Terra Rosa, o paraíso minhoto onde se respira a arte do slow living
É a grande aposta de Eliana e Francisco Rosa, que nos últimos anos se têm dedicado de alma e coração à restauração da Quinta de Codeçosa e das suas vinhas, onde fica a Terra Rosa Country House & Vineards. Com passeios à beira rio e provas de vinho, é o lugar ideal para recarregar energias ou criar memórias em família.

Sabe aquelas vilas típicas dos filmes que dão ao domingo à tarde na televisão? Aquelas onde todos se conhecem e parece não haver espaço para segredos. Aquelas pouco conhecidas, mas lindas e cheias de história? É a dez minutos de uma dessas vilas que fica a Terra Rosa Country House & Vineards, na Quinta de Codeçosa. Referimo-nos a Ponte de Lima, a vila mais antiga de Portugal, no Alto Minho, sub-região conhecida internacionalmente pela sua produção de vinho verde. Quanto à quinta onde está inserida a Terra Rosa, podemos compará-la àquelas que vemos nas telenovelas portuguesas, mas sem os senhorios e devidos caseiros.

Nada neste hotel é demasiado emproado ou vaidoso: tudo existe na medida certa. Eliana Rosa, responsável pela recuperação e decoração de interiores da country house, queria que os seus hóspedes sentissem como se do seu lar se tratasse, longe da azáfama da cidade. Se imaginarmos os resorts de luxo numa ponta do espectro, impessoais e à grande escala, a Terra Rosa encontra-se no extremo oposto. Sentimos de imediato o zelo que toda a equipa tem pelos seus visitantes, mas sem parecerem águias a caçar a presa (como acontece nos centros comerciais). Até porque ali vive-se em modo slow e em proximidade com a natureza. É o local indicado para pôr em prática a arte do niksen (verbo holandês que significa "não fazer nada") e desfrutar do serão, para ler ou passear pelo seu terreno generoso - dos 70 hectares, 50 são atualmente vinha. É como se estivéssemos num universo à parte. Apenas nos lembramos que não estamos em campo aberto pelas casinhas brancas aqui e ali.


A quinta, que remonta ao século XVIII, foi comprada em 1948 pelos avós de Eliana, mas foi apenas quando o terreno chegou às mãos de Francisco Rosa, seu pai, que os vinhedos começaram a ser verdadeiramente explorados, há mais de quinze anos. Foi numa visita casual, em 2017, que Eliana compreendeu que, afinal, havia ali potencial para algo mais além da produção.

Tirou gestão de empresas na universidade e passou pela indústria farmacêutica, antes de decidir abrir uma loja de decoração com a irmã em Viana do Castelo. "A minha mãe já tinha tido lojas de decoração lá, quando éramos pequeninas, e por isso acho que foi uma coisa que esteve sempre presente na nossa família", explicou em entrevista à Máxima. "Vendi a minha parte à minha irmã e abracei completamente o projeto". O processo não foi fácil nem rápido, "mas quem me conhece sabe que gosto de conviver com as pessoas e que sempre quis ter um hotelzinho. Gosto muito de turismo e de viajar, portanto isto era a minha cara".


A ideia era manter o charme da quinta e as características que lhe dão personalidade, como a chaminé em ferro da casa do lúpulo, por onde começaram a recuperação e onde, como o nome indica, se secava a planta anos atrás. É também aí que os hóspedes começam a sua estada neste pequeno paraíso, uma vez que agora é utilizada como área de receção e de estar, zona de refeições ligeiras e ainda onde fica a cozinha. A atenção aos detalhes é impecável. Ainda não absorvemos a beleza do que nos envolve e já temos um chá quentinho e uma fatia de bolo caseiro - divinal! - à espera, cortesia das meninas da Terra Rosa, do mais doce e amável que há. No mesmo edifício estão ainda os quartos: são sete no total, três deles suítes com quarto e sala de estar.


"O estilo da Terra Rosa é inspirado numa filosofia japonesa chamada Wabi-Sabi, que significa ver a beleza nas coisas imperfeitas, porque todo o nosso mobiliário, principalmente por ser antigo, já tem marcas do tempo, mas são exatamente estas marcas que dão personalidade aos móveis e a que nós achamos graça. Como se fossem rugas, contam as histórias de vida do que os fez chegar àquele estado", explica Eliana enquanto olhamos para a chuva miudinha que cai no relvado. "Queria uma decoração muito sóbria e com materiais naturais como a madeira, os linhos e os algodões". Privilegiam as madeiras recicladas e as sublimes peças em segunda mão, algumas com cem anos ou mais, e envelhecem aquilo que tem de ser feito de raiz. A origem destes pequenos tesouros é variada, mas muitos vêm da China e da Índia, alguns da Tailândia e do Vietname.



Formando uma espécie de praça comum, existem mais três casinhas perto da primeira: um solar minhoto, uma casa grande com capela e pátio interior e um antigo armazém de colheitas, atualmente a ser restaurado para servir de zona de atividades, como provas de vinhos ou workshops de artesanato e culinária, e para eventos como casamentos, batizados, festas de aniversário, entre outros, em princípio já em 2024. Chamam-lhe carinhosamente de Casa Rosa, pois descobriram que as paredes exteriores eram dessa cor no processo de retirar a tinta branca que as cobria, como nos contaram aquando da visita guiada. O seu interior alinha-se sem esforço com o resto da quinta graças à visão perspicaz de Eliana.







O hotel funciona como um showroom, ou seja, todos os objetos e mobiliário que for do agrado dos hóspedes estão para venda. A isto, a Terra Rosa irá também vender peças têxteis, como as toalhas de mesa e os aventais da equipa, bem como outros pequenos objetos, de modo a que os visitante possam levar para casa um pouco do paraíso. E quem se apaixonar mesmo pela filosofia Wabi-Sabi, saiba que a Eliana está a fazer a decoração de interiores de casas particulares.
Onde? Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo. Preçário: Época baixa (casal com pequeno-almoço) de €150 a €230 por noite; Época alta (casal com pequeno-almoço) de €210 a €300 por noite. Reservas aqui.

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