Qualquer trabalho exige, além de genuíno gosto pela área, um conhecimento específico e aprofundado. Trabalho desde 1983 com livros e escritores: comecei como jornalista no JL e sempre trabalhei no universo da cultura. Durante 6 anos fui programadora de uma casa de cultura onde organizei inúmeros eventos: festivais, congressos, exposições e espectáculos variadíssimos. Gosto de juntar pessoas e parece-me cada vez mais essencial criar espaços de debate e diálogo, estimular o pensamento e a prática da leitura. Procurei juntar escritores que têm afinidades entre si em conversas moderadas por jornalistas experientes e conhecedores. A escrita é um trabalho solitário; a curadoria é um trabalho solidário, de equipa, de abertura ao mundo, de serviço público.
Sem solidão não se pode escrever, mas pessoalmente entendo que estar atenta ao trabalho dos outros me ajuda a manter a sanidade mental e, eventualmente, a melhorar como escritora.
Penso simplesmente nos temas de cada autor, no que é central na obra de cada um. Este ano, procurei concentrar cada tema em dois verbos.
Escrever, ler e pensar são as forças motrizes do mundo: é preciso lembrar a potência que as palavras têm.
Depois de publicados, os livros deixam de nos pertencer: cada leitor tem direito à sua leitura.