Pós-confinamento: o que desejam estas personalidades?

A saudade de um forte abraço dado sem medo. Recuperar o tempo perdido. Valorizar a vida e as suas pequenas coisas. Estas e outras reflexões resultam do desafio que colocámos a personalidades de diferentes áreas que partilharam os seus pensamentos e, acima de tudo, as suas esperanças.

12 de junho de 2020 às 08:18 Rita Lúcio Martins

"Recordar o que é importante na vida"

Ana Moura, fadista

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O final desta fase de quarentena não significa o fim da pandemia. Essa é a primeira lição a tirar. Temos de continuar a cuidar uns dos outros mantendo-nos à distância. Porém, claro que há coisas que quero fazer, e que até agora não foi possível, mas sempre em segurança, nomeadamente prosseguir as gravações do meu novo disco e voltar a partilhar tempo de estúdio e de ensaio com outros músicos. Este período de confinamento foi uma oportunidade para me recordar o que realmente é importante na vida, ou seja, o amor e a ternura daqueles de quem mais gostamos. Senti-me sempre muito próxima, apesar da distância física, de toda a minha família. E isso faz-me sair da quarentena mais madura e mais segura do meu lugar no mundo. Por fim, pude finalmente usufruir da minha casa. Normalmente passo metade do ano em viagem e tive, agora, possibilidade de criar as minhas rotinas na minha própria casa. Acho que isso também foi importante para me manter feliz e confiante. 

"Precisamos uns dos outros"

Joana Vasconcelos, artista plástica

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Tenho passado uma boa parte do tempo de confinamento no meu quarto, numa mesa de trabalho ampla, onde faço de tudo um pouco, das reuniões por Zoom à prática do croché. As minhas obras mais conhecidas são as de escultura, mas, por estes dias, tenho feito sobretudo desenhos que me ajudam a refletir e a relaxar. Pela primeira vez, em 25 anos, tive de fechar o meu ateliê e mandar a equipa para casa. Foi muito triste e complicado. Eu gosto de trabalhar diretamente com as pessoas, acompanhar o desenvolvimento dos projetos no local, mas de repente tivemos de passar para uma realidade virtual. Trabalhando na esfera internacional é muito frequente, para mim, viajar de avião, inaugurar exposições, visitar museus e ver os meus amigos e, de repente, toda essa realidade muda e somos obrigados a reinventar-nos. Nos próximos meses vamos regressar ao ateliê, mas teremos de trabalhar de uma forma mais recolhida e local. As circunstâncias que vivemos também nos relembram porque trabalhamos juntos e que precisamos uns dos outros. Esta também é uma boa altura para pensar e planear projetos futuros, a vida pós-Covid-19. Acredito, profundamente, que as coisas não podem continuar como até aqui. Enquanto indivíduos e membros da sociedade é-nos dada uma nova oportunidade de sermos a mudança que queremos ver no mundo. De criarmos um novo paradigma, uma nova forma de estar com pleno respeito pelos outros, o planeta e a sua diversidade.

"Refletir sobre o valor da vida e os valores de vida"

Joaquim Vieira, jornalista e ensaísta

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Estas semanas de confinamento ensinam que isto não é sofrimento, é apenas um exílio interior que se suporta com pequena dose de resiliência. O nosso conforto básico não foi posto em causa, nem o nosso tecido social foi rompido ou os nossos laços familiares desfeitos. Sofrimento é a guerra, a fome, as calamidades naturais ou a provação dos que o novo coronavírus pôs entre a vida e a morte – esses sim, verdadeiros dramas da existência humana. Espero que a reclusão sanitária nos tenha feito refletir sobre o valor da vida e os valores de vida, e que daí tenham ficado lições. No meu caso, pouco fugi à rotina, pelo que não aspiro a fazer nada de especial na nova normalidade. Talvez sinta apenas a nostalgia de um bom concerto na Gulbenkian e quero matá-la tão cedo quanto possa.

"Anseio é voltar ao teatro e voltar a ensaiar"

Isabel Abreu, atriz

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Neste momento, uma das coisas que mais anseio é voltar ao teatro e voltar a ensaiar. Ainda não percebi o que significa e o que será isto que nomeiam de "nova normalidade". Não sei como se ensaia de máscara. Sem toque ou com medo do toque. Com distanciamento e sem liberdade. Mas sei, cada vez mais, a importância e o valor da liberdade. A certeza das coisas pelas quais quero continuar a lutar. Como é importante a existência de um SNS. Lutar contra líderes políticos populistas, ignorantes, sem preocupações com o bem-estar da sociedade, com o bem-estar de quem precisa, com os mais velhos, com os mais pobres. Lutar contra o racismo e outros "ismos". Contra a desigualdade social. Ter, cada vez mais, a certeza da importância do setor cultural e, ao mesmo tempo, a noção da sua precariedade. Durante este confinamento os artistas foram dos primeiros a saltar para as redes sociais (leram, tocaram, cantaram, pintaram, dançaram, etc.) e preencheram o vazio de milhares de pessoas. Mas também foram dos primeiros (eles e os técnicos) a ficar parados, sem dinheiro. Sem a certeza de quando e se poderiam voltar a reagendar os seus trabalhos. A certeza que temos um setor precário e muito vulnerável que, infelizmente, não é visto como uma prioridade, nem uma necessidade. Pode ser que se mude nesta "nova normalidade". Pode ser que se perceba que é urgente um novo caminho.

"O que nos faz mesmo falta é um abraço apertado"

Capicua, rapper

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Acho que aquilo de que sinto mais falta é de estar à mesa com a família e os amigos, reunidos à conversa durante horas. Esse convívio coletivo é regenerador e tenho muitas saudades dos meus. Para além disso, tenho vontade de atravessar o Jardim da Estrela, ir comer um gelado e depois ir andando na rua até ao Chiado, entrando numa loja, aqui e ali, observando as pessoas a passear despreocupadamente e sentir o sol, a brisa morna na cara (…). A principal lição é que não se pode dar nada como garantido e que tudo é, de facto, imprevisível. Parece óbvio e dizemo-lo muitas vezes, mas acho que poucas vezes na vida o sentimos, de facto. Este foi um desses momentos. Além disso, acho que percebemos bem que neste mundo de redes sociais o que nos faz mesmo falta é um abraço apertado.

"Irei dar cada vez mais valor às pequenas coisas"

Frederico Morais, surfista

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Durante os dias de confinamento, as saudades de voltar à água e de apanhar ondas foram mais que muitas! Nesse período, a minha única expectativa era, precisamente, a de poder voltar a surfar. Não me refiro a treinar ou a pensar em campeonatos, mas sim e apenas matar as saudades do surf que é a minha grande paixão na vida. Neste momento, não sei quando vou voltar aos campeonatos e, por isso, irá saber bem voltar a ganhar ritmo e pôr à prova os treinos que fiz durante a quarentena para ver se deram resultado porque, na verdade, sinto-me em forma. A verdade é que depois de toda esta situação, acredito que irei dar cada vez mais valor às pequenas coisas. Por vezes, quando o mar está mau, quando faz frio ou chove não me apetece surfar e acabo por complementar com treinos no ginásio. Durante um confinamento pensei várias vezes nisso: se dessem um dia desses no mar, eu nem hesitava. Isto para dizer que quando damos tudo por garantido esquecemo-nos do valor que as coisas têm. Refiro-me em particular ao surf, mas o exemplo serve, igualmente, para um jantar fora ou um passeio com a minha namorada. Pequenas liberdades que temos e a que muitas não damos o valor devido. Acho que a maior parte das pessoas vai aprender muito com isto. Eu aprendi.

"Recuperar algum do tempo perdido"

Maria Miguel, modelo

Tempos estranhos estes. Mas as capacidades de adaptação não têm, de facto, limites. Quem diria que seríamos capazes de nos aguentar tão longe uns dos outros por tanto tempo. Readaptamo-nos, reinventamo-nos e seguimos em frente. Haja saúde. E a seguir, esta fome, quase gula, de convívio, de sair, de beber um copo com os amigos, de abraçar, vai fazer-nos recuperar algum do tempo perdido… E saímos todos mais fortes. Enfim, crescemos.

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"Tempo para voltar a ver o mar, passar algum tempo a contemplá-lo"

Pauline Foessel, fundadora, diretora e coordenadora do coletivo artístico Underdogs

Em termos pessoais, gostaria muito de ter algum tempo para voltar a ver o mar, passar algum tempo a contemplá-lo, passear. Mas também, e acima de tudo, para voltar a ver arte ao vivo nos museus, nas galerias. Em termos profissionais, mal posso esperar para voltar à galeria Underdogs para trabalhar com as equipas e reencontrar os artistas. De igual modo, creio que há lições pessoais e profissionais a tirar desta experiência. Em termos pessoais: saber aproveitar o tempo, refletir, estar em introspeção, saber colocar as perguntas certas e escolher aquilo que é realmente bom para mim. Em termos profissionais, já o sabia, mas hoje não tenho mesmo dúvidas: a importância da Internet. Estamos precisamente a preparar a abertura de uma extraordinária exposição online, Right Now, composta na íntegra por peças únicas que 32 artistas Underdogs de 10 nacionalidades estiveram a criar durante o confinamento.

"Este tempo de recolhimento será uma vantagem no futuro"

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Nuno Mendes, chef

Tenho estado em casa, em Londres, com os meus três filhos. Aquilo que me parece importante salientar antes de qualquer outra coisa é que estamos todos com saúde e confortáveis. E isso não só faz toda a diferença, como é uma enorme vantagem em relação a muitas pessoas. Nos últimos 10 anos, acho que não passou um único mês sem que tivesse apanhado um ou vários aviões e agora estou, há quase 10 semanas, em casa. Sinto saudades do trabalho e da minha equipa, em Lisboa, mas é um luxo enorme poder passar tanto tempo com a minha família. Claro que continuo a trabalhar e a tentar ter ideias criativas, o que nem sempre é fácil quando se passa o dia a cozinhar para a família, a limpar a casa, a ajudar os miúdos com as aulas. Mas quero acreditar que este tempo de recolhimento será uma vantagem no futuro, na medida em que nos diz muito sobre a forma como temos consumido nos últimos tempos. Acho que vamos ter de sair deste confinamento mais conscientes em relação às nossas escolhas e aos nossos consumos, seja na quantidade, como na qualidade. [Eu já o fazia mas] é tempo de apoiar os pequenos produtores, comprar local. Em Londres, temos assistido a uma grande onda de solidariedade em torno das equipas hospitalares. Pessoalmente, gostava que essa ajuda não chegasse apenas em momentos de crise. Por isso estou a trabalhar num projeto de montar um banco alimentar, aquilo que por aqui se chama de community kitchen, que dê apoio à vizinhança e lhe permita ter acesso a uma alimentação saudável.

"Tomar melhor conta uns dos outros"

Joana Metrass, atriz

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Agora estou a aproveitar as coisas boas, como tempo com a minha família e a paz de não estar a pensar no que "devia" estar a fazer ou nos sítios onde "devia" estar. É um tempo único e estou a focar-me nas coisas positivas disso: a aprender a viver com menos consumo e a contribuir para um planeta mais equilibrado. Espero que passemos a tomar melhor conta uns dos outros. Não quero que "volte ao normal", quero que seja muito melhor. Aprendi a render-me mais à vida, viver em paz na incerteza porque a vida é incerteza! Quando achamos ter certeza de alguma coisa, é ilusão que criamos para nos sentirmos mais seguros, mas é uma ilusão e por isso acabamos a viver em ansiedade. Viver no momento presente! Sonhar sempre, claro, mas também aprender a viver mais em fluidez com a vida.

"Fui obrigada a olhar para mim própria"

Inês Castel-Branco, atriz

Que lugar estranho onde se vai viver agora que não podemos abraçar e beijar os que amamos, onde tudo cheira a álcool e cada gesto é pensado, onde as pessoas passam a ver-se por uma câmara de computador, onde todas as notícias são sobre este inimigo, onde pessoas passam fome, onde a cultura para, onde reina o medo… Dou por mim a tentar explicar isto ao meu filho de nove anos com algum positivismo, digo-lhe que não vai ser sempre assim, arranjo uma máscara cool com as iniciais dele, explico que tem de ver a avó ao longe, tento que ele não perceba que a mãe também tem medo. A minha expectativa é que esse medo diminua, conseguir estar com os meus amigos, fazer desporto que faz tão bem à cabeça, confiar que todos vamos ter os cuidados necessários, falar mais com as pessoas que amo, mesmo que seja ao telefone ou no computador, acima de tudo, dar mais valor a tudo o que dávamos como dado adquirido. (…) Mas tudo tem um lado positivo. De repente, descobri que consigo fazer o papel de professora primária, claro que não o faço tão bem como as verdadeiras, mas tento e isso fez com a que a minha relação com o meu filho tenha ficado mais forte, passamos mais tempo juntos e temos de ser criativos para o tempo passar. Descobri que há muitas pessoas a criarem movimentos cívicos de entreajuda e isso comove-me. Descobri que os únicos bens que me fazem falta são comida e Internet. Que consigo viver com muito menos. E, mais difícil que tudo, fui obrigada a olhar para mim própria, a viver com a Inês que tem medo e essa introspeção fez-me bem, fez-me perceber que tenho de perder mais tempo comigo, que há coisas que quero mudar em mim, que há relações que são para investir mais, que sou vulnerável e isso não tem mal. 

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"Esta é a altura de construir a esperança"

Philippe Vergne, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves

A nível pessoal, aquilo que mais me preocupou foi a família que está longe, sobretudo a que está nos EUA, país onde a situação é mais grave. Eu passei este período de confinamento em Portugal, onde o impacto da pandemia foi menor e onde me senti rodeado de um ambiente de confiança, também pelo facto de as decisões das autoridades responsáveis terem sido adequadas. A nível profissional, e estando à frente de uma instituição pública, não pude deixar de refletir sobre a nossa atividade e a importância da ideia de relação. O nosso trabalho depende da relação com os artistas que convidamos, da relação com o público que nos visita. Nesta altura, nada disso se verifica. Por isso, uma das minhas preocupações teve a ver com a necessidade de continuar a prestar um serviço público e de me focar nos valores-base desta instituição. São eles o laço que une esta equipa e é neles que nos temos focado para planear o futuro. Penso que os museus de todo o mundo têm de olhar para esta crise como uma oportunidade para se reinventarem, o que não deixa de ser entusiasmante. Não podemos sair disto incólumes, isso seria até desrespeitoso com quem mais sofreu. Também não posso deixar de referir a forma como os artistas se portaram, partilhando as suas obras, dando provas de responsabilidade cívica. Esses "pequenos gestos" comoveram-me muito, da mesma forma que me comoveu a forma como as pessoas, em geral, se voltaram para a arte em busca de conforto. Como otimista que sou, essa sensibilidade faz-me ter esperança. E eu prefiro sempre a esperança ao medo. Esta é, aliás, a altura de construir a esperança. Todos temos esse dever.

"Dançar horas de seguida numa roda de samba sem distâncias de segurança"

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Teresa Tavares, atriz

De pouco importa quantos livros li, quantos filmes vi ou como vivi pessoalmente a quarentena se a classe artística está a sufocar em Portugal, os teatros e cinemas estão fechados, o desemprego e a fome subiram em flecha em quase todas as áreas e algumas conquistas importantes em torno dos direitos das mulheres, por exemplo, estão a regredir no mundo inteiro como consequência desta crise. Isso é que tem de ser lembrado. Tão importante como sabermos usar bem as máscaras, é sabermos no dia a dia olhar para o nosso semelhante sem medo e sem desconfiança. Unirmo-nos em vez de nos dividirmos. É integrar os novos hábitos (que são temporários), mas continuar a ir ao mercado comprar fruta, aos restaurantes, aos museus, aos teatros e aos cinemas quando abrirem. Não deixar ninguém para trás devia ser a regra desta "nova normalidade" temporária (sublinhe-se temporária). (…) Por agora, estar presencialmente com aqueles que amo, voltar ao trabalho – a ensaiar, a gravar –, voltar a uma esplanada ao final da tarde com os meus amigos ou sentar-me numa sala de cinema a ver um bom filme são algumas das coisas que mais quero fazer. O que mais desejo é, claro, voltar a abraçar, a abraçar muito e sem precauções. E viajar. E dançar, dançar muitas horas de seguida numa roda de samba sem distâncias de segurança. Também esse momento chegará.

"Apanhar um avião e abraçar a minha família"

Victória Guerra, atriz

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Há milhares de coisas que desejo fazer na retoma à suposta normalidade que era a nossa vida pré-pandemia, mas aquela pela qual aguardo todos os dias é poder apanhar um avião e ir até Inglaterra abraçar a minha família. Voltar a sentir, ao vivo, as manifestações artísticas que me fazem tanta falta e colmatar as saudades dos meus amigos, poder abraçá-los e festejar, com eles poder dançar. Este novo normal que nada tem de normal é o momento de reflexão daquilo que somos e da viagem que fazemos aqui. Deveria ser a altura em que nos responsabilizamos uns pelos outros e pelo planeta, não por breves instantes, mas num compromisso para o futuro. É o tempo da humildade e do reconhecimento. Não sei se estamos à altura de tal feito, mas adorava que assim fosse.

Foto: Frederico Martins 1 de 14 “Recordar o que é importante na vida” - Ana Moura, fadista
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Foto: Kenton Thatcher 2 de 14 “Precisamos uns dos outros” - Joana Vasconcelos, artista plástica
Foto: Filipe Ferreira 3 de 14 “Anseio é voltar ao teatro e voltar a ensaiar” - Isabel Abreu, atriz
Foto: André Tentugal 4 de 14 “O que nos faz mesmo falta é um abraço apertado” - Capicua, rapper
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5 de 14 “Irei dar cada vez mais valor às pequenas coisas” - Frederico Morais, surfista
6 de 14 “Recuperar algum do tempo perdido” - Maria Miguel, modelo
Foto: Alain Delorme 7 de 14 “Tempo para voltar a ver o mar, passar algum tempo a contemplá-lo” - Pauline Foessel, fundadora, diretora e coordenadora do coletivo artístico Underdogs
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8 de 14 “Este tempo de recolhimento será uma vantagem no futuro” - Nuno Mendes, chef
9 de 14 “Tomar melhor conta uns dos outros” - Joana Metrass, atriz
10 de 14 “Fui obrigada a olhar para mim própria” - Inês Castel-Branco, atriz
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11 de 14 “Esta é a altura de construir a esperança” - Philippe Vergne, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves
12 de 14 “Dançar horas de seguida numa roda de samba sem distâncias de segurança” - Teresa Tavares, atriz
13 de 14 “Apanhar um avião e abraçar a minha família” - Victória Guerra, atriz
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14 de 14 “Refletir sobre o valor da vida e os valores de vida” - Joaquim Vieira, jornalista e ensaísta
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