ModaLisboa: O "clássico com um twist” dominou as passerelles
No terceiro dia da semana da Moda, os designers voltaram as suas atenções para peças formais, como os fatos, desconstruindo-as e reimaginando-as em propostas mais modernas.

A tarde chegava ao fim quando o desfile de Kolovrat teve início, a luz da lua a iluminar o armazém de betão em Marvila através ds suas grandes janelas retangulares. A sala estava cheia e à medida que passeávamos o olhar por elas, por mera curiosidade, encontrávamos coordenados cada vez mais excêntricos, um a seguir ao outro. A coleção da designer nascida na Bósnia era igualmente intensa, obrigando os espectadores a manter o olhar fixo nos passos ritmados dos modelos. Arriscamo-nos a dizer que estar ali ou no filme O Quinto Elemento (1997) seria uma experiência semelhante. Numa viagem transcendente com centenas de anos pelo meio, do Egito ao espaço. Kolovrat apresentou-nos uma coleção futurista, mas ao mesmo tempo com um pé no passado, em conhecimentos antigos, em deuses e venerações que caíram no esquecimento.



Tecidos requintados e confortáveis ao toque, como seda, rami, algodão e denim, ganharam vida com padrões inspirados na cosmologia, na escrita de hieróglifos e nos elementos da natureza, numa paleta de cores liderada por beges, pretos e azuis.



O calçado, esse, parecia ter sido atirado ao mar e deixado a secar na areia da praia...ou de Marte, quem sabe. Especial destaque ainda para os penteados punk cheios de laca, em estilo mohawk ou espetados para todas as direções, menos para baixo.



Seguimos com Ricardo Andrez, que nos presenteou com uma coleção arrojada, onde dominaram os estampados tie-dye, o denim e a onda do experimentalismo, numa examinação das raízes das criações do designer durante a sua adolescência e anos de escola. Ora em vestidos longos com a bainha assimétrica a rojar no chão, ora em conjuntos casuais, o foco estava nos elementos femininos e masculinos "subversivos com a linguagem do sportswear e casualwear". A camisa foi uma peça constante em todo o desfile, apresentada nas mais variadas cores e designs, alinhada com calças ou saias fluídas, ou brilhando em versão vestido.








Idêntico a Kolovrat, Luís Carvalho transportou-nos para um universo alternativo, neste caso inspirado na arquitetura contemporânea das grandes cidades. Se nos perguntássemos como seria o clássico com um twist moderno e urbano, a resposta seria a coleção do criador português. Revelaram-se assim silhuetas oversize e cortes a direito, com especial ênfase (de novo) para os fatos, as blusas e as camisas, reimaginadas de diversas formas. Uma espécie de coleção "back to work" do futuro, com peças com detalhes cut out nas costas e na barriga e texturas mínimas. Na paleta de cores predominaram obrigatoriamente o branco, o cinza claro e o laranja fluorescente, tal e qual um semáforo intermitente, em padrões de riscas, quadrados e rosas inesperadas. Um pop de brilhantes verdes aqui e ali faziam por destoar a ordem dos coordenados. Na suma, uma nova visão daquilo que é o "look normal de trabalho".









Por fim, destacamos a coleção de verão de Buzina, na qual imperava a cor: vermelho, azul e amarelo mostarda entre cinzas e brancos. Cores que ganham especial importância ao serem reveladas em todo o seu esplendor, sem padrões que roubassem a atenção do olhar, realçando as linhas de cada criação. Drapeados, franzidos e bainhas com efeito balão brincavam e fundiam-se com a sofisticação dos coordenados. Brilhantes no cabelo e calçado de borracha – em bota, sandália fechada ou sapato Mary Jane – finalizavam os looks.







