Como o brunch do Six Senses se tornou no ex-líbris dos brunches
De olhos postos nas vinhas, esta novidade do Six Senses Douro Valley, em Lamego, é um convite a provar o melhor dos sabores da terra, enquanto se beberica o melhor vinho da região.
Quando se cresce perto da terra, verdes a perder de vista, frutos ao alcance de um braço e uma quinta do séc. XVIII onde dormir, é quase impossível não querer regressar a uma infância tão feliz. Foi o que fez Joana Damião Melo, depois de passar 18 anos fora de Portugal e de reunir uma variada experiência em hotelaria, pegando na propriedade que está há várias gerações na família. É uma selva escondida no meio da cidade e Joana também quis que fosse um paraíso. Por isso, a Natureza entra sem pedir licença e o progresso adapta-se ao seu ritmo, lento e sustentável. "Quis tirar partido do que aqui temos de uma forma que nunca foi feita", conta. Só podia ser assim num hotel que se mistura com a envolvência, dos ingredientes que chegam à mesa do restaurante Magma à recuperação feita pelo Atelier Vieitas, "um risco muito feliz", como diz Joana sobre a aventura - proposta pelo pai - à qual era impossível dizer que não.
A histórica quinta começou por ser conhecida pelas suas deliciosas laranjas, ainda no séc. XVIII, até que uma praga destruiu toda a produção obrigando a uma viragem para a plantação de ananás. Séculos mais tarde, o Turismo haveria de ganhar forma numa estalagem, em 1994, que se tornou uma referência entre os habitantes da ilha "porque já era muito diferente para a época", refere Joana, que assim teve o seu primeiro contacto com o futuro. "Havia a casa dos meus avós e dos meus pais e depois no meio da propriedade existia a estalagem", recorda. As memórias deixaram saudades, conta, e surgem por toda a quinta, testemunhos de uma época que agora se adapta à modernidade, como a pequena torre de onde se avistavam os barcos que chegavam de Ponta Delgada ou o velho cafuão, onde se armazenavam os cereais. O mesmo acontece na decoração, assinada pela mãe de Joana (e do seu irmão, Miguel, que também está envolvido no renascimento do hotel), Lili Damião, que cruzou passado e presente na perfeição. "Ainda cá está um dos sítios onde os meus avós começaram a namorar", acrescenta Joana.
Agora, depois de uma obra de dois anos e uma pandemia pelo meio, o Senhora da Rosa Tradition & Nature conta com os 35 quartos, dois no meio da quinta, que recriam precisamente os antigos cafuões dos cereais, e para o ano o ananás estará de volta, tal como antigamente.
No restaurante, o chef João Alves, brinca com o que a ilha lhe dá, tanto em pratos recuperados da cozinha da antiga estalagem, como nas novidades, nunca esquecendo a preciosa ligação aos habitantes locais. No menu, espere encontrar belos exemplares de legumes ou ervas aromáticas vindos da horta ali ao lado, mas também chás, vinhos, queijos e conservas de produtores vizinhos, como a Gorreana ou a Azores Wine Company. O serviço faz-se à moda antiga, preceitos de outros tempos que Joana fez questão de manter. Em breve, haverá ainda um rooftop, instalado num espaço mais industrial, com vista para a paisagem da ilha e com pratos leves, brunch, cocktails e uma parceria com um novo gin dos Açores.
Naturalmente, a preocupação com a sustentabilidade está em todos os detalhes, do maravilhoso spa Musgo, onde se descobrem óleos essenciais feitos com ingredientes vindos da quinta ou de São Miguel, às amenities que nos esperam nos quartos, produzidas por uma saboaria açoriana. Umas férias com os pés na terra.
Onde? Rua Senhora da Rosa, 3, Ponta Delgada. Reservas: Tel. 296 100 900 Noites a partir de €110