Encontros no Tinder, paixões transatlânticas e bebés. Viver o amor na pandemia
Um bebé inesperado, encontros e desencontros no Tinder, um pedido de casamento e um romance que cruza o Atlântico. Histórias para chorar ou rir, mas sempre de alegria.

De facto, Amor em tempos de pandemia (uma alusão ao romance de Gabriel García Márquez) podia ser o título de uma série da Netflix sobre as relações no último ano. Pelo menos para Maria, 28 anos, que partilha com humor os encontros (e desencontros) no Tinder que atravessaram a sua vida nos últimos meses, e que a puseram em situações tão hilariantes quanto constrangedoras - com direito a alguns corações partidos (o seu incluído). "Instalei o Tinder em outubro, em novembro tive o meu primeiro 'Tinder Date'. Ele levou-me a jantar ao Ramiro. Tudo em grande, vinho e marisco, tivemos uma química incrível. Vivemos uma semana muito feliz e depois ele disse-me que ainda pensava na ex-namorada e não se sentia confortável em estar comigo". A conversa do costume, portanto, conta-me Maria com sinais de alguma impaciência, já que esta não foi a primeira vez que o argumento lhe foi atirado em jeito de desculpa. (Homens, really? É o clássico és-demasiado-para-mim-não-estou-preparado, não querendo tomar partidos como ouvinte da história).
Mais seriamente, Maria percebeu que "a pandemia veio ensinar-nos que a vida é muito curta. Para mim só faz sentido viver e ultrapassar isto de peito aberto, tirar daqui as melhores experiências. Okay, estamos fechados, okay, temos que ter cuidado, mas ao mesmo tempo a vida continua. Por acaso as minhas histórias são divertidas, e eu rio-me com elas, mas eu estou à procurar do amor. A lição que eu tiro da pandemia em relação à minha vida amorosa é mesmo essa: prefiro viver de peito aberto e tirar partido daquilo que consiga. Não quero olhar para trás, com ou sem pandemia, a pensar que não dei o melhor de mim." Quem sabe uma mudança de casa temporária não lhe mudará o rumo da vida amorosa.

Francisco, 29 anos, conta que a pandemia o levou a oficializar o amor com Carlota, 23, e vivem agora uma fase de noivado feliz. "A ideia surgiu-me de uma forma muito lógica, porque para mim começou a fazer sentido que esta era a pessoa com quem eu queria ficar o resto da minha vida. Depois de termos passado tanto tempo juntos, consegui perceber que era com ela que queria estar, essa é a chave para se fazer o pedido de casamento" começa por contar, sobre a relação de dois anos. "Demorei tempo a pensar como iria fazer o pedido, e demora-se sempre um pouco a encontrar o anel perfeito. Tudo isso conta muito."
Sobre viver este amor em isolamento, confessa que "é uma experiência boa. Conseguimos dar mais valor um ao outro, conseguimos passar mais tempo juntos, dar mais atenção um ao outro e descobrirmo-nos. Por causa das vidas que a maior parte das pessoas levam, não se consegue dar toda essa atenção que se queria, e nós tivemos o privilégio de passar quase dois meses juntos em casa só os dois. O conselho que posso deixar a muita gente é que aproveitem para se conhecer."

Francisco contou com a ajuda de uma amiga para preparar o pedido de casamento, que aconteceu na praia do Sul, na Ericeira, no dia de aniversário de Carlota, no início de dezembro passado. "Combinei com a nossa amiga que ela viria tomar o pequeno almoço connosco, fomos dar um volta, choveu a manhã inteira. Quando chegou a altura de fazer o pedido começou a fazer sol, uma coisa inexplicável." Sobre as possíveis suspeitas de Carlota, revela que "ela dizia muitas vezes: 'eu sei que me vais pedir em casamento'. Mas quando chegou à altura nunca a tinha visto ficar tão emocionada como ficou." Quando Francisco se ajoelhou, junto ao mar, Carlota ainda lhe perguntou se estava a brincar, antes de começar a chorar de emoção e alegria. Um misto de lágrimas e risos, portanto.

Este acaso bonito ensinou-lhes que nada na vida se controla, como conta Pedro. "Às vezes olhamos muito para longe e idealizamos muito as relações e as pessoas, mas as coisas podem acontecer de uma forma muito mais simples do que esperamos. Às vezes a pessoa já está no seu círculo de amigos mesmo. A pandemia fez a gente ver tudo o que está próximo de nós com um outro olhar."

Também há, claro, amores que se descobrem nas amizades. Foi o caso de António, 32 anos, e Carolina, 37. que já se conheciam mas começaram a namorar em novembro de 2019. "Ele passava a vida em minha casa, apesar de cada um ter a sua casa. Foi tudo muito rápido. No dia 1 de março de 2020 fomos viver juntos. Não sei bem explicar, encontrámo-nos, a sensação que temos é que finalmente apareceu a pessoa que nos fez acalmar, e sem nos darmos contas fomos ficando juntos" conta António. Nessa altura não sabiam que, 15 dias depois, surgiria uma pandemia mundial. "Isso poderia ter sido uma adversidade, tendo em conta que namorávamos há pouco tempo, mas correu mesmo muito bem. A pandemia e o facto de estarmos juntos em casa 24h/24h reforçou o nosso amor. Fomos percebendo que não queriamos mais ninguém, que estávamos bem juntos" continua António, que não deixa de mencionar que na altura viviam numa casa grande, onde cada um podia habitar a sua divisão durante o dia, o que lhes dava liberdade individual.
"A pandemia fez com que tudo o que nós queriamos na vida se acelerasse" conta. Na verdade, acaba de nascer um desses desejos - um bebé. Chama-se Amadeo e tem 11 dias. "Foi durante a pandemia que decidimos que queriamos ser pais, sentimo-nos feitos um para o outro." É por isto que vale a pena celebrar todos os dias o amor, seja ou não em tempos pandémicos.

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