibilidade. Deparadas com este panorama, Lina Nertby Aurell e Mia Clase, autoras do blogue Food Pharmacy agora transformado em livro, quiseram desmistificar a nutrição. Glúten e lacticínios à parte, a conclusão é que a verdade se concentra num e só um orgão. "Falamos do intestino, também apelidado por alguns cientistas de segundo cérebro." Contas feitas, é dele que devemos cuidar alimentando-o com bactérias boas e afastando as más. Em Food Pharmacy  Comer Bem é o Melhor Remédio (Arte Plural Edições) as autoras explicam quais.

Que sintomas são reveladores de um intestino "infeliz"?

Há muitas causas possíveis para um intestino infeliz e os primeiros sinais podem ser desde dor de estômago até fadiga inexplicável, problemas de sono, dores de cabeça, perda de cabelo, acne, olhos secos, períodos irregulares ou infeções frequentes e gripe. Como existem tantos sinais possíveis de um intestino "infeliz", muitas pessoas não percebem que têm uma saúde intestinal fraca. Dor de estômago, inchaço e obstipação, juntamente com alguns dos sintomas mencionados acima, são muitas vezes considerados "normais". No entanto, todos eles indicam uma má flora intestinal. Segundo a pesquisa, existe uma conexão fundamental entre dieta, flora intestinal e inflamação crónica. Pode-se afirmar que há uma guerra no nosso trato gastrointestinal: um conflito entre bactérias boas e más. O objetivo é fortalecer as boas bactérias no cólon através de escolhas alimentares saudáveis. Novos estudos relacionados com a flora intestinal e inflamação demonstram que mudando o estilo de vida e o que se come, pode-se desempenhar um papel ativo na prevenção de infeções, doenças cardiovasculares, pressão alta, doença de Alzheimer, MS, diabetes, dores de cabeça, TDAH, problemas de pele, distúrbios do sono e cancro.

O mau funcionamento da flora intestinal pode estar ligado a problemas de humor, stress e até depressão?

Sim. Agora sabemos que existe uma correlação entre a comida que consumimos e como nos sentimos, tanto física como mentalmente. Se tratarmos bem as nossas bactérias intestinais, elas podem ajudar-nos a tornarmo-nos mais resistentes ao stress, lúcidos, felizes e harmoniosos. A comida que comemos também parece desempenhar um papel quando se trata de depressão e outras doenças do foro psicológico. Alguns cientistas até chamam à flora intestinal de "segundo cérebro".

Quais são os maiores inimigos do intestino?

Vamos começar por frisar que a chave para se manter saudável e livre de inflamações e doenças crónicas é ter uma flora intestinal que funcione bem. Infelizmente, em países que adotaram um estilo de vida ocidental, podemos ver altas taxas de doenças crónicas, causadas por inflamação e má flora intestinal. Alimentos processados, juntamente com pouco exercício e muito stress, perturbaram o equilíbrio de bactérias boas e más na flora intestinal.

Então, como devemos comer?

Vamos manter as coisas simples: muitos legumes. Eles transportam grandes quantidades de nutrientes para as bactérias boas no nosso cólon, reduzindo o risco de inflamação crónica. Outra grande ameaça são os antibióticos. Além de eliminarem as bactérias boas da flora intestinal, o uso excessivo de antibióticos levou a problemas emergentes com a resistência a antibióticos, que é um dos maiores perigos que a nossa saúde enfrenta atualmente.

Se pudéssemos escolher apenas um superalimento para incluir na dieta diária, qual seria?

Açafrão! O pigmento amarelo brilhante e ingrediente ativo da curcuma é a curcumina, que tem poderosas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. 

Podia indicar cinco alimentos anti-inflamatórios (e possíveis de encontrar na mercearia do lado) para ter sempre em casa?

Nesse caso, iríamos para cinco ervas e especiarias. Elas são embaladas com antioxidantes e também uma excelente proteção contra inflamações.

1. Curcuma (de novo)

É super anti-inflamatório e adicionamo-lo a tudo: estufados, guisados, golden milk (leite dourado) – o que quiser. Comemos a raiz de curcuma fresca e o tempero moído, ainda que o fresco tenha tendência a manchar tudo.

2. Gengibre

De preferência fresco num smoothie verde ou picado numa chávena de chá.

3. Canela de Ceilão

Se comer muita canela (como nós), é aconselhável recorrer à chamada canela de Ceilão (facilmente encontrará em mercearias bem abastecidas). A canela "comum" tem altos níveis de uma substância chamada cumarina, conhecida por causar danos ao fígado se ingerida em doses muito altas.

4. Tomilho + orégãos

Esta é uma ótima combinação e que usamos muito. Mágica num molho de tomate quente e muito boa com vinagre básico.

5. Alho

O alho combina com tudo. Comemos dentes de alho como um snack saudável ou acrescentamo-los ao guacamole, à sopa de lentilhas ou aos hummus.

E para fortalecer o sistema imunológico (também possível de encontrar no supermercado ao lado)

Há tantas coisas que se podem fazer para fortalecer o sistema imunológico. Mas se tivermos de escolher uma, seria comer mais folhas verdes. Se estiver interessado em mudar os seus hábitos alimentares, pense neste processo de adicionar itens à sua dieta, em vez de os remover. Concentre-se em dar pequenos passos, como beber um smoothie verde por dia. Foi assim que começámos a nossa jornada e é provavelmente a forma mais fácil de adicionar nutrientes (e folhas verdes) à sua dieta. Se é um novato quando se trata de smoothies verdes, sugerimos que comece com este ? o smoothie de ervilha verde Kebnekaise do nosso livro.

Kebnekaise Smoothie (duas porções)

1 punhado considerável de folhas verdes (rúcula ou mâche, por exemplo)

2 punhados de espinafres

1 pepino

1 limão

1 pedaço de gengibre fresco

2 talos de aipo

1 abacate

0,5-1 chávena de água

Use um liquidificador e misture até obter um smoothie perfeitamente suave.

De todas as dietas do momento ?paleolítica, jejum, vegana, vegetariana, etc. ? qual considera mais favorável ao intestino?

Quando se começa a analisar a quantidade de alimentos que podem afetar a saúde, é fácil ficar confuso. À primeira vista, parece que os especialistas discordam sobre quase tudo. Às vezes parece quase impossível filtrar todas as "dietas", conselhos e descobertas. Embora seja verdade que os pesquisadores não concordam com todos os detalhes, eles estão unidos em algumas conclusões gerais muito importantes. A mais reincidente é que uma ingestão grande e variada de vegetais todos os dias é importante para a nossa saúde e, de facto, pode prevenir doenças. Assim, se quiser seguir uma dieta que tornará a vida fácil para as bactérias boas do cólon, comece por comer muitas fibras vegetais. A Administração Nacional de Alimentos da Suécia recomenda uma ingestão de 500 gramas por dia, infelizmente um objetivo longe de ser alcançado por todos.

O que pode esperar alguém que inicia uma dieta focada no bem-estar da flora intestinal? Interna e externamente…

Desde que partimos nesta jornada rumo a uma vida mais saudável, dificilmente ficamos doentes. Além disso, chutámos finalmente para canto o vício do açúcar. No entanto, sabemos que a mudança pode ser assustadora e que começar não é tarefa fácil. Com toda a honestidade, o nosso caso amoroso com a flora intestinal é uma coisa relativamente recente, mas se nós conseguimos começar, qualquer pessoa consegue. A nossa melhor sugestão é que comece a adicionar alimentos saudáveis ??à sua dieta, em vez de os remover. Não estamos interessadas ??em negar as coisas boas da vida. Pelo contrário, adoramos comer, de preferência muita comida e sempre saborosa. Além disso, sugerimos que recorra a pequenos truques, como adicionar uma colher de legumes lacto fermentados a cada refeição (o ácido láctico contém muitas bactérias boas e reduz o açúcar no sangue) ou misturar sempre três cores numa salada (aumenta o teor de antioxidantes). No final, o que é importante entender é que com sentido de humor e pequenas ajudas, mudar os hábitos alimentares pode ser fácil e divertido.

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