Poderá o chocolate negro reduzir o risco de diabetes?

Um estudo publicado pelo The British Medical Journal conclui que a ingestão de cinco ou mais porções poderá contribuir para uma baixa probabilidade de termos diabetes. Fomos procurar saber mais, com a ajuda de Marta P. Silvestre, nutricionista especialista em nutrição clínica e professora auxiliar da NOVA Medical School.

Foto: Pexels
18 de dezembro de 2024 às 11:40 Safiya Ayoob

O chocolate negro, conhecido pelo seu sabor intenso e teor elevado de cacau, está novamente no centro de atenções. Um estudo sugere que este alimento pode trazer benefícios surpreendentes para a saúde, incluindo uma possível redução do risco de desenvolver diabetes. Mas o que nos dizem as evidências científicas?

Um artigo publicado no The BMJ - British Medical Journal - revelou que o consumo regular de chocolate negro – cerca de 5 ou mais porções semanais (30g cada) – está associado a uma redução de 21% no risco de desenvolver diabetes. "Este efeito, no entanto, não foi observado em relação ao chocolate de leite, que, pelo contrário, mostrou estar ligado a um maior ganho de peso", informam-nos os resultados do estudo.

PUB

Os benefícios do chocolate negro parecem residir na sua elevada concentração de polifenóis, compostos antioxidantes encontrados em alimentos de origem vegetal. Estes compostos podem ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina e a reduzir a inflamação, dois fatores-chave no desenvolvimento da diabetes tipo 2. Além disso, os resultados mostraram-se particularmente relevantes para indivíduos com menos de 70 anos, sugerindo que os benefícios podem ser mais evidentes em pessoas mais jovens, afirma à Máxima Marta P. Silvestre, nutricionista especialista em nutrição clínica e professora auxiliar da NOVA Medical School.

Apesar destes resultados promissores, é crucial sublinhar que os estudos realizados até ao momento são de natureza observacional, ou seja, identificam correlações, mas não provam uma relação de causa e efeito. A nutricionista reforça este ponto ao afirmar que, embora a análise estatística seja sólida e robusta, "são necessários estudos clínicos de intervenção que permitam mostrar a causalidade desta hipótese".

Ainda assim, deve-se olhar para o contexto global. O excesso de peso e a má distribuição da gordura corporal continuam a ser os fatores de risco mais significativos para o desenvolvimento de diabetes. Segundo Marta P. Silvestre, "o fator de risco modificável com mais impacto no desenvolvimento de diabetes continua a ser o excesso de peso e a distribuição da gordura corporal". Por isso, embora o chocolate negro possa ser uma adição interessante à dieta, o seu consumo deve integrar-se num padrão alimentar equilibrado e variado.

PUB

A inclusão moderada de chocolate negro na alimentação não deve ser vista como uma solução mágica, mas como um complemento potencialmente benéfico. Como em tudo, a moderação é essencial, especialmente porque o chocolate, mesmo na sua forma mais pura, é calórico.

Assim, se é amante de chocolate, o negro, com pelo menos 70% de cacau, poderá ser a escolha mais amiga da saúde. Mas lembre-se: o segredo está numa alimentação globalmente equilibrada e numa vida ativa. Afinal, o caminho para a prevenção da diabetes passa mais pela consistência nas escolhas diárias do que por soluções milagrosas.

leia também

Comer gelo pode danificar os dentes, mais do que pensávamos

O hábito que muitos consideram inofensivo – trincar cubos de gelo – pode, na verdade, ter consequências inesperadas. Além de causar danos significativos aos dentes devido à sua dureza, este comportamento pode ser um sinal de problemas de saúde subjacentes que merecem atenção.

O que comer e beber quando estamos constipados, segundo especialistas

Na luta contra a constipação, não existem alimentos milagrosos, mas escolhas alimentares bem pensadas podem fazer uma grande diferença. Filipa Costa, nutricionista do Trofa Saúde - Alfena e Maia, conversa com a Máxima sobre o que devemos de adotar na nossa alimentação para conseguirmos ter uma recuperação mais rápida.

PUB
PUB