Wet Leg, a banda feminina mais cool do momento?

Que fenómeno é este das britânicas indie Wet Leg? Sentámo-nos com Hester Chambers e Rhian Teasdale num hotel em Lisboa para conversar sobre a fama súbita, os divertidos videoclips e, claro, o primeiro disco que acaba de ser editado pela Domino.

Foto: Hollie Fernando
14 de abril de 2022 às 11:46 Rita Silva Avelar

Chegam a Lisboa num dia de sol, e dizem que não se prepararam para uma cidade tão solarenga, vindas de Londres, cheias de casacos quentes. No dia seguinte irão para Espanha. Hester Chambers e Rhian Teasdale, de 29 anos, são os rostos à frente das famosas Wet Leg, banda britânica de registo indie formada em 2019, deixando os críticos da Rolling Stone ou da Pitchfork rendidos aos dois singles que lançaram no verão de 2021. Com o novo primeiro disco, Wet Leg, que acaba de ser editado pela Domino, não é excepção. 

Foto: Hollie Fernando
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Vindas da Ilha de Wight, na costa sul de Inglaterra, são um fenómeno à escala global. Enquanto conversam com a Máxima, não escondem uma timidez muito própria de quem ainda não sabe como tudo se passou em pouco mais de três anos, e porque se gera tanto burburinho em torno delas. "É muito estranho quando tudo passa de ser um hobbie para ser uma profissão a tempo inteiro. Estamos ainda a adaptar-nos, estamos a sentir-nos num universo paralelo" afirma Hester. "Quando se passa de tentar fazer música para se estar a começar uma carreira, é tudo muito inesperado", concorda Rhian. As duas têm uma sintonia muito própria, e trocam olhares de concordância e aprovação a todo o momento, durante esta conversa. Chegamos a mostrar-lhe uma ou duas bandas dos anos 2000 que soam a elas, e elas riem-se enquanto batem os pés, em sintonia, claro está.

Foto: Hollie Fernando

Conheceram-se nos festivais britânicos, na adolescência, via amigos em comum. "Nós escreviamos música noutros projetos, com outras bandas, há mais de 10 anos. Eu toco guitarra e canto, desde sempre" explica-nos Hester, enquanto Rhian diz que "tocava em bandas de música 'triste' em festivais" (risos). "A certo ponto, estávamos as duas no mesmo projeto, e foi assim que nos conhecemos." Hester e Rhian sorriem com cumplicidade ao dizer que foram "tempos divertidos", "sem pressões". Conheceram-se durante o fim de uma estação inteira a saltar de festival em festival, em 2018, e um ano depois já faziam música juntas. "Frequentavamos mesmo muitos festivais, isso deu-nos um bom background."

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Foto: Hollie Fernando

"Nunca pensámos que teriamos uma oportunidade de gravar um disco tão cedo, ou de fazer um disco tão pouco adulterado, e isso notou-se logo com Chaise Longue", o single, lançado no verão de 2021. "Fomos muito sortudas em poder gravar assim, foi muito especial." O vídeo foi gravado na propriedade do avô de Hester, e foi Rhian quem produziu e pensou os cenários. "O meu trabalho anterior era assistente de guarda-roupa, fazia anúncios de televisão comerciais", conta, sobre o gosto pela Moda. "Há um fato que usamos em Chaise Longe que foi 'roubado' de um desses cenários!". 

Tal como Chaise Longue ou Wet Dream, Ur Mom - o último videoclip lançado onde são funcionárias de um supermercado - tem um lado fun e adolescente que cativa, e que nos faz querer ouvir uma música atrás da outra. 

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Hester diz que, agora que o mundo está louco com as Wet Leg, já não usa muito o telefone: "assusta-me", diz-nos. "Eu acho que, por um lado, como estamos sempre em movimento, nem nos damos ao luxo de pensar no buzz que se criou em nossa volta. Têm-se passado coisas muito boas, a sensação é a mesma de quando corremos muito rápido, sem saber muito bem em que direção vamos. Mas sabendo que é preciso continuar a correr. Soa sinistro", dizem, rindo-se, uma vez mais. Os olhares não escondem um certo assombro.

Foto: DR

Em quase todas as músicas de Wet Leg há alusões feministas, e o duo faz questão de ter uma equipa de produção repleta de mulheres. "Temos uma manager. Sabemos o quão difícil ainda é ter mulheres em cargos ligados à música, de responsabilidade, por isso sentimos que temos muita sorte em ter uma manager. É importante para nós estarmos rodeadas de mulheres, termos ícones femininos, das engenheiras de som às produtoras. É muito injusto que não haja, ainda, um equilíbrio nesse sentido."

O primeiro disco, editado pela Domino, foi lançado a 8 de abril de 2022.

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