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Haverá uma nova cura para a depressão pós-parto?

Há uma substância que pode, no futuro, solucionar as reações químicas no corpo que desencadeiam a depressão pós-parto.

16 de agosto de 2018 às 07:00 Rita Silva Avelar
A depressão pós-parto está longe de ser incomum. Nem todas as mulheres que sofrem com o problema são afetadas pelo resultado das (tantas vezes drásticas) mudanças hormonais do corpo, mas a maioria sim. Aliás, as estatísticas dizem que cerca de 10% a 20% das mulheres experienciam os sintomas de depressão pós-parto, depois do nascimento da criança. Destas, 5% a 10% têm sintomas depressivos considerados graves, o que significa que 1% das mulheres são diagnosticadas com depressões graves depois do parto.
Mas porque é que a depressão pós-parto ocorre? Em termos hormonais, há muitas mudanças a acontecer durante a gravidez. Uma das causas é a alopregnanolona, um neurosteroide que deriva da progesterona, que por sua vez é produzida no corpo e no cérebro. Durante a gravidez, os níveis de alopregnanolona e a progesterona sobem substancialmente e regularizam de novo logo após o parto. Como a alopregnanolona também é sintetizada por células no cérebro, incluindo neurónios excitatórios, e em resposta ao stress, acaba por provocar efeitos diretos nos recetores GABA. O GABA, por sua vez, é o neurotransmissor inibitório mais comum no cérebro, capaz de diminuir a capacidade de resposta de várias células cerebrais a outros neurotransmissores.
Resumindo: como é produzida no cérebro e afeta a atividade do mesmo, a alopregnanolona é classificada como um neurosteroide que pode alterar a função cerebral. Quando os níveis de alopregnanolona descem rapidamente a seguir ao parto, as células nervosas que contêm neurotransmissores inibitórios demoram um pouco a adaptar-se à nova situação. Os estudos apontam para uma relação entre esta descida e o despontar de sintomas depressivos nas mulheres.
Segundo um estudo realizado pelo psicólogo Stephen Kanes, publicado em psychologytoday.com, poderá existir um novo medicamento que solucione esta reação. Chama-se brexanolone e é uma formulação de alopregnanolona que pode ser administrada de forma intravenosa. Uma infusão de 60 horas deste composto pode restabelecer de forma gradual o nível de alopregnanolona aos níveis de pré-parto, permitindo assim que o cérebro se ajuste a uma diminuição mais gradual dos níveis de esteroides. Os resultados dos testes realizados a um grupo de 21 mulheres mostram que sete em cada 10 tratadas com esta infusão de brexanolone responderam de forma positiva, com uma diminuição dos sintomas. Para já, a substância continua a ser testada para um possível uso no atenuar da depressão pós-parto.
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