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Criar e Educar

Sofia Arruda: "Tenho amigas que não sabem tirar o tablet aos filhos. Desculpa? Tiras da mesma forma que deste. As regras são tuas"

A atriz, autora do livro "Calma, Vai Correr Tudo Bem" falou sobre os desafios de educar nos dias de hoje. A conversa aconteceu no segundo dia do Máxima House of Beauty.

A atriz foi uma das quatro participantes na talk sobre a educação dos miúdos
A atriz foi uma das quatro participantes na talk sobre a educação dos miúdos Foto: DR
25 de junho de 2025 às 16:30 Maria Salgueiro e Margarida Bexiga / Com Rosário Mello e Castro

Pelas 14h45 do passado sábado, o palco que se instalou nos Jardins do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, para o , recebeu a talk "Os Grandes Desafios de Educar para os Dias de Hoje". Moderada por Patrícia Domingues, esta conversa contou com Inês Sottomayor (autora e formadora), Rita Redshoes (artista musical), Carolina Almeida (alimentação infantil simplificada) e Sofia Arruda (atriz e autora).

Sofia Arruda é mãe de dois filhos. Depois de ter o primeiro filho, publicou o livro Calma, Vai Correr Tudo Bem para partilhar a sua experiência na maternidade e os desafios do pós-parto. "Uso bastante as minhas redes sociais para ajudar a desmistificar algumas coisas relacionadas com a educação das crianças", partilhou com a plateia que esteve presente .

O Máxima House of Beauty 2025 foi palco de várias talks focadas em temas atuais e relevantes nas áreas da beleza, saúde, auto-estima e maternidade. Ao longo das próximas semanas, a Máxima vai recordar alguns momentos marcantes que passaram pelo New Era Stage ao longo dos dias 20 e 21 de junho.

"O desafio de hoje em dia é conseguir estar em todo o lado e ter tempo de qualidade com os meus filhos"

Para a atriz, a sociedade não está . "Temos tantas coisas que nos facilitam a vida de maneira a termos mais tempo e acabamos por não ter tempo nenhum para aquilo que interessa: estarmos com os nossos filhos a fazer coisas para que eles possam aprender pelo exemplo", desabafou, referindo o trabalho que se leva para casa nos telemóveis, as chamadas com os patrões e os "emails fora de horas".

"A única coisa que [os filhos] veem é a mãe e o pai com um telefone na mão, um telefone na outra, os auriculares, o computador", comentou. "O desafio de hoje em dia, para mim, o que sinto mais desafiante, é conseguir ser mãe, atriz, mulher, irmã, ou seja, estar presente em todo o lado, ajudar os meus amigos e conseguir ter tempo de qualidade à séria com os meus filhos, para ser mãe deles, para educar, efetivamente", lamentou, à conversa com as companheiras de painel.

Sofia Arruda aborda desafios da educação no Máxima House of Beauty
Sofia Arruda aborda desafios da educação no Máxima House of Beauty Foto: DR

"Comer uma mousse de chocolate com um ano de idade? Impossível"

Quando engravidou, Sofia Arruda teve uma conversa com o marido sobre os pilares que queriam seguir na educação dos filhos. "Havia coisas que, para nós, eram importantes, como a alimentação." Leram, pesquisaram e foram estabelecendo as suas diretrizes, mas sempre com flexibilidade. "Se fosse pela minha mãe, pela minha sogra, que eu amo, os miúdos comiam tudo. E está tudo bem, 'vocês também comiam e estão ótimos, estão aqui'", partilhou, referindo as dinâmicas com os avós. "Claro que estamos aqui e que o trabalho que os avós fazem é insubstituível, é muito importante para as crianças, mas também era importante haver algumas regras que nós pusemos de início."

Uma dessas regras? "O açúcar não vai entrar. Não me interessa, a pediatra não deixa. Coitada da minha pediatra, que eu amo de paixão, ela é o bicho papão lá em casa com o resto da família", revelou a atriz entre risos. “Comer uma mousse de chocolate com um ano de idade? Impossível, não pode! 'Mas é caseirinha, é ótima, com ovinhos, não tem mal nenhum'”, brinca, imitando as vozes que se levantam em protesto. A visão clara das prioridades, comentou, é por vezes descrita como "má vontade", mas não a demoveu de se manter fiel aos seus pilares.

"Tenho amigas que dizem 'não sei como tirar o tablet à minha filha'. Desculpa? Tiras da mesma forma que deste. As regras são tuas"

Considera que, em casa, são os pais quem toma as decisões em relação ao uso dos ecrãs e das redes sociais. "A questão de ter acesso livre às redes sociais, ou de ter acesso livre aos YouTubes da vida, não existe. (...) Tenho amigas que dizem 'eu não sei como tirar o tablet à minha filha'. E eu, 'mas desculpa, o que é que perdi? Que idade tem a tua filha? É que quando ela vem cá à casa, tem cinco anos. Como é que me estás a dizer que não consegues tirar o tablet a uma criança de cinco anos? [Tiras] da mesma forma que o deste. As regras são tuas. Um dia decidiste que dava jeito, seja a justificação a que for. A partir do momento em que decides que não há, não há. Tem cinco anos, não tem 25."

Sofia Arruda no painel 'Os Grandes Desafios de Educar para os Dias de Hoje'
Sofia Arruda no painel "Os Grandes Desafios de Educar para os Dias de Hoje" Foto: DR

O problema das tecnologias à mesa

"Essa questão de 'a minha filha ou o meu filho só comem a ver desenhos animados, se não, não comem' é porque o exemplo é terem uma televisão ligada em casa e os pais nem se apercebem disso", considera. "Está a dar o telejornal, 'vá agora caladinhos que a mãe está a ver não sei o quê', e facilita, efetivamente, porque se calhar tens quatro ou cinco filhos — ou mesmo que só tenhas um — mas tens uma data de coisas para fazer e queres despachar aquele momento. É mais rápido se ele estiver a ver uma coisa qualquer na televisão e nem está a ver o que estás a fazer. Enfias a comida pela boca adentro, comeu, está nutrido, xixi, cama, vai dormir, a mãe tem que ir trabalhar."

Não há como sabermos "a envolvência de cada pessoa", mas havendo vontade de mudar o hábito dos ecrãs à mesa, para a atriz, é possível dar a volta. "Claro que vão estranhar se antes o hábito costumava ser terem a televisão ligada e estarem a ver bonecos à hora do jantar. Não. Agora conversamos. 'Diz-me a coisa mais importante que fizeste hoje, de que é que gostaste mais, de que é que gostaste menos', e de repente, em dois ou três dias, temos as crianças mais pequenas a perguntar: 'Então, o vosso dia como é que foi, mamã?'.”

A eficácia do estímulo "é automática", acredita. "Faço este jogo em minha casa com os filhos das minhas amigas, que me dizem 'ah ela só come com o iPad'. [Eu digo], 'na casa da tia não há! Olha, amor, aqui não há rede nenhuma", contou. Sejam crianças com um ou 15 anos, todas as conversas interessam e são ouvidas à mesa "com interesse", promovendo partilhas sinceras e empáticas com os adultos, escuta ativa e compreensiva. "Gera-se ali um momento. Eles nunca mais vão querer comer à mesa a olhar para o tablet, vão querer conversar e até dizer 'o que é que é isso que estás a comer?' Abre-se uma porta para mostrar o que é que os pais comem, que não precisa ser diferente dos filhos — quanto a mim deveria ser tudo igual. Às vezes eles começam a pedir para provar. Se os pais tiverem a comer também coisas saudáveis, eles vão ter interesse. Abre-se um mundo gigante para tudo através do exemplo."

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