Pode o kiwi ser a fruta preferida de alguém? Esta jornalista tem dúvidas. Se há coisa que não é apetecível nem por dentro, nem por fora, essa coisa é o kiwi. Os pêlos dão-lhe um ar de ouriço-cacheiro – sem a fofura –, e o interior, cor de adepto do Sporting com pontos negros, é francamente repulsivo. Ninguém no seu juízo perfeito olha para um kiwi e pensa “aquilo deve ser delicioso”. É chato de descascar, não se pode comer com a pele por causa da penugem, fica tocado com facilidade, é ácido e chega a fazer aftas a pessoas com propensão. “Todos os defeitos e nenhuma qualidade”, diria a mãe desta jornalista sobre outra coisa qualquer porque, na realidade, ela é uma ávida consumidora de kiwis. Porquê? Porque, apesar do seu aspecto pouco abonatório, estes frutos estranhos têm, de facto, muitíssimas qualidades. Disso mesmo deu testemunho o médico e cientista William Li quando foi ao podcast da famosa autora norte-americana Mel Robbins.
Aliás, não só estes pequenos frutos fazem bem à saúde, como os seus efeitos são notórios ao fim de escassas 24 horas – e basta comer um único fruto para colher os benefícios. Li explica que os kiwis são uma excelente fonte de vitamina C, o que reduz a inflamação e “quem tem excesso de gordura corporal, tem inflamação”, sublinha o médico. Além disso, acrescenta Li, o kiwi é uma fruta com muita fibra “e essa fibra ajuda a melhorar a colónia de bactérias intestinais” – se a colónia não estiver saudável, basta um kiwi por dia para que as bactérias boas comecem a desenvolver-se, tornando o intestino mais saudável. “Um kiwi por dia e, no dia seguinte, vai começar a sentir os efeitos benéficos”, garante.
E por que razão é que é importante ter uma colónia intestinal saudável? Ainda bem que faz essa pergunta. Uma microbiota intestinal equilibrada traz inúmeras vantagens para a saúde. Não é por acaso que, nos últimos anos, se começou a chamar ao intestino o “segundo cérebro”. É que a saúde da colónia de bactérias intestinais tem impacto em quase todos os sistemas do corpo. Para começar, um intestino saudável melhora a digestão e a absorção de nutrientes e reforça o sistema imunitário, já que cerca de 70% das células imunitárias do corpo estão localizadas no intestino. E, como já vimos, reduz a inflamação porque uma microbiota equilibrada produz ácidos gordos de cadeia curta, que têm propriedades anti-inflamatórias. Além disso, ajuda na gestão do peso, uma vez que as bactérias intestinais influenciam o metabolismo e a forma como armazenamos gordura. E, claro, regula o trânsito intestinal – que é como quem diz, nem obstipação, nem diarreia.
Como se não bastasse, de acordo com Steve Gundry, outro médico norte-americano, o alto teor de magnésio dos kiwis faz com que estes frutos promovam um sono com melhor qualidade. O médico refere um estudo com 25 pessoas que reportaram ter perturbações do sono e que demonstrou que comer dois kiwis uma hora antes de ir para a cama, durante um mês, melhorou significativamente a quantidade de tempo passada a dormir. Ou seja, o consumo de kiwis “ajuda a adormecer mais depressa e a ficar a dormir durante mais tempo”. Porquê? Porque os kiwis “contêm vitamina B6, que ajuda a relaxar os músculos, e são uma excelente fonte de magnésio – um mineral que é crucial para dormir bem”, explica o médico.
Concluindo: um kiwi (ou dois) por dia, nem sabe o bem que lhe fazia.