Volta ao mundo no Attla, o novo restaurante lisboeta que é uma caixa de surpresas
Tendo como ponto de partida Lisboa, onde nasceu, o chef André Fernandes correu o mundo – entrando e saindo em cozinhas de alta gastronomia – antes de regressar a casa, onde acaba de abrir o seu primeiro restaurante. Chama-se Attla e é uma deliciosa surpresa.
20190226_HOTSPOT ATLA_CCH_PLA.mp4
28 de fevereiro de 2019 às 07:00 Rita Silva Avelar
Aos 16 anos, André Fernandes tomou a decisão de rumar a Paris. Queria aprender a cozinhar, e descobrir a cozinha francesa, por isso empregou-se numa creperia, mas a experiência no espaço foi curta e não o satisfez. Bateu à porta do aclamado (e premiado) chef MichelinAlain Ducasse – o grande primeiro nome da alta-gastronomia com que o português aprendeu. "Não quis estudar em Portugal. Ainda estive num curso profissional de arquitetura, mas parei. Para cozinhar, tinha que ir para França, a minha mãe emprestou-me dois mil euros e eu fiz-me à vida. Fiquei a trabalhar numa creperia mas fui mandado embora (risos). Consegui um trabalho com o único chef Michelin que havia na zona da Bretanha (…) depois, estive na cozinha do Plaza Athenée de [Alain] Ducasse um ano e meio, o que me abriu portas para onde quis ir", conta o chef português.
Daí, André Fernandes seguiu para as Caraíbas. "Sempre tive uma coisa pelo tropicalismo e fui viver para Saint Barthelemy, onde estive um ano e pouco. As aventuras viajantes começaram aí: a seguir voltei para França, depois segui para o Àbac (com estrela Michelin), em Barcelona, onde fiquei mais tempo. Depois, fui para o Ritz Four Seasons em Bora-Bora, Ibiza."
Rio de Janeiro e Tailândia foram os destinos que se seguiram, com uma breve passagem por Portugal para trabalhar com o chef Nuno Bergonse. Foi precisamente aí que André conheceu Rita Chantre, fotógrafa e empresária de quem é sócio no novíssimo Attla, o espaço que ambos idealizaram e que é reflexo da influência das várias culturas gastronómicas que absorveram dos sítios onde trabalharam. Foi com Rita que André viveu as últimas aventuras além-fronteiras: viajaram juntos para a Tailândia (a fotógrafa para fazer uma fotorreportagem com tribos e o chef para passar quatro semanas na cozinha do Ritz-Carlton de Krabi).
Seguiu-se um período em que ambos vinham a Portugal trabalhar uns meses, sempre para voltar às viagens. "Na última viagem, para a América Central, decidimos ficar na Costa Rica, porque vimos uma oportunidade de negócio para a nossa empresa, a Private Chef. Tínhamos uma casa que alugávamos a turistas e onde fazíamos eventos" explica Rita. "Eu fotografava e o André cozinhava. Fazíamos piqueniques na praia e jantares na selva".
O fim da viagem foi o ponto de chegada ao Attla. Com a cozinha a cargo de André e a chefia da sala e a fotografia a cargo de Rita, o Attla é um espaço decorado de forma minimal e ambientalmente consciente (quando estavam em Costa Rica, havia poucos recursos naturais).
Para já, o Attla só serve jantares, com uma happy hour de cocktails todos os dias até às 20h – na compra de um, oferta de outro. Sugerimos o Buddha, com vodka, sumo de limão, mão de buddha e espuma de gengibre caseiro (8€). O preço dos menus de degustação é de aproximadamente €40.