Beatriz Rubio, a CEO da RE/MAX para quem a atitude é sempre o caminho
Nascida em Saragoça, mas a viver em Portugal há quase 30 anos, chegou, viu e venceu. Hoje, representa Portugal numa das maiores redes internacionais de franchising imobiliário. Também criou do zero a marca MOTIVA-TE e está envolvida em várias outras iniciativas. Fomos conhecê-la.
Foto: D.R.23 de novembro de 2020 às 08:32 Máxima
Por entre uma agenda sempre preenchida, Beatriz Rubio fala de forma fluida e sem pretensões, como se tivesse todo o tempo do mundo. Num tom sempre pessoal, como só o seu, concebemo-la diferente na nossa mente, talvez fruto de um currículo tão rico e diversificado. Rapidamente se percebe que gosta de pessoas, é uma líder natural.
Com uma licenciatura em Economia e Gestão de Empresas, um MBA e um início de carreira na direção da L’Oréal em Espanha, a chegada a Portugal acontece em 1993 e inclui uma passagem pelo grupo Jerónimo Martins. Fundou a RE/MAX em Portugal em 2000 e é a atual CEO.
No entanto, quando Beatriz Rubio olha para trás não destaca diplomas nem cargos, mas antes pessoas e experiências: "para mim, o mais importante é envolver-me como ser humano", revela, "tenho a certeza que sou uma pessoa extremamente determinada, acredito que todo o mundo tem a capacidade de lutar. Há muito que não depende de nós a nível externo, agora internamente podemos contornar isso com atitude, compromisso, determinação, flexibilidade, luta e mais trabalho". O que vai totalmente ao encontro do que nos conta mais à frente. Uma reflexão interior que fez por volta dos 40 anos: ganhou "a consciência de que tudo o que eu não gostava era responsabilidade minha", por outras palavras "não valia a pena colocar a culpa nos outros".
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Falar de liderança é outra das prioridades de Rubio: "para mim tanto faz ser-se um líder feminino ou masculino, o que tens é de ser um líder". E o que significa isso? "É ser-se reconhecido pelos que estão abaixo de ti como tal", declara rapidamente. Acredita, pois, que a empatia e o carisma são essenciais e que se não lhe for reconhecida esta mesma liderança, será difícil chegar a lado algum. "Ser líder não é um título, mas uma forma de estar na vida".
Ainda assim, o reconhecimento de que fala, também o pratica no sentido oposto. Isto é, alguém com uma carreira prolífera em prémios individuais e coletivos sabe, melhor do que ninguém, a importância de valorizar o trabalho de quem está consigo.
"Toda a gente deve ser reconhecida, pelo menos uma vez na sua vida… é um orgulho, motiva-te, dá-te força para continuar em frente", revela com convicção. Descreve-se como bastante exigente, tal como consigo mesma, e por isso "o reconhecimento presume um trabalho de retaguarda muito bom e [também um trabalho] de superação". Nem o pensávamos de outra forma.
Toda esta exigência está intimamente ligada à meritocracia, isto é, à ascensão pelo mérito, que parece fazer parte da sua vida desde muito cedo. Sempre trabalhou neste sentido? Elucida-nos que só assim faz sentido para si.
E mais: para além de considerar que a meritocracia deveria ser mais popular, conta-nos que a aplica no dia-a-dia. Como? Ajudando quem está hierarquicamente abaixo de si a "adquirir os conhecimentos que precisa para ter uma carreira meritória", tudo isto, claro, desde que a pessoa tenha a "atitude de ir em frente". Mais do que falar em competências, parece ser esta forma de estar na vida que vinga, no final. "Acredito firmemente que quando queremos uma coisa, nada nos trava", declara.
Afinal, o caminho pelo mérito tem de ter um propósito. Ora, no início de carreira, a conquista dos bens materiais que não possuía, mas almejava, era o propósito da empresária. "Já medi o sucesso pessoal pelo dinheiro, quando não o tinha, comprar um bom carro, uma boa casa, essas coisas mais materiais", conta com franqueza. No entanto, "chega a um momento em que te apercebes que o dinheiro não é tudo", declara assumindo que é quando nos devemos perguntar "o que podemos fazer por nós e pelos outros?".
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Para além da RE/MAX, Beatriz Rubio desenvolveu uma marca intitulada MOTIVA-TE. Com foco na mudança comportamental e através de palestras, sessões de coaching e gestão de equipas pretende auxiliar as organizações a atingirem resultados de excelência. Tudo isto quando não está ocupada a escrever livros (Conquistando a Vitória, 2014), ou se encontra a gravar o seu podcastUma Atitude Única (até agora são 52 episódios de 1 a 2 minutos cada, pelo que pode ser ouvido de rajada), para além da presença assídua e a atitude deliberadamente positiva nas redes sociais.
"Acho que cada vez mais as mulheres estão mais fortes", diz, "Cada vez vamos conseguir mais que reconheçam que trabalhamos tão bem como os homens, que podemos ser melhores, ou não, depende da pessoa e do seu empenho". A atitude, sempre a atitude.
E se a desigualdade salarial em função do género é algo que não tolera na sua organização, em relação às dificuldades para uma mulher atingir a liderança, refere "cabe às mulheres lutarem para chegar aos cargos de direção e também às que já estão nessa posição ajudarem as restantes a crescer". E acrescenta, "mas sempre por mérito".
De seguida, conta-nos uma história recente em que alguém, um homem por sinal, referiu que queria falar somente com um gestor do sexo masculino. Beatriz Rubio respondeu-lhe da mesma forma – "então, não fala com ninguém" – com a elegância e a educação que tanto preza. O facto de estar numa posição de destaque faz com que procure ser voz para a importância da atitude, do mérito, da liderança, do empoderamento, da luta pela igualdade de género – "Ter uma voz é a porta para a esperança, é o que nos faz continuar a viver felizes".