COS lança linha de shapewear sustentável
A marca estreia-se no shapewear com uma coleção feita em fibras recicladas para um impacto mínimo no ambiente.
Marta Carvalho estudou Design de Moda na Faculdade de Arquitetura de Lisboa e, como amante de moda e de alternativas sustentáveis, decidiu criar um negócio que une as duas vertentes. A sua marca é inspirada em ícones de moda do passado, como estrelas de cinema e outras artistas. A Non Manon lança uma peça de cada vez para evitar eventuais gastos desnecessários e para manter a exclusividade das lojas em segunda-mão. As clientes podem comprar tamanhos de XS a XL ou encomendar uma peça à medida, sem custos adicionais.
A primeira blusa da marca chama-se Hedy, inspirada na atriz dos anos 40, Hedy Lamarr. Esta blusa de ombros "à mostra" está disponível em três tecidos diferentes: Orange Vichy, Cherry Red e Floral, com preços que vão desde os 128€ aos 183€. Neste momento a Non Manon só vende através do seu site, que está disponível para receber encomendas de todo o mundo. Em conversa com a Máxima, Marta Carvalho revelou-nos tudo o que há a saber sobre a Non Manon.
Como nasce a ideia de criar a Non Manon?
A ideia de criar a Non Manon nasceu sobretudo da necessidade de encontrar uma marca sustentável que fizesse o tipo de peças de roupa que procurava. A maioria das marcas eco-friendly vende designs mais simples e minimalistas com o objetivo de que se mantenham "trendy" por muitos anos, e enquanto consumidora, sempre recorri às lojas vintage para encontrar peças únicas, com cores e padrões que não se encontram facilmente nas lojas de fast fashion. Mas o stock vintage acaba por ser muito limitado, e é difícil encontrarmos algo no tamanho perfeito, portanto quis criar uma marca que vendesse peças modernas mas com designs inspirados no passado, para uma cliente que gosta de misturar cores e padrões sem medos. No fundo, quero oferecer aquela sensação de euforia que surge quando encontramos um tesouro vintage, mas com a variedade de tamanhos necessária para vestir qualquer cliente.
Quais foram as motivações para deixar de comprar fast fashion, e adoptar hábitos de consumo mais conscientes?
As razões para deixar de comprar fast fashion são imensas: desde o impacto ambiental (a produção e as toneladas de roupa desperdiçada) às condições lamentáveis a que são sujeitos os trabalhadores, existem muitos fatores a ter em consideração quando consideramos apoiar marcas com práticas menos honestas. Além disso, pagar pouco por uma peça de roupa leva a uma qualidade inferior e a compras mais impulsivas, o que por seu lado significa que, provavelmente, vamos acabar por usar a peça que comprámos muito poucas vezes.
O documentário "The True Cost" abriu-me muito os olhos, e foi uma das coisas que me fez decidir deixar de apoiar marcas de fast fashion por completo. Embora projetos como a Non Manon estejam agora a surgir e ofereçam opções mais premium, uma das alternativas mais baratas à fast fashion é a roupa vintage e em segunda-mão.
Que desafios encontrou na integração da sua marca no mercado, em altura de covid-19?
Os desafios são muitos, e foi um risco lançar a marca numa altura em que a economia está tão fragilizada. O poder de compra não é o mesmo, a roupa não está no topo da lista de prioridades, e portanto o meu objetivo para esta primeira fase foi, de certa forma, criar um universo inspirador através das redes sociais, para apresentar a marca e a nossa missão a audiências nacionais e internacionais.
A Non Manon foi o projeto que me deu motivação e esperança durante os dias de isolamento social, e não quis esperar meses para apresentá-la ao mundo. Embora a marca esteja apenas no início, foi muito bem recebida em Portugal e no estrangeiro, e tem vindo a crescer aos bocadinhos com o público que a segue online.
Como tem inspiração para desenhar as roupas? Em que se baseia?
Uma das minhas maiores inspirações é a moda vintage, e as tendências de décadas como os anos sessenta e oitenta; tenho álbuns e álbuns cheios de imagens de ícones de moda do passado e estou sempre a revisitá-los. Mas a inspiração vem de todo o lado, e às vezes é a paleta de cores de uma casa de banho ou uma imagem de um filme que inspiram os tecidos que acabo por escolher.
Porquê o nome Non Manon?
A inspiração para o nome Non Manon vem de um dos meus filmes favoritos, Manon 70 - é uma película dos anos 70 com a atriz Catherine Deneuve, e sempre adorei o guarda-roupa que a personagem dela usa. O "Non" acabou por ser acrescentado para dar sonoridade, com o objetivo de criar algo que soasse jovem e divertido.
Publicou no Instagram o preço de todo o processo de criação de uma peça, é raro uma marca fazer isso, porque o fez?
Eu quero que a Non Manon seja uma marca 100% transparente, e tenciono aproveitar para educar os consumidores pelo caminho. Acho que é importante que as pessoas saibam os valores que estão por detrás de uma peça sustentável, que percebam que a costureira tem de ser paga, os materiais de qualidade são mais caros, e que tudo, desde a caixa do envio a um mero botão, tem um custo que tem de ser incluído. Como qualquer outro projeto nesta era digital, a Non Manon está a crescer lado a lado com a sua audiência, e numa altura em que os clientes querem ser mais informados e envolvidos que nunca, eu aproveito para lhes mostrar tudo o que se passa no behind-the-scenes de uma marca independente e sustentável.