"Bed Rotting". O que acontece se ficarmos na cama demasiado tempo?

Quem nunca ficou algum tempo extra na cama durante o fim de semana? Tudo é bom, mas não em excesso. Esta forma de preguiça pode parecer tentadora para escapar às pressões do dia-a-dia, mas os seus efeitos negativos na saúde física e mental podem ser devastadores a longo-prazo, conta uma psiquiatra.

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01 de março de 2024 às 07:00 Safiya Ayoob / Com Rita Silva Avelar

O termo "bed rotting" tem ganho destaque nos últimos tempos como uma expressão que descreve o hábito de passar longos períodos na cama, não para dormir, mas sim para realizar atividades passivas, como navegar na internet, ver televisão ou simplesmente ficar a contemplar o teto. Este fenómeno tem despertado algumas preocupações devido aos seus potenciais impactos na saúde física e mental das pessoas que o praticam.

Enquanto descansar é uma parte essencial do bem-estar, o "bed rotting" pode ultrapassa os limites do saudável. Em vez de ser uma pausa revigorante, torna-se numa forma de evitar responsabilidades e escapar à realidade. Esta prática pode levar a uma série de problemas, incluindo a deterioração da saúde física, o isolamento social e até mesmo problemas psicológicos. "O cansaço extremo, a falta de motivação ou vontade e o receio de enfrentar o dia podem ser sintomas de doenças médicas não tratadas (como anemia ou doenças da tiróide, por exemplo) ou sintomas de uma depressão ou ansiedade não tratadas", afirma Maria Moreno, médica psiquiatra na clínica Fisiogaspar, em Lisboa.

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Um dos principais riscos associados ao "bed rotting" é a falta de atividade física. Passar longos períodos na cama sem se mover pode levar a uma diminuição da massa muscular, rigidez nas articulações e até mesmo problemas circulatórios. Além disso, a exposição prolongada a ecrãs luminosos, comum durante este processo, pode perturbar os padrões de sono e causar fadiga ocular e dores de cabeça. Relativamente a este tópico, a psiquiatra acrescenta que "a cama deve servir a sua função – dormir. A partir de um certo ponto, quanto mais tempo na cama, mais cansados, física e psicologicamente. As costas doem, os músculos ficam tensos, as pernas inchadas. A energia e a motivação escapam, ficamos tristes e ansiosos. E, muito importante, vamos ter muita dificuldade em adormecer na noite seguinte."

Para combater esta preguiça excessiva, é importante adotar estratégias que promovam um estilo de vida mais ativo e equilibrado. Estabelecer horários regulares para dormir e acordar, é um passo extremamente importante, pois "o padrão de sono é variável de pessoa para pessoa e é regulado por um 'relógio' interno que se situa ao nível da glândula pineal" explica. "Os seres humanos têm este 'relógio' programado para estarem acordados durante o dia, quando existe luminosidade, e dormir de noite, quando a luminosidade está reduzida ou é inexistente". Quando não respeitamos este nosso ritmo, o que acontece? Há alteração na produção de neurotransmissores e hormonas de stress. "Além de causar estragos ao cérebro, existe prejuízo do pensamento, comportamento e regulação emocional, que podem condicionar o aparecimento de doença mental."

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Além disso, é importante reconhecer os sinais de alerta do "bed rotting" e procurar ajuda se necessário. Se sentir que está a passar demasiado tempo na cama sem motivo aparente, ou se estiver a notar mudanças significativas no seu humor e comportamento, é importante falar com um profissional de saúde para obter apoio e orientação.

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