Abusos na indústria criativa: atrizes contra-atacam
Vários nomes ligados às artes assinaram uma carta aberta a pedir apoio para o CIISA, um recém-criado organismo independente de combate ao assédio nesta área.

Numa carta aberta, as atrizes Carey Mulligan, Naomie Harris, Ruth Wilson, Emerald Fennel e Keira Knightley pediram o apoio de toda a indústria criativa, incluindo cinema, música, teatro e televisão, para um recém-criado organismo de supervisão britânico – a Autoridade Independente de Normas nas Indústrias Criativas (CIISA, a sigla inglesa). A carta já foi, entretanto, assinada por mais de 30 profissionais do sector – como Phoebe Waller Bridge, Cara Delevigne, Ewan Mitchell, Samantha Morton, Dominic Cooke, etc. Na sua grande maioria as signatárias são mulheres, o que é demonstrativo das dificuldades que estas enfrentam no seu trabalho, e que têm vindo a público nos últimos anos, mas contam também com o apoio de alguns homens – actores, realizadores, argumentistas, entre outros.
Na carta em questão a importância deste novo organismo é explicada da seguinte forma: "Muitos de nós nesta indústria gostaríamos de ter um órgão externo objetivo a quem pudéssemos recorrer para obter conselhos, para mediação e, em circunstâncias extremas, para responsabilizar as pessoas por comportamentos ou práticas inadequadas que, por vezes, ocorrem nos nossos sets, nos nossos palcos e nos bastidores. E estamos longe de ser os únicos a reconhecer essa necessidade. Uma pesquisa recente, realizada em nome da CIISA pela PA Consulting, com profissionais da indústria criativa dos setores de cinema, TV, música e teatro revelou que 91% são fortemente a favor da CIISA, sublinhando ainda mais a sua importância."

O site do organismo informa ainda que "o objetivo da CIISA é manter e melhorar os padrões de comportamento nas indústrias criativas e prevenir e combater todas as formas de bullying e assédio, incluindo bullying e assédio de natureza discriminatória".
Num vídeo divulgado pelo CIISA, muitos dos signatários dão a cara para falar daquilo que está mal na indústria e do que gostariam que mudasse. A atriz Varada Sethu, por exemplo, chama a atenção para o facto de a indústria ter muitos "desequilíbrios de poder que exacerbam os problemas" e que "é muito difícil saber a quem recorrer para pedir aconselhamento e até a quem reportar [os problemas]".
Por seu lado, a também atriz Ruth Wilson diz que, ao longo dos seus 20 anos de carreira, "houve inúmeras situações em que adoraria ter tido um organismo externo a que tivesse podido recorrer" e que "é essencial ter uma instituição independente que responsabilize as pessoas por maus comportamentos".
Já o ator Stephen Graham diz que, por vezes ocorrem situações "nojentas" e "terríveis", e que "todos são suscetíveis, desde o realizador aos argumentistas, atores, membros da equipa de filmagens e, em especial, os assistentes de produção". A atriz Naomie Harris sublinha que os atores, sendo freelancers, são uma "comunidade sem fronteiras", pelo que "é essencial haver uma organização congregadora que responsabilize a indústria".

Por seu lado, a também atriz Ruth Wilson diz que, ao longo dos seus 20 anos de carreira, "houve inúmeras situações em que adoraria ter tido um organismo externo a que tivesse podido recorrer" e que "é essencial ter uma instituição independente que responsabilize as pessoas por maus comportamentos".
O CIISA está, neste momento, a pedir financiamento e conta já com o apoio de inúmeras instituições como a Sky, a BBC, a ITV, o Channel 4 e a Viacom. Muitas outras manifestaram já o seu apoio moral, ainda que, para já, não financeiro. Entre os serviços que o CIISA se propõe oferecer a quem procure a sua ajuda estão a mediação, a resolução precoce de disputas, o aconselhamento imediato, o apoio na navegação pelo sistema de justiça criminal e investigações.

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