"Temos o compromisso de criar moda que não desperdice e acolha todos"
Numa altura em que a moda se reinventa em nome da sustentabilidade, a Tommy Hilfiger quer começar mudar o mundo – agora e até 2030. A marca apresentou um futuro que aposta na inclusão e no fim do desperdício. O designer e o novo CEO da marca explicam-nos como.
São 24 metas para a próxima década que aproximam a Tommy Hilfiger de um futuro mais ecológico e abrangente, a moda como indústria circular e feita à medida de todos. A intenção é ambiciosa, mas esbater fronteiras faz parte do ADN do designer – como fez entre o design de moda e a cultura pop ou entre o luxo e a moda para as massas. Dos objetivos da nova iniciativa, chamada Make it Possible, fazem parte várias metas relacionadas com a circularidade e a inclusividade, neste caso tanto para quem compra, como para quem quer trabalhar na marca. Feitas as contas, espera-se melhorar mais de um milhão de vidas em toda a cadeia de valor da empresa. Entre os compromissos da marca, estão o lançamento do Tommy Hilfiger Adaptive, para adultos e crianças portadores de deficiência, o reforço da presença de peças e materiais sustentáveis, e a ligação a organizações solidárias e ecológicas em vários pontos do mundo. Mas há muito mais, tal como explicou o próprio designer e também o CEO da marca, Martijn Hagman, em entrevista.


2020 marca o 35º aniversário de Tommy Hilfiger. Como é que a herança da marca influenciou a iniciativa Make it possible?
Tommy Hilfiger: A Make it possible baseia-se em perseguir implacavelmente aquilo em que se acredita. Quando abri a minha primeira loja, a People's Place, em 1969, na minha cidade natal, Elmira, era um lugar para reunir pessoas de todas as classes sociais e compartilhar experiências emocionantes da cultura pop, trocar ideias e desafiar as normas sociais. Inspirados por esse espírito inclusivo, lançámos recentemente o Programa People’s Place, dedicado a promover a representação das minorias nas indústrias de moda e criativas. O novo programa baseia-se no espírito inclusivo da nossa marca e na missão do Make it Possible para criar moda que "Wastes Nothing and Welcomes All".


Porque que é que a Make it Possible é necessária?
Martijn Hagman: Nunca foi tão claro que agora é a hora de agir. Os mais recentes acontecimentos mostraram-nos que a responsabilidade de causar um impacto positivo na nossa indústria e não só está nas nossas mãos. Apesar de existirem mais desafios do que nunca, temos o compromisso de usar as nossas plataformas para o bem. Impulsionar e ativar a mudança é inerente à Tommy enquanto marca e estamos a trabalhar para criar um impacto significativo e a longo prazo, que torne os nossos compromissos de sustentabilidade ambiental e social numa realidade.

Como é que a Make it Possible se destaca de outras estratégias de sustentabilidade já existentes?

MH: O nosso compromisso em criar moda que "Wastes Nothing and Welcomes All" (Não desperdiça e Acolhe Todos) está no cerne do nosso negócio, e é algo em que os nossos mais de 16.000 associados de todo o mundo trabalham todos os dias. Continuamos a desafiar-nos, a pensar como podemos tornar os nossos produtos e marca mais circulares e inclusivos em cada etapa da cadeia de valor, desde a conceção e design até o marketing, produção e vendas. A Make it Possible é a continuação de uma jornada com mais de 35 anos, e é apenas uma maneira de trabalharmos juntos para fazer uma contribuição significativa e duradoura para uma indústria da moda melhor.
A Make it possible inclui algumas metas muito ambiciosas. Como é que a marca conseguirá alcança-las?
TH: Temos o compromisso de criar moda que não desperdice nada e acolha todos. Com muito trabalho, parcerias e uma visão positiva, tudo é possível, mesmo enfrentando alguns dos nossos maiores desafios. Sabemos que uma marca de moda não pode fazer isto sozinha, mas estamos a trabalhar com a nossa diversificada comunidade de colaboradores, parceiros da indústria, outras marcas e organizações de todo o mundo para tornar a nossa visão numa realidade.
MH: A Make it possible foi cocriada pelos nossos parceiros de todo o mundo. Enquanto especialistas, ajudaram-nos a construir uma base sólida que contribuirá para o sucesso deste programa. Também reconhecemos que, para atingir os nossos objetivos, precisamos de parcerias dentro e fora da indústria da moda. Sabemos que não será fácil e que inovação, agilidade e colaboração serão fundamentais. Iremos rever e a avaliar continuamente em que ponto estamos, fazendo as articulações necessárias ao longo do caminho para podermos criar moda que ‘Wastes Nothing and Welcomes All’ e que contribua para uma melhor indústria.

Acredita que esta iniciativa vai mudar a forma como os consumidores vêm a Tommy Hilfiger?
TH: Os nossos consumidores são o foco de tudo o que fazemos. Eles esperam que sejamos líderes no caminho da sustentabilidade; desde a forma como comercializamos e modelamos as nossas peças; à maneira como criamos e produzimos as coleções; até aos locais onde podem comprar os nossos produtos - tudo sem comprometer a qualidade. À medida que avançamos na sustentabilidade com a Make it possible, os consumidores continuarão a ver a TOMMY HILFIGER a que estão habituados, mas com uma representação mais diversificada nas campanhas, mais opções e formas de compra e peças mais sustentáveis, que refletem com autenticidade o atual e os futuros consumidores TOMMY.

Como é que o recente movimento Black Lives Matter impactou a abordagem da marca no caminho da sustentabilidade social?
TH: Desde o início da marca, sempre colaborámos com uma representação diversificada de artistas, modelos e visionários e expandimos os limites do que a indústria da moda representa. Sabemos que devemos levar o nosso compromisso mais longe, por isso lançámos recentemente o Programa People’s Place, para promover a representação das BIPOC ("black, Indigenous and people of color") nas indústrias de moda e criativas. Fazendo declarações impactantes de como a moda deve ser, com autenticidade temos celebrado e retratado modelos de uma ampla diversidade de origens, tamanhos, idades, género e etnias. Continuaremos a usar as nossas plataformas para criar oportunidades e defender o que é correto.
MH: A sustentabilidade social representa metade da iniciativa Make it possible. Enquanto empresa, não fizemos o suficiente, mas estamos determinados a fazer melhor. Recentemente, lançámos o Programa People’s Place para promover a representação das minorias nas indústrias de moda e criativas. Também estamos a fazer avanços internos imediatos para nos tornarmos uma organização mais informada e imparcial, com um forte sentido de pertença. A empresa lançou um Plano de Ação Abrangente que tem como ponto de partida enfrentar a discriminação, injustiça, desigualdade e racismo. Com os recursos e a determinação para promover mudanças positivas, estamos determinados a contribuir para uma indústria da moda melhor.

Como é que a pandemia do novo coronavírus impactou a visão da Tommy Hilfiger e priorizou a sustentabilidade?
MH: Estamos mais sustentáveis, alinhados e ágeis do que nunca. A COVID-19 apenas acelerou a forma como pensamos sobre sustentabilidade, desde os nossos produtos, até aos nossos processos e colaboradores. A pandemia obrigou-nos a pensar de forma diferente - a abandonar as formas tradicionais de trabalho e encontrar inovações que promovam a nossa visão no contexto deste novo mundo. Agora, mais do que nunca, compartilhamos a responsabilidade de encontrar soluções que preservem os recursos do nosso mundo, encorajem a inclusão e construam um futuro mais sustentável, focado em princípios circulares e de inclusividade.
