"O papel dos pais é manter os filhos seguros. Isso passa por não deixar uma criança pequena ter acesso a redes sociais"
A Máxima reuniu um excerto da conversa "Os Grandes Desafios de Educar para os Dias de Hoje", que aconteceu no Máxima House of Beauty e contou com, entre outras convidadas, Inês Sottomayor e Carolina Almeida.
Filhas atentas aos ecrãs refletem debate sobre segurança e redes sociais
Foto: Unsplash09 de julho de 2025 às 13:07 Maria Salgueiro
O que podem os filhos ensinar aos pais? "Basta estar-se atento às crianças para percebermos como o mundo pode ser tão maravilhoso", responde Carolina Almeida, fundadora do maior site de alimentação infantil em Portugal, Comida de Bebé. "Se estivermos disponíveis, eles vêm para nos mostrar que há muito mais além. Que pode ser de uma forma diferente, que até é muito mais saudável e harmoniosa", acrescenta Inês Sottomayor, arquiteta de sonhos. A conversa aconteceu no Máxima House of Beauty a 21 de junho, numa talk moderada por Patrícia Domingues, e que contou também com Sofia Arruda e Rita Redshoes.
A Máxima reuniu um excerto da conversa "Os Grandes Desafios de Educar para os Dias de Hoje", ao longo do qual Inês e Carolina falam sobre a segurança e o exemplo que os pais devem transmitir e ser para os filhos, não esquecendo tema incontornáveis da atualidade no que aos miúdos diz respeito: os ecrãs e as redes sociais.
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O Máxima House of Beauty 2025 foi palco de várias talks focadas em temas atuais e relevantes nas áreas da beleza, saúde, auto-estima e maternidade. Nas últimas semanas, a Máxima vai recordar alguns momentos marcantes que passaram pelo New Era Stage ao longo dos dias 20 e 21 de junho.
Inês Sottomayor e Carolina Almeida no Máxima House of Beauty falam sobre educação.
Foto: Claudia Teixeira
A Inês partilhou uma frase que é "não se exige o que não se ensina". Que é um bocadinho este acto de ensinar pelo exemplo, não é?
Inês Sottomayor: Podemos dizer tudo aquilo que quisermos mas, se não formos um exemplo, vai cair por terra. Não vale a pena. É uma incongruência. E as crianças leem muito mais essa parte da incongruência do que propriamente as palavras. Os pais estão inseguros. Há muita imaturidade também. Ou seja, também é necessário este trabalho em si [mesmos], primeiro, porque eu não consigo passar a segurança se eu não me sentir como tal, não é? Não consigo dizer a uma criança, "eu acredito em ti, nas tuas competências", se eu própria puser em causa aquilo que faço.
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O grande desafio hoje em dia é exatamente este desenvolvimento das competências humanas, como lhes chamo. Há falta de empatia, de criatividade. Todas estas competências aconteciam de uma forma muito natural, porque havia uma comunidade quase que a tratar de nós. Hoje em dia, a comunidade é um ecrã. E isto não desenvolve competência nenhuma, por mais que a gente queira. E, portanto, sim, esse é o grande desafio hoje em dia.
Que competências é que vocês se esforçam por também passar e trabalhar com os vossos filhos?
Inês Sottomayor: É engraçado. Quando os pais me chegam, raramente são aqueles que já pensaram nisto: que valores é que eu quero passar aos meus filhos? Esta família que eu estou a construir, e que vem com educações diferentes, dos dois lados, o que às vezes até gera conflito... o que é que nós, enquanto família nuclear, queremos passar aos nossos filhos? E isto, por estranho que pareça, raramente é conversado. Por norma, os pais dizem-me, "nós nunca tínhamos pensado nisto". Se calhar até está lá inconscientemente. Sabem que querem passar o respeito, que querem passar a honestidade, o que for, mas depois a forma como o fazem, muitas das vezes, é diferente. Aí é que vem o conflito. Sermos assertivos e passarmos essa segurança aos nossos filhos é fundamental, exatamente para não vir o, “ah, mas o pai deixa, mas a mãe diz aquilo”, e haver este confronto, não é? Que é sempre muito mais difícil de gerir.
A segurança tem de vir de nós primeiro e, a partir daí, vamos dar-lhes confiança para crescerem saudáveis. Não é aquela criança que pode tudo e que dita as regras, não é isso que gera autoestima, muito pelo contrário. Esse papel é nosso, independentemente de tudo. Até posso ter dúvidas, mas vou perguntar e vou-vos mostrar como é que se pode fazer. E devemos confiar também, um bocadinho na nossa intuição, mais do que vermos as dicas todas e mais algumas que há para aí, porque a nossa família é única, e temos que perceber, também, o que é que cada filho traz de único para a família e como é que podemos respeitá-los nessa individualidade, que eu considero fundamental.
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Inês Sottomayor e Carolina Almeida debatem desafios da educação no Máxima House of Beauty.
Foto: Claudia Teixeira
Falaste aqui do termo saudável e de trabalhar didaticamente para criar ambientes saudáveis.
Inês Sottomayor: É isso, é conseguirmos essa harmonia de respeitar a diferença de cada um. Óbvio que quem dita as regras em casa são os pais. Essa coisa de que, “ah, mas o filho agora diz como é que se faz e que isto e aquilo", ou que pode ter redes sociais, ou que pode, não pode. Agora estou com a minha filha, que fala do skincare e disto e aquilo, mas eu não quero saber das redes sociais, não podes, ponto.
Carolina Almeida: Eu ouvi uma frase de uma pediatra norte-americana que dizia que o nosso principal trabalho é manter os nossos filhos seguros. Acima de tudo, é mantê-los seguros. Eu acho que isso é muito importante, porque nós esquecemos, nós queremos que eles sejam felizes e que eles tenham o mesmo que os amigos tenham, mas a nossa principal tarefa é mantê-los seguros. Sim. E isso passa por não deixar uma criança pequena ter acesso a redes sociais. Acho que isso é muito importante e estamos a esquecer-nos um pouco disso. As redes sociais são extremamente perigosas. O próprio YouTube é perigoso para crianças pequeninas.
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Tocaram aqui num ponto importante. Estamos aqui a falar de educação de pais para filhos, mas o que é que vocês aprenderam com os vossos filhos?
Carolina Almeida: Do meu lado, nós aprendemos muito a ouvir. É super interessante descobrir isso depois ter filhos, porque nós vimos de uma geração em que as crianças tinham que fazer porque sim. E lá em casa temos o hábito de... eu digo que não, mas explico porquê. E os meus filhos têm o direito de dizer porque é que não acham correta ou não acham justa a minha decisão. Mas há esta abertura. E realmente as crianças têm... são super inteligentes e são super curiosas, e basta estar-se atento às crianças para percebermos como o mundo pode ser tão maravilhoso.
Inês Sottomayor: Completamente, eles agora questionam e ainda bem. Acho que é muito importante eles entenderem porque é que nós dizemos que não a certas coisas. Se nós estivermos disponíveis, eles vêm para nos mostrar que há muito mais além. Que pode ser de uma forma diferente e que até é muito mais saudável e muito mais harmoniosa do que se calhar a bagagem que nós trazemos. Mas precisamos dessa disponibilidade, desse tempo.
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