100 anos da Tavares, uma história de dedicação à ourivesaria portuguesa
A Tavares, empresa centenária da Póvoa do Varzim, celebra a herança de uma família de ourives com um livro que assinala a importância do saber-fazer. “Nunca foram só joias”.
Em 1922, Virgílio Aristides Tavares abria pela primeira vez as portas do seu negócio, a ourivesaria Tavares, na Rua da Junqueira, onde ainda hoje permanece. Naquela que é uma das primeiras ruas pedonais do país, ocupada por famílias de pescadores, nascia a empresa que se tornou num marco da joalharia e ourivesaria em Portugal – e que foi casa, loja e oficina.


"A nossa empresa, que fez 100 anos em outubro, foi fundada pelo meu avô, na Póvoa do Varzim", avança Ana Tavares, sócia-gerente da ourivesaria Tavares, juntamente com o irmão Carlos. "Tenho muito orgulho no meu avô, embora nunca o tenha conhecido. As histórias que me foram transmitidas pelo meu pai fazem-me pensar muito nele: um homem que ficou sem pai aos 12 anos, que aprendeu a arte da ourivesaria, foi para a guerra e quando voltou montou o seu negócio", reflete, emocionada.

Um longo caminho e legado até chegar a Ana e Carlos, os irmãos representantes da terceira geração, que desde 2010 assumiram a empresa familiar. De facto, a Tavares, nunca conheceu sócios sem laços de sangue, característica rara, sobretudo pelo século de vida celebrado.


Para comemorar este marco, a Tavares acaba de lançar um livro que eterniza não só a história da família como a vivência da loja durante o século XXI e a evolução da ourivesaria em Portugal. "A publicação deste livro permite perpetuar muitas histórias para as gerações que vierem a seguir", conta Carlos com orgulho, na apresentação do livro no Hotel Lapa Palace, em Lisboa.


"Há imagens de oficina, desenhos antigos, fotografias. Estava tudo arquivado em pastas, a maior parte nem tínhamos conhecimento. A Joana Leandro começou a trabalhar connosco no confinamento e fez todo este trabalho de organização de documentos e pesquisa", revela Ana sobre o longo processo de organização da obra, que durou três anos e que foi depois concretizado por Rosa Maria Mota, a autora.

Contar histórias continua a ser o propósito da empresa, em primeiro lugar através das suas joias, numa panóplia imensa de coleções. O atendimento é sempre personalizado, os clientes podem restaurar peças antigas, criar outras por encomenda – forjam-se relíquias pelas mãos de mestres joalheiros, juras para uma vida.

As alianças são por norma a peça mais procurada, sobretudo pelos clientes do Norte e emigrantes. "Notamos que muitas pessoas esperam pelo verão para comprar as nossas joias, vêm dos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha", conta a empresária sobre os clientes mais fiéis.
"As joias marcam sempre momentos importantes da nossa vida. Compramos joias para assinalar conquistas, eternizar paixões e imortalizar memórias", ouvimos Ana dizer no vídeo especial criado ainda a propósito do centenário. "Nunca foram só joias", ouve-se Carlos noutro momento dessa mesma apresentação. A marca continua, pois, no seu caminho de proteção da ourivesaria tradicional, com o acompanhamento inevitável dos tempos. Recentemente, lançou também um catálogo digital, através da loja online, pretendendo apostar não só neste novo mercado, como chegar a um target mais jovem. No número 54, o berço da família, há também agora uma nova fachada, uma montra formosa a honrar o ouro popular português. Cada exemplar tem um custo de €20, podendo ser adquirido na loja Tavares (R. da Junqueira 54, 4490-519 Póvoa de Varzim), o valor das vendas reverte para o Instituto Madre Matilde, um lar que acolhe raparigas de famílias carenciadas.

Cada exemplar tem um custo de €20, podendo ser adquirido na loja Tavares (R. da Junqueira 54, 4490-519 Póvoa de Varzim), o valor das vendas reverte para o Instituto Madre Matilde, um lar que acolhe raparigas de famílias carenciadas.

Rosekey. Joias para todas as mulheres
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