Novo estudo desafia “mito da superioridade da monogamia”
Uma análise que envolveu quase 25 mil pessoas nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e alguns países europeus, incluindo Portugal, demonstrou que indivíduos em relacionamentos monogâmicos e não-monogâmicos relatam níveis semelhantes de satisfação nas suas relações e vidas sexuais.

É provável que o que Winston Churchill dizia sobre a democracia – que é a pior forma de governo excepto se comparada com todas as outras – seja também aplicável à monogamia. Não, necessariamente, do ponto de vista político, mas como forma de governar o coração e os relacionamentos de cada um. Regra geral, tendemos a achar que a monogamia é uma das coisas que nos separam do reino animal – se não tivermos em consideração os pinguins-imperadores, os cisnes e outros bichos que acasalam para a vida. A monogamia é, na prática, o regime que dá menos chatices e calha também a ser o único reconhecido pelos governos ocidentais, poupando-nos a complicações em casos de divórcio e morte, principalmente no que toca a bens e a filhos. Mas será também o que traz mais satisfação? Pois, certamente que… Não. Pelo menos, é o que garante um estudo recente que desafia aquilo a que chama "mito da superioridade da monogamia".
Um estudo, publicado no final do mês passado no The Journal of Sex Research, e que teve por base a análise de 35 estudos mais pequenos que, ao todo, envolveram 24.489 pessoas nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e em diversos países europeus, incluindo Portugal, demonstrou que indivíduos em relacionamentos monogâmicos e não-monogâmicos relatam níveis semelhantes de satisfação nas suas relações e vidas sexuais. O estudo revisto por pares desmonta a crença predominante de que as relações monogâmicas – definidas como um compromisso romântico e sexual exclusivo com um único parceiro – são intrinsecamente superiores na promoção de relações satisfatórias, quando comparadas com outras estruturas.

As análises por subgrupos revelaram que os níveis de satisfação mantiveram-se consistentes entre diferentes grupos demográficos, incluindo participantes LGBTQ+ e heterossexuais, bem como entre diferentes tipos de arranjos não-monogâmicos consensuais, como relações abertas e poliamor, ou ainda entre várias dimensões da satisfação relacional, como confiança, compromisso ou intimidade.
Em comunicado, Joel Anderson, autor principal do estudo, que é psicólogo social, professor e investigador no Centro Australiano de Investigação em Sexualidade, Saúde e Sociedade da Universidade de La Trobe, comenta as conclusões da seguinte forma: "A nossa teoria para explicar estes resultados prende-se, talvez, com aquilo que consideraríamos um dos problemas mais comuns nas relações – e certamente uma das principais causas de separação – a infidelidade. Pessoas em relações não-monogâmicas têm, frequentemente, acordos com os seus parceiros que tornam a infidelidade um fator irrelevante, enquanto, para os monogâmicos, é uma experiência naturalmente devastadora."
De acordo com este investigador, os resultados do estudo levantam sérias dúvidas sobre alguns dos preconceitos mais comuns em relação à não-monogamia. Anderson alerta, ainda, para o facto de "as pessoas em relações não-monogâmicas [enfrentarem] frequentemente estigma, discriminação e barreiras no acesso a cuidados de saúde e reconhecimento legal".

O investigador conclui dizendo o seguinte: "O que verificamos é que estas pessoas vivem relações excelentes e têm uma vida sexual satisfatória, mesmo com a constante vigilância social e tratamento desigual ou mesmo preconceituoso por parte de uma sociedade que vê as suas escolhas relacionais como desviantes da norma."

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