"As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher"
"Não é novidade o carácter machista e misógino disseminado pela Igreja Católica. Aquilo que espanta é continuarmos a perpetuar este tipo de ideias em 2022".

Ora bem, não é novidade o carácter machista e misógino disseminado pela Igreja Católica. Aquilo que espanta é continuarmos a perpetuar este tipo de ideias em 2022 e, neste caso, numa transmissão efectuada por um canal do Estado que, que eu saiba, é laico. Esta é outra questão que me encanita há anos: se o Estado é laico, por que raio continua a transmitir cerimónias religiosas na emissora pública? E porque celebramos feriados ligados a eventos da Igreja Católica e não a outro tipo de religiões? Se a senhora de cabelo armado vestida de amarelinho lesse orgulhosamente a Epístola aos Colossemses durante uma reunião da Tuppeware, seria algo que não me diria respeito. A questão é que fez a sua leitura orgulhosa de tamanha barbaridade em pleno canal público com uma audiência razoável, sobretudo nas zonas menos letradas do país.
Este momento na Eucaristia de dia 22 realizado pela senhora vestida de amarelinho tem um efeito embrutecedor nas mentes menos elucidadas. Obviamente, nenhuma mulher se deve submeter ao marido porque ninguém tem a cabeça do outro. Cada um tem de pensar per si, até mesmo Deus que, sob os olhos da Igreja Católica, por vezes mostra tão pouca cabeça.


Opinião, Discussão, Igreja Católica, Crónica
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