Afinal, porque estamos permanentemente cansados?
Noites agitadas e falta de energia são sintomas cada vez mais comuns, sobretudo entre os jovens. Um novo documentário explora os meandros da fadiga crónica, um fenómeno que parece crescer a um ritmo galopante, e que parece ter-se agravado pós-pandemia.

Há quem garanta que a fadiga está a caminho de se tornar a doença do século. Uns têm empregos que odeiam, outros filhos indisciplinados, outros ficam esgotados entra tantas reuniões de Zoom... depois há os que simplesmente dormem mal, andam sempre à pressa e também não reclamam de nada a não ser de cansaço, sem saberem ao certo - ou se esforçarem muito - para saber o porquê dele atacar em força.
Ao longo de vários meses pós-pandemia, têm sido muitos os estudos feitos sobre a avaliação da fadiga e todos eles têm tido conclusões comuns. Em outubro de 2022, por exemplo, a Santé Publique France constatou que 71% dos franceses acreditavam ter distúrbios do sono (causados por cansaço). Também a Fundação Jean Jaurès e o IFOP publicaram um relatório em novembro confirmando que 41% dos franceses se sentiam mais cansados desde a Covid-19 e que 45% dos entrevistados desenvolveram mesmo uma preguiça de sair de casa.

Lucia Sanchez, diretora do documentário Je suis fatigué, transmitido a 20 de abril de 2023 pela France TV, também se deparou com essa epidemia de astenia (diminuição da força física): "Eu ouvia esse tipo de frase: 'você está bem, não está muito cansada?' Tornou-se uma espécie de ritual, deixámos de responder 'estou bem' e sim 'estou cansada'". Neste seu documentário, Sanchez questiona o que é que afinal nos cansa, e do que é que andamos todos a correr atrás.
Enquanto fazia o documentário, a realizadora foi-se apercebendo que existem diferentes tipos de cansaço. De acordo com os especialistas que foi ouvindo, deduziu que é importante saber diferenciar entre o cansaço bom, que ocorre após um esforço, e o esgotamento. A filósofa Hélène L'Hœuillet (autora de L'Éloge du retard), com quem também falou, define este último estado como "estar-se privado da própria temporalidade".


Ao entrevistar uma porteira de um prédio, um estafeta, um camionista, um engenheiro e um ex-vendedor, a realizadora quis "falar sobre um cansaço coletivo entre pessoas que fazem trabalhos bastante diferentes". Logo, se as causas materiais desses esgotamentos divergem, tudo parece resultar de uma falta - a falta de tempo, a falta de sono, a falta de energia ou a falta de sentido.
A própria Lucia Sanchez fala sobre a sua experiência com o cansaço, e que vivemos uma época "extremamente cansativa". "As disparidades económicas, a ascensão do radicalismo, o esgotamento dos recursos, são coisas que atingem qualquer ser humano, a falta de esperança cansa", conta, neste documentário.
O documentário reflete também sobre o momento atual, que todos nós sabemos crítico em França - a realidade testada neste ensaio visual -, por conta de todas as contestações e manifestações contra a política de reformas, e aponta o mundo do trabalho como fonte de desgaste. A um nível mais global, a exigência de um nível de produtividade cada vez maior, que os recursos digitais não conseguiram desacelerar, está a encurtar o tempo das pessoas. "Precisamos de ser donos do nosso tempo", argumenta Lucia Sanchez, concordando com algo que Marx escreveu em 1867 n'O Capital, e que diz que o trabalho "rouba o tempo que deveria ser usado para respirar o ar livre e aproveitar a luz do sono".

E no que à sobrecarga ou à natureza árdua do trabalho físico diz respeito, Sanchez revela que "muitas vezes as tarefas são absurdas, somos uma pequena engrenagem numa máquina onde o nosso trabalho não tem começo nem fim". E esse é o problema. Ela junta-se assim à filósofa Hélène L'Hœuillet, que no documentário insiste muito na ideia de que podemos descansar - e desfrutar disso - quando uma tarefa é concluída.

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