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Jornal médico demonstra que uma injeção de cetamina reduz a depressão pós-parto

A dose é baixa e para ser aplicada uma única vez pouco depois do parto. Das mulheres injetadas com esta substância, 12 tiveram episódios depressivos graves nos 42 dias depois do parto versus 46 mulheres injetadas com placebo.

Foto: Getty Images
11 de abril de 2024 às 15:57 Madalena Haderer

De acordo com o British Medical Journal, uma pequena dose de cetamina – uma substância utilizada em anestesias, controlo da dor e tratamento da depressão – administrada uma única vez e logo depois do parto pode ser tudo o que é preciso para manter a depressão pós-parto à distância. Já havia estudos sobre os efeitos positivos da cetamina em mulheres com partos por cesariana, mas estes sempre excluíram mulheres com sintomas de depressão durante a gravidez que estão, na verdade, mais vulneráveis à depressão pós-parto. O enfoque deste estudo é, portanto, precisamente nestas mulheres e independentemente do tipo de parto. Sobre a depressão pré-natal, o estudo explica ser um situação bastante comum, "com uma prevalência reportada de 6-13% em países de rendimento elevado, 21% em países de rendimento médio e 26% em países de rendimento baixo".

Neste estudo, que decorreu em cinco hospitais chineses entre junho de 2020 e agosto de 2022, participaram 364 mulheres que tinham sido diagnosticadas com sintomas de depressão durante a gravidez. Cerca de 40 minutos depois do parto, metade das mulheres foi injetada com 0,2mg/kg de cetamina, e a outra metade, com placebo. Passados 42 dias, das mulheres injetadas com cetamina, 12 – ou seja, 6,7% – tinham tido um episódio depressivo grave, o que compara com 46 mulheres – 25,4% – das que foram injectadas com placebo. O que representa uma redução de cerca de três quartos. De sublinhar que houve maior incidência de "episódios neuropsiquiátricos adversos" no grupo da cetamina – observados em 82 mulheres versus 40 no grupo do placebo –, no entanto, "os sintomas duraram menos de um dia e nenhum necessitou de tratamento medicamentoso".

O estudo sublinha que "a depressão pré-natal é um forte indicador da depressão pós-parto". Razão pela qual, mulheres com depressão pré-natal são "boas candidatas para intervenções que possam reduzir a depressão pós-parto". Salvaguardando que "medidas não farmacológicas sejam preferíveis, os tratamentos medicamentosos são por vezes necessários", porém "o uso de antidepressivos tradicionais durante a gravidez e a amamentação é limitado pelo início retardado dos efeitos e pelo potencial de causar danos aos recém-nascidos". Pelo que o uso da cetamina, que não suscita as mesmas preocupações, parece ser um bom candidato no combate desta condição debilitante.

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