“A dieta mediterrânica é a melhor para o funcionamento cerebral”
Sabia que o sono elimina a proteína b-amiloide, uma proteína que está na génese da doença deAlzheimer? E que os alimentos processados, pobres em vitaminas e sais minerais prejudicam o cérebro? A Máxima conversou com o psiquiatra Tiago Reis Marques para desmistificar o tema.

Não, não existem alimentos específicos que, pelo menos de forma imediata, potenciem um melhor funcionamento do cérebro, muito menos exercícios mentais milagrosos. Mas existem regras de ouro que podem trazer grandes resultados, a médio-longo prazo, na optimização da atividade cerebral.

"Alguns alimentos ou bebidas têm propriedades estimulantes, como a cafeína, aumentando a nossa atenção e capacidade de concentração. No entanto são efeitos transitórios e não têm uma função direta na atividade cerebral. Uma vez que os nossos neurónios utilizam exclusivamente glicose (um açúcar) como fonte energética, podemos também ter a percepção que ao consumirmos açúcar ficamos de alguma forma mais despertos ou a pensar melhor," avança o psiquiatra Tiago Reis Marques Mesmo em entrevista à Máxima. "Assim, não devemos procurar nada que transitoriamente aumente esse funcionamento, já que o cérebro é um órgão que tem um funcionamento bastante preciso e regulado, e o importante é mantermos um equilíbrio adequado entre os alimentos e atividades que são neuro-protetoras, reduzindo aqueles que têm uma função tóxica ou neuro-degenerativa".
Pelo contrário, existem alimentos com implicações negativas na nossa saúde cerebral. "Tudo o que são alimentos processados, pobres em vitaminas e sais minerais, mas caloricamente ricos, são prejudiciais para o cérebro. Sabe-se hoje, por exemplo, que dietas ricas em gordura contribuem para o agravamento de sintomas depressivos e de aumento da ansiedade. Apesar de tudo, temos que distinguir as gorduras, pois existem gorduras boas que são muito importantes, diria mesmo fundamentais, para o nosso cérebro. Estou a falar por exemplo dos ácidos gordos poli-insaturados, como o ómega 3 e o ómega 6, essenciais para um envelhecimento cerebral saudável, reduzindo a neuro-inflamação, o stress oxidativo e a agregação plaquetar. Dietas pobres em vitaminas, como a Vitamina D, ácido fólico e a Vitamina A e K, podem contribuir respectivamente para o agravamento de sintomas depressivos, bem como para um agravamento do envelhecimento cognitivo e deterioração da memória. Daí se dizer que a dieta mediterrânica é a melhor para o funcionamento cerebral, pois é rica nestas gorduras, rica em frutas, vegetais e frutos secos, e relativamente pobre em carne vermelha e carbohidratos" continua.

No que respeita ao exercício físico, não existem actividades nocivas para o cérebro a não ser as que implicam um impacto físico agressivo, como o futebol americano ou o boxe. Ou seja, a prática desportiva é sempre benéfica à excepção de situações em que possam ocorrer micro-traumatismos cerebrais. "Um estudo norte-americano recente em jogadores da liga de futebol americano (NFL) mostrou que quando se examinaram os cérebros destes, 110 em 111 jogadores tinham sinais de encefalopatia traumática, ou seja, lesões cerebrais decorrentes do traumatismo cerebral. O mesmo já se observou em praticantes de boxe e existem estudos a decorrer para o futebol" remata o médico.
REGRAS DE OURO
Dormir bem (e a horas certas)

Manutenção de uma correta higiene do sono, com uma duração adequada à idade. O sono não só tem uma função reparadora que todos sentimos diariamente quando acordamos, mas também é essencial à consolidação da memória e a uma função de "limpeza" e regeneração cerebral. Sabe-se hoje que durante o sono decorre uma importante actividade anti-inflamatória bem como de eliminação de outras substâncias com toxicidade cerebral. Estudos mostram que durante o sono assiste-se a uma eliminação da proteína b-amiloide, sendo que esta proteína está na génese da doença de Alzheimer.
Estimular o cérebro
Qualquer atividade de estimulação cerebral, como a leitura, é muito importante para mantermos e despertarmos o cérebro. Sabe-se hoje que o número de anos de atividade académica está inversamente relacionado com a deterioração cognitiva, ou seja, quanto mais se estudar menos a probabilidade de envelhecermos cerebralmente.

Mais exercício, menos stress
O exercício, tal como previamente referido, e uma vida com níveis reduzidos de stress, é muito importante. O stress em excesso é tóxico para o cérebro, e pode contribuir para um envelhecimento cerebral e para o surgimento ou agravamento de doenças psiquiátricas.

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