"Quando comecei a escrever sobre rainhas, percebi que há um lado das suas histórias não contado."
A primeira nasceu em Saragoça e ficou noiva aos dez anos, aos 12 já vivia em Portugal. A segunda era bisneta do rei de França e cresceu com os irmãos num palácio da Normandia, até que se casou com Carlos, herdeiro ao trono de Portugal e teve um destino infortúnio.

Depois de D. Maria II - A menina rainha" e de D. Filipa de Lencastre - A rainha que seguiu a sua estrela, editados pela Planeta Editora, a escritora e jornalista Isabel Stilwell conta mais duas histórias de rainhas emblemáticas de Portugal. É a vez de lermos sobre as vidas de Amélia de Orleães e de Isabel de Saragoça, duas mulheres muito diferentes, sobretudo porque a primeira teve uma vida trágica e a segunda uma vida envolta em mistérios religiosos.
"Há muito interesse em continuar esta coleção, até porque há sempre muitos leitores pequeninos a pedir, a dizer que queriam ler mais. A filosofia continua a ser a mesma: perceber como podemos atrair as crianças para saber mais sobre a história de Portugal e que não demorem tantos anos até chegar a adultos, quando lêem pela primeira vez um romance histórico, e percebem que afinal gostam de História", diz à Máxima Isabel Stilwell. "Quero muito mostrar que estas rainhas, que contribuíram para o Portugal que temos hoje, também foram um dia crianças. Também sentiram inseguranças, dificuldades, e que independentemente da época em que viveram fazem aquilo que eu acho que todos devíamos fazer, que é fazer a diferença", acrescenta sobre a coleção que, como escritora bestseller que é, a deixa notavelmente orgulhosa. "Quando comecei a escrever sobre rainhas, foi porque a D. Filipa de Lencastre me interessava, e acabei por perceber que estas mulheres são muito desconhecidas e que há um lado da sua história que não foi contado."


Em D. Amélia – A rainha que deixou o coração em Portugal, Isabel conta a história trágica de uma "criança que cresceu muito depressa, ficou muito alta", diz. " E foi graças aos seus diários que pudemos ler os seus conflitos com a mãe, que são completamente adolescentes, como a mãe querer que ela vista um vestido que não tem graça nenhuma, ou que estude à maneira dela. Foi uma rainha com muitos obstáculos, mais do que aqueles que desejaríamos para nós próprios, mas conseguiu superá-los."
Quanto a Isabel de Aragão – A nossa Rainha Santa a história foi contada com o intuito de perceber como é que "aos 12 anos, esta menina veio embora, deixou o país dela, deixou os pais, o que mostra a resiliência de uma criança", diz. "A Rainha Santa é praticamente só falada quando se conta a [Lenda] do Milagre das Rosas, e a história dela acaba por se perder. A história desta mulher foi muita mais rica do que isso, teve espionagem, diplomacia, medicina, muitas outras coisas. É uma mulher preocupada com os outros, muito determinada, vaidosa nas suas origens, e que vai ter dois filhos, além de mandar a sua filha para outro reino", conta a autora.

Sobre as ilustrações a cargo das ilustradoras Ana Oliveira e de Cátia Vidinhas, Isabel Stilwell diz que "só conseguimos manter esta área viva, se conseguirmos empatizar com estas mulheres, se nos conseguirmos relacionar com elas". Até porque "independentemente de as roupas serem diferentes, e da cultura ser distinta, a verdade é que temos ali uma criança".

Avó de oito netos, Isabel baseia-se muito nas suas reações. "Dizem-me: 'oh avó, isso, eu não percebo!' É logo um alerta para eu ver que não estou a explicar a história como devia. Mas o grande desafio é fazê-los sentir que estão dentro da história. Os livros em papel, esta maneira de contar e a beleza das ilustrações fazem a diferença e continuam a ter lugar na vida das crianças a par de toda a tecnologia. Gostava de contribuir para que as crianças continuassem a ler em papel."

Isabel Stilwell: "Faz-me confusão a competição entre mães que as redes sociais encorajam."
O livro "Birras de mãe" dá continuidade a um troca de palavras entre Isabel e Ana, mãe e filha, durante a adolescência da segunda, com um diário para cada uma. Agora, as conversas (e as birras) ganham novas temáticas com um humor que só se consegue com a cumplicidade da maternidade.
A vida surpreendente das freiras de outros tempos
Meninas e moças as levavam de casa de seus pais para um convento de clausura. Mas esse destino, à primeira vista cruel, podia ser mais livre do que as mulheres que ficavam na vida secular, ao lado de marido e filhos. Quem o diz é o historiador Arlindo Manuel Caldeira no livro Mulheres Enclausuradas - As Ordens Religiosas Femininas em Portugal nos séculos XVI a XVIII.
A insustentável leveza de não fazer nada
Não sei porque é que chegamos ao fim do dia e suspiramos um angustiado "hoje não fiz nada" quando, na realidade, não parámos um minuto. Já o disse a mim mesma mil vezes, mas a verdade é que volto sempre ao mesmo lugar.