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Andar, falar e ver: o Walk&Talk continua a revelar arte nos Açores

Até 24 de julho, o festival de arte que já completa uma década estende-se uma vez mais pela ilha de São Miguel, entre exposições, instalações, espetáculos, performances, conversas e até uma maratona.

Foto: Filipa Couto
19 de julho de 2021 às 09:58 Máxima

Levar a arte para a rua. É esse o propósito do festival micaelense que este ano volta em força, depois de uma última edição híbrida entre eventos presenciais e muitas experiências virtuais. O Walk&Talk, festival de artes dos Açores, este ano retoma a fisicalidade total, sob o mote "Será por onde formos"

E há muito por onde ir na iniciativa que "é um dos eventos piloto a acontecer nos Açores, com um plano de contingência aprovado pela Direção Regional de Saúde do Governo dos Açores, que possibilita o regresso a uma experiência física e presencial de forma segura e controlada", diz a organização.

A curadoria do festival, que acontece na maior ilha açoriana, está a cargo de Jesse James e Sofia Carolina Botelho, da direção artística da Anda&Fala – Associação Cultural, e de Ana Cristina Cachola, curadora convidada. Desta vez, a edição – a décima – conta com mais de vinte trabalhos para descobrir, num programa que inclui exposições, instalações, espetáculos, performances e conversas.

Foto: Mariana Lopes

Quem gosta de dar corda aos sapatos também vai gostar da principal novidade desta edição: excursões diárias em que as obras do festival se intercalam com uma vertente exploratória da ilha e da sua gente. É o chamado palmilhar pela Natureza e descobrir a arte pelo caminho. A iniciativa é realizada em colaboração com o coletivo Talkie-Walkie e são no total 10 excursões em que um especialista convidado guia os participantes por um percurso a pé, de bicicleta ou autocarro. Há excursões pela manhã, mas também algumas à tarde e outras à noite – é correr a inscrever-se porque algumas já estão esgotadas.

No que toca a obras que ficarão como testemunho desta edição para o futuro, há quatro novas peças que se juntam ao circuito de arte pública na ilha, dos artistas Abbas Akhavan, Luísa Salvador, Tropa Macaca e ainda João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira. A destes dois últimos, por exemplo, é uma escultura em bronze feita a partir de um pau de madeira. Um pau de onde brota água e que pode ser descoberto precisamente na vila Água de Pau. "É o pau, é a pedra, é o fim do caminho", já cantava Tom Jobim.

Foto: Mariana Lopes

Destaques: pensar o tempo e o espaço

Há nove exposições para ver, de Alex Farrar, Alice dos Reis, Catarina Miranda, Danny Bracken, Joana Franco, Mané Pacheco, Margarida Fragueiro, Nadia Belerique e Sofia Caetano. No Espaço Vaga, a sede da associação Anda&Fala, por exemplo, Alex Farrar explora o universo dos bordados. O artista do Reino Unido trabalhou em colaboração com a bordadeira Maria da Conceição Mansinho, a artesã Ana Medeiros e a artesã e pesquisadora têxtil Sofia Silva nesta mostra que é também uma oficina aberta de bordado. Para lá do festival fica também a exposição de Alice dos Reis, que no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas apresenta See You Later Space Island, especulando sobre o futuro do lugar onde está prevista a construção da primeira base espacial europeia de lançamento de foguetões e microssatélites. A exposição, uma reflexão sobre o espaço, pode ser vista até finais de setembro. Mas há mais exposições para ver, também no Museu Carlos Machado, na Galeria Fonseca Macedo e no Instituto Cultural de Ponta Delgada. 

Já no campo do Cinema, o único filme do programa é de Diogo Lima. Chama-se Os Últimos dias de Emanuel Raposo e é um mockumentary sobre o apresentador mítico da televisão pública açoriana no início dos anos 1990. O filme do realizador e editor – que trabalhou por exemplo em Princípio, Meio e Fim, de Bruno Nogueira – é exibido no Teatro Micaelense no dia 23 de julho.

Há ainda seis espetáculos e performances de artistas como Catarina Miranda, Flávio Rodrigues, Gustavo Círiaco, Lucy Railton e Pedro Maia, e Luís Senra. Todos os projetos incluídos no programa do Walk&Talk resultam de encomendas do festival e de residências artisticas nos Açores desde 2018.

Foto: Filipa Couto

Conversas e maratonas

No festival que procura explorar diferentes linguagens e identidades, há também tempo para refletir, com um ciclo de conversas, Talk About, para pensar e criar pontes de contacto sobre a Srte, a sociedade, a Natureza e o mundo. Para quem prefira conversar a correr (ou a andar) há uma iniciativa que junta ambas. No último dia do festival, a 24 de julho, há uma maratona ativista – We Are Running Out of Time – que atravessa toda a ilha. A partida é nas Sete Cidades e a meta é a Relva. Há quarto percursos distintos, de 42km, 21km, 8km e 3km. O objetivo é percorrer trilhos e caminhos da ilha de São Miguel numa "maratona de urgência", que une a corrida a reivindicações, lutas e causas, num exercício de cidadania que convida à reflexão sobre a urgência do diálogo.

 

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