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Moderada por Joana Barrios, a fast talk da ModaLisboa Collective recebeu Patrick Duffy (fundador da Glogal Fashion Exchange em 2013, que através de fóruns e eventos culturais desafia a indústria a ser mais sustentável, e da sua própria linha sustentável, Mr. Duffy); Eva Geraldine Fontanelli (fundadora e CEO da Gooders, agregador de marcas gentis para o planeta); Carolina Alvarez-Ossorio (da Ecoalf, que luta contra a utilização descuidada de recursos naturais, criando produtos reciclados com a mesma qualidade dos não-reciclados); e Alfredo Orobio (criador do maior coletivo de moda do mundo, AWAYTOMARS, que em colaboração com mais de 15.000 designers testa os benefícios da co-criação).

A discussão começou por abordar a identificação da problemática, a sustentabilidade. Alfredo Orobio mencionou a necessidade de encontrar um equilíbrio na equação da fast fashion. Há sempre alguém que perde, e é difícil convencer consumidores, que estão longe desse processo de fabrico, a pagar mais por um produto disponível por metade do preço na Primark, por exemplo. Outra das conclusões foi a de que a população ainda é, infelizmente, muito manipulável. As novas gerações são parte do problema, e como Carolina refere, cujo motor crê serem os millennials. Assim, a geração atual é, segundo Ossorio, primeiro o problema, só depois a solução. Apesar disso, Alfredo Orobio assegurou que este consumismo é fácil de resolver, precisamente por ser tão recente.

Apesar de a pressão ser posta no consumidor e na escolha de produtos, também há que pensar, num momento de introspeção, nas escolhas que um empregado de uma fábrica de roupa (em países que albergam algumas das maiores marcas e roupa do mundo) é obrigado a fazer quando, numa situação de pobreza, é levado a aceitar empregos abusivos, mas que garantem a sua subsistência.

Patrick Duffy explicou, entretanto, que cerca de 120 mãos tocam uma peça de roupa até chegar às do consumidor no mundo atual da fast fashion, sublinhando de seguida a manipulação das grandes marcas face à sua "sustentabilidade". Trata-se do chamado greenwashing, que acontece quando uma marca publicita as suas medidas "amigas do ambiente" apesar de na realidade só as aplicar numa pequena percentagem. Há ainda a questão de os certificados que a apoiam poderem ser comprados, sem regulamentação rigorosa.

Reforça-se assim a urgência em nos informarmos quanto ao que compramos, pois é muito provável que pouca informação carimbada com um certificado signifiquem que a sua marca favorita não está, efetivamente, a fazer quase nada pelo planeta. Apesar disso, Eva Fontanelli rematou que esta é uma dinâmica a dois: "muitas pessoas não estão dispostas a informar-se".

Um consumidor atento deve ser apoiado pela "educação dos educadores" e fabricantes da indústria, para assim conseguir chegar aos gigantes. Joana Barrios utilizou como exemplo os professores que já ensinam os alunos a fazer modelos a partir de recursos limitados.

Num ambiente descontraído, chegou-se à conclusão de que, principalmente, é preciso educar as pessoas. Como Carolina Alvarez Ossorio disse, "é preciso mudar a competição de melhor do mundo para o melhor para o mundo". Criar uma revolução em todo o sistema, portanto.

Apesar de a maior parte das pessoas acabar por desistir de tentar ser sustentável por ser um processo algo trabalhoso, concluiu-se na conversa que o prazer associado às compras pode ainda ser saciado, se o fizermos de forma consciente. A Máxima pediu assim aos oradores algumas dicas práticas para tornar o seu consumo mais sustentável:

  • Leve este processo passo a passo e não abruptamente: assim garante hábitos que poderá levar para a vida;
  • Veja o que tem no seu armário. Escolha o que realmente usa, perceba o que pode melhorar;
  • Reconheça que tem um impacto na indústria e calcule os recursos necessários para produzir a sua roupa;
  • Se não puder pagar peças ecológicas tão caras como é costume encontrar, comece por procurar uma boa alternativa às grandes marcas de fast fashion.
  • Faça uma doação responsável das roupas que não quer mais, de modo a contrariar a tendência de desperdício.

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