Um novo estudo confirma: maternidade envelhece. Saiba quantos anos

De acordo com a Columbia University, cada gravidez custa às mulheres anos de vida. Um envelhecimento biológico que a universidade observou nas mães e não nos pais, o que demonstra que está relacionado com o parto, a amamentação ou ambos.

Foto: Pexels
10 de abril de 2024 às 16:25 Madalena Haderer

Por vezes, dá vontade de arrancar cabelos, fugir para os montes com uma garrafa de vinho, ou fechar o marido numa caixa e despachá-lo para o Madagáscar. Cansa, rouba horas de sono e espreme a paciência. Pode causar frustração, irritabilidade e a tão debilitante depressão pós-parto. Todos estes efeitos secundários da maternidade já eram conhecidos e, convenhamos, bastante dispensáveis. Agora, como se não bastasse, um estudo da Columbia University Mailman School of Public Health vem demonstrar que ter um filho acelera o envelhecimento em 2,4 a 2,8 meses. Pior: as investigações demonstraram que as alterações de ADN que promovem este envelhecimento não se desenvolvem nos pais, dando a entender que é algo directamente relacionado com o parto, amamentação ou ambos.

A Columbia University chama-lhe um "aceleramento do envelhecimento biológico" e tem por base uma pesquisa levada a cabo nas Filipinas, com um grupo de 1735 mulheres, e demonstrou que "as mulheres que já tinham estado grávidas tinham, frequentemente, uma idade biológica superior às mulheres que nunca tinham estado grávidas".

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De acordo com a universidade, estes resultados vêm adicionar a estudos epidemiológicos já existentes que mostram que "uma fertilidade alta pode ter efeitos negativos na saúde e longevidade das mulheres". O que até aqui não se sabia – e que o estudo demonstra como verdadeiro – era se esses efeitos estavam presentes mais cedo na vida, antes que as doenças e o declínio físico e cognitivo começassem a tornar-se evidentes. A dificuldade em perceber isso estava em quantificar o envelhecimento biológico em mulheres mais jovens, dificuldade que foi ultrapassada recorrendo à metilação do ADN (DNAm, na sigla original) para estudar diferentes facetas do envelhecimento celular, saúde e risco de mortalidade. Estas ferramentas, chamadas de "relógios epigenéticos", permitem aos investigadores estudar o envelhecimento mais cedo na vida, preenchendo uma lacuna importante no estudo do envelhecimento biológico.

Calen Ryan, cientista e autor principal do estudo, explica que estes resultados "são os primeiros a seguir as mesmas mulheres ao longo do tempo, relacionando as mudanças no número de gravidezes de cada mulher com as mudanças na sua idade biológica". 

Os resultados podem ser desanimadores para mulheres que queiram ter filhos, por isso, Ryan tenta relativizá-los sublinhado que muitas das gravidezes reportadas neste estudo "ocorreram durante a adolescência tardia, quando as mulheres ainda estão em crescimento, um tipo de gravidez desafiador, especialmente se o seu acesso a cuidados de saúde, recursos ou outras formas de apoio for limitado".

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Acima de tudo, de acordo com este cientista, o estudo reforça a importância de "ajudar e cuidar dos novos pais, em especial, das mães mais jovens". E reforça também a validade da atitude das mães que ao ouvirem o seu bebé chorar a meio da noite aplicam uma certeira cotovelada nas costelas do parceiro. Já que perderam 2,8 meses de vida, o melhor que fazem é tentar recuperá-los com mais horas de sono.

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