La Junqueira, um atelier de residências artísticas escondido em Lisboa
A artista francesa Stéphane Mulliez apaixonou-se por Lisboa (quem não?) e inaugurou, em 2018, um espaço de residências artística junto ao rio. Entrámos no 286 da Rua da Junqueira para espreitar o trabalho da própria e de alguns dos talentos que por lá passaram.

Desde que se mudou para Lisboa, há seis anos, que a francesa Stéphane Mulliez tentava encontrar o lugar perfeito para transformar em atelier e organizar residências artísticas. Era o seu sonho, conta, sem esconder o entusiasmo ao lembrar como foi descobrir - finalmente - um sítio onde expressar a sua arte e dar lugar à dos outros.


O número 286 da Rua da Junqueira é uma antiga escola e mantém os encantos das casas ao estilo renascentista, com azulejos típicos portuguses que ainda permanecem intactos, além dos tetos altos e vestígios discretos da Lisboa de outros tempos. À entrada, notamos num quadro em particular, com uma colagem e uma frase, que mais tarde Stéphane nos revela ser uma das suas obras.




No piso inferior fica um estúdio, para os artistas que fazem residência durante três meses (o que acontece duas vezes ao ano, na primavera e no outono), um escritório, uma sala ampla, uma cozinha aberta e um pátio exterior. Por aqui já passaram nomes como a dupla Ouazzani & Carrier ou Kevin Rouillard, e a portuguesa Inês Zenha, a estreante da residência, em 2018. Durante a residência, o artista tem livre arbítrio para viver em pleno na casa.
Nas salas do piso superior há uma biblioteca, uma sala dedicada às exibições e um atelier, neste momento ocupados por Stéphanie, que se dedica à sua marca de cerâmicas de inspiração grega.

"Estou muito feliz por estar a fazer este trabalho. Queremos ajudar os artistas a expressar-se", conta à Máxima, no pátio exterior da La Junqueira.

"A última artista, ceramista, convidou um dançarino para dançar sobre a sua obra", diz, acrescentando que no fim da residência há duas regras: é Stéphane quem escolhe os artistas que realizam a experiência (há sempre um open call nas redes sociais) e o artista eleito escolhe uma obra para deixar na residência.
Especialmente dedicada à serigrafia e impressões, Stéphane Mulliez nasceu em Lille, e a galeria La Ferronnerie de Paris apresenta as suas obras."Neste ponto da minha vida tinha mais tempo, e queria de certa forma transmitir a minha vida e a minha experiência [aos outros]. Continuo a trabalhar no meu próprio universo artístico. Sempre fiz obras inspiradas na Arquitetura, com colagens de revistas, geometrias, mas desde que estou em Lisboa tenho trabalhado mais com cerâmicas e desenhos."

A próxima residente é Alice Guittard, também francesa, que cria peças a partir de mármore, e que se prepara para ir à feira de arte contemporânea ART-O-RAMA, em Marselha. O seu trabalho envolve um minucioso processo de corte, escultura e paciência, já que Alice faz combinações com vários tipos de mármore, inspirando-se em objetos mundanos com um toque místico.

